Viajar para conhecer festivais pelo mundo é a razão de ser do Festivalando. Foi com essa motivação que ele nasceu lá em 2014. Quando eu vi o projeto Primavera Destination sendo divulgado, reconheci de imediato esse espírito original do Festivalando na proposta do Primavera Sound, que é rodar algumas cidades no mundo – Barcelona, Porto, Los Angeles, São Paulo, Buenos Aires e Santiago – se deixando levar pelo festival.

Mais que a associação, eu senti um quentinho no coração. (Re)acendeu alguma coisa lá dentro: justamente aquela sensação de sair das fronteiras e ir parar em um festival. Já faz tanto tempo que isso não é possível e a incerteza insiste tanto em não ir embora que eu até me questionei se ainda me lembrava de como é a sensação de estar em um festival. E de repente eu comecei a me lembrar.

Fui me lembrando dessas cidades do Primavera Destination, dos lugares, dos shows e festivais por onde passei e resgatando os caminhos possíveis que um festival como o Primavera Sound, que celebra o relacionamento com a cidade, pode levar a gente a percorrer.

Olhe bem para o mapa do Primavera Destination ali em cima. Ele é um convite

Esse mapinha aí do Primavera Destination é um convite pra imaginar ou relembrar até onde a gente pode ir e viver quando tem um bom festival esperando em algum canto do mundo.

Pra mim, ele foi um gatilho bem dos positivos. Ele me levou de volta para aquela manhã em que desembarquei do trem em Barcelona depois de uma semana em Madri. Em poucos minutos eu já queria ficar lá sem data pra ir embora.

Eu me lembrei da caminhada na orla de Barceloneta, a subida em Gràcia – íngreme porém confortável e até afetiva para quem cresceu em BH, a vista da cidade lá do alto, o ar, o cheiro. Pronto, já quero voltar e sentir outra vez a vontade de não querer ir embora.

Cruzei o Atlântico mentalmente seguindo a direção do aviãozinho e parei em Los Angeles. Um flash pula da minha memória e deixa um rastro de decadence avec elegance, junto com aquela sensação de estar em um clipe do Cypress Hill ou do Red Hot Chili Peppers.

Deixei a música tomar as rédeas quando estive lá e assim fui parar em Downtown LA, Hollywood e uma Sunset Strip que grita Guns n’ Roses, e pra lá de LA, em Santa Monica e em Pasadena, num show do U2 e do Lumineers no Rose Bowl.

A sensação peculiar de estar em um lugar estrangeiro e ao mesmo tempo familiar veio quando a memória desceu para Buenos Aires e Santiago – quando falamos em hermanos, não é de graça.

Uma tarde rodando pelas disquerias da Corrientes e Santa Fé em Buenos Aires, o cheiro dos biscoitos da Tip Top e a vista dos Andes em Santiago e mais um monte de lembranças que só existem por causa dos bons festivais que me levaram pra lá.

A digressão acabou em São Paulo, que para onde era tão fácil e recorrente ir, mas que nunca pareceu tão longe depois da pandemia.

Pois é, a pandemia.

Até quando ela vai limitar um voo livre como o acima por esse mapa, a gente não sabe. Mas quando ela deixar de ser uma barreira, olhe para esse mapa outra vez e pense em todas possibilidades que ele inspira.

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