Pela primeira vez, três grandes festivais passaram pelo Autódromo de Interlagos em um ano: Lollapalooza Brasil – que ocupa o local desde 2014, The Town e Primavera Sound 2023. Entre o Lolla e o The Town, o espaço passou por reformas pensadas para a melhor realização de festivais, desenhadas pela organização do The Town e custeadas pela prefeitura de São Paulo.

Assim, a expectativa natural era que o The Town revelasse com sua estreia uma experiência melhorada de festivais no Autódromo, principalmente tendo em vista que o Lolla passou os últimos nove anos consolidando um modo específico de viver eventos no local. Mas foi o Primavera Sound que conseguiu trazer à tona um Autódromo diferente e melhor para festivais.

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Um espaço mais receptivo e circulável

O Primavera Sound recebeu o público com um grande tapete verde – a grama sintética que cobriu a área de dois de seus três palcos. Uma visão agradável sob o sol de mais de 30 graus, com menos concreto e menos estandes de marcas atravancando o caminho. Só faltaram áreas de sombra eficazes para proteger o público durante a tarde.

A área que passou pelas principais reformas pôde finalmente ser aproveitado pelo público. Diferentemente do The Town, que concentrou seus palcos e atrativos mais importantes na área em questão, o que obstruiu fortemente a circulação, chegando a gerar situações de perigo envolvendo a multidão, já que a área era pequena demais para as 100 mil pessoas que foram ao festival, o Primavera Sound desenhou um espaço adequado para o tamanho de público que recebeu: 50 mil pessoas, de acordo com a organização.

Os morrinhos fizeram falta. O relevo natural do Autódromo que o Lollapalooza nos ensinou a amar, por transformar a visão dos shows nos palcos principais em uma experiência que lembra a de um anfiteatro, fica em uma área diferente da usada pelo Primavera Sound. Mas os palcos tinham espaços amplos ao fundo e pelas laterais, foram proporcionais ao tamanho de público que atraíram e a visão era livre (ao contrário das árvores do Anhembi que comprometeram a visão do palco principal na edição de estreia do Primavera). E um dos palcos, o Barcelona, sejamos justos, tinha uma leve inclinação que lembrava o relevo já afetivo de quem frequenta o Lolla.

Sob pressão

O bom desempenho da segunda edição do Primavera Sound tem como contexto uma mudança de casa, do Anhembi para o Autódromo, e de produtora, da Live Nation para a T4F. Produtora esta por trás da organização da turnê de Taylor Swift no Brasil, marcada pelo sucesso dos shows mas também pela morte da estudante Ana Clara Benevides, ainda sob investigação, e pelo atendimento médico de mais de 1.000 pessoas só no primeiro show do Rio de Janeiro, em função do calor extremo. O público não podia levar copos ou garrafas de água para o evento.

O episódio levou à edição de uma portaria pelo Ministério da Justiça tornando obrigatória a distribuição de água em shows e festivais sob forte calor e permitindo a entrada de garrafas d’água.

O efeito da medida foi mais que evidente durante o Primavera Sound. Nunca foi tão fácil conseguir água em um festival. Na entrada, na grade, em estações em cada palco e em ilhas perto dos banheiros, com direito a equipes dedicadas a oferecer água ao público, a oferta foi farta. Resta acompanhar e cobrar para que a medida se torne um padrão nos eventos da produtora, e não apenas uma forma de mitigar a má repercussão do ocorrido no Rio com uma resposta ostensiva com tudo ainda muito recente.

Daqui até 2033

A mesma atenção daqui pra frente vale para a experiência como um todo do festival. Ele já está confirmado para 2024, nos dias 30 de novembro e 1 de dezembro, e a T4F assinou um contrato para realizá-lo no país até 2033. Mesmo com as mudanças de local e de produtora ocorridas de 2022 para 2023, o festival manteve a boa avaliação pelo público.

Serão dez anos de provas anuais que o Primavera Sound São Paulo terá que passar para manter a boa impressão dos primeiros anos e, no melhor dos cenários, surpreender o público, que em pouco tempo já se acostumou com um festival que o respeita, e que não pode nem deve aceitar menos que isso.

Leia as avaliações e as notas do público para o Primavera Sound 2023

Crédito da imagem de destaque: Primavera Sound São Paulo/Divulgação

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