Trabalho de forma remota há sete anos, o que naturalmente me permite viajar com mais frequência e relativamente por mais tempo. Inclusive o Festivalando é, ao mesmo tempo, a finalidade e uma das consequências desse estilo de trabalho.

Nesses anos todos, minhas viagens com o trabalho correndo em paralelo sempre penderam mais para o lado turístico. Mas no retorno às viagens depois de dois anos de isolamento por causa da pandemia, precisei fazer um arranjo diferente.

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Da Catalunha a Londres

Iam ser duas semanas loucas de trabalho na cobertura do Primavera Sound Barcelona e, na sequência, duas semanas de retiro e férias de verdade na Costa Brava e outras cidades da Catalunha para compensar a farra do festival.

Eu sabia que depois disso ia precisar voltar a uma rotina normal. Preferencialmente, o normal de antes de 2020, e mais preferencialmente ainda, em qualquer lugar que não tivesse como base a minha casa, a minha cidade e o meu país, já que foram dois anos compulsórios no mesmo cenário.

Escolhi o meu lugar preferido no mundo para fazer isso: Londres, essa cidade que a cada vez que volto eu amo mais, descubro mais, fico mais e sofro mais para dar tchau. Pesou muito na minha decisão de fazer isso o fato de ter conseguido conciliar com as datas de Wimbledon e do BST Hyde Park, eventos que eu decidi, em 2019, que voltaria sempre que possível.

palco do bst hyde park em londres
The Great Oak Stage, BST Hyde Park. Foto: Twocoms/Shutterstock

Pois voltei em 2022, por três semanas, com jogos em Wimbledon, shows no Hyde Park e um dia a dia normal com lazer e trabalho no meio de tudo isso. Um pouco da minha experiência a seguir pode ajudar quem tem condições de fazer algo semelhante. Muita coisa também pode ser aproveitada por quem planeja ir em Londres exclusivamente a turismo, seja pelo tempo que for.

Hospedagem

Optei por um pequeno flat no lugar de hotel, pelo simples fato de poder ter uma cozinha para armazenar e preparar a minha própria comida. Reservei um flat em Battersea, gerenciado por uma empresa especializada em locação de apartamentos em Londres por períodos curtos.

Mesmo com esses pormenores, o procedimento da reserva foi exatamente como se fosse de um hotel, com a exceção de que após a confirmação é enviado um contrato de locação, mas nada realmente burocrático ou assustador. Foi uma formalidade apenas.

Espaços de coworking

Certamente não estava nos meus planos trabalhar dentro do apartamento, por isso busquei por espaços onde era possível trabalhar. Eu usei dois:

Southbank Centre

É um complexo cultural e artístico na margem sul do Tâmisa com vários espaços, entre auditórios, galerias e áreas de convivência, alguns deles mais adequados para quem está fazendo algum trabalho remoto. O hall da entrada principal é um deles, com várias mesas em um espaço amplo e com wi-fi gratuito.

Barbican Centre

O Barbican é também um grande complexo de arte e cultura, e sempre aparece em listas feitas por moradores locais que tratam de espaços de coworking na cidade. Eu me ajeitei bem no terraço na área do lago, mas considerei que, no geral, o Southbank é mais adequado, principalmente quanto maior for o tempo que você tiver que trabalhar.

Em ambos os casos, vale muito separar umas horas para visitar alguma das atrações da agenda do dia, afinal, são dois lugares que, acima de tudo, dedicam-se a oferecer programação cultural.

Outras opções

Duas outras opções certamente vão entrar na minha lista da próxima vez que eu voltar:

British Library

A British Library já estava na minha lista, mas para usar alguns dos espaços que eu tinha considerado é preciso ter um carteirinha da biblioteca, que inclusive é disponibilizada para estrangeiros com validade de um ano. Mas eu não me planejei com antecedência para fazer o cadastro, então fica para uma próxima.

AndCo

Essa é, na verdade, uma empresa que disponibiliza acesso a vários espaços de coworking em Londres por uma assinatura no valor de 20 libras mensais. Há um período gratuito de teste de 14 dias. Descobri quando já estava lá.

Eu me cadastrei para esse período gratuito, mas não usei porque é preciso agendar antes o dia e o horário do local que você deseja usar como escritório, e eu estava num ritmo mais freestyle, decidindo no dia o que eu ia fazer. Mesmo assim, congelei a minha conta para uso futuro, pois os espaços disponíveis são aparentemente muito bons, por isso pretendo testar em uma nova ida a Londres.

Alimentação

A maior parte do tempo eu me alimentei em casa, por isso frequentei muito mais supermercados do que restaurantes nesse período em Londres. Mas compartilho um pouco de cada opção a seguir.

Supermercados

Na minha experiência nesses dias em Londres, vi que o M&S Food tem uma boa variedade de produtos e é interessante para quem busca uma gama maior de pratos prontos ou pré-preparados. O Lidl é, definitivamente, o lugar para quem busca preço baixo. O Sainsbury é um meio-termo entre os dois, e sempre uma boa opção.

O Whole Foods, apesar de não ter muitas lojas em Londres como em Nova York, é a melhor alternativa para encontrar uma variedade maior de produtos orgânicos, vegetarianos e veganos, mas é o mais caro na comparação com os demais.

Restaurantes

Muito me atrai a quantidade razoável de opções de fast food de comida decente que é possível encontrar em Londres. São redes que oferecem no cardápio comida pronta pra levar (mas com a opção de também fazer a refeição no local), entre opções quentes e frias, mas com mais jeito de comida normal e menos junk food.

O Pret A Manger está em quase toda esquina e é o mais popular nesse quesito, com opções entre massas, sopas, wraps, sanduíches e sucos. O LEON tem pratos de diferentes partes do mundo e uma das opções do cardápio é… Brazilian Black Bean: arroz com feijão, cenoura e cebola.

Com menos unidades por Londres, o Coco Mama é especializado em pratos italianos. Tem ainda o Wasabi, especializado principalmente em sushi e bento; comida japonesa não é a minha praia, mas fica a dica para quem gosta.

Compras em geral

fachada da harrods em londres
Harrods, em Londres. Foto: jeafish Ping/Shutterstock

O termo compras está sendo usado aqui em um sentido bem amplo, referindo-se tanto ao consumo de itens de necessidade do dia a dia até o sentido verdadeiramente consumista da coisa.

Para itens de cuidado diário, higiene pessoal e pequenos ou grandes surtos de skincare, a Boots é o lugar. É uma rede de beleza, saúde e farmácias presente em quase toda esquina. Você não vai conseguir sair de Londres sem ver ou mesmo entrar em várias, várias, várias unidades dela. Se estiver em busca de um shopping nos moldes do que estamos acostumados por aqui, o Westfield ao lado da estação de metrô Shepperd’s Bush é uma boa opção.

No espectro consumista da coisa, as lojas de departamento britânicas tradicionais são uma ótima distração, mesmo se não for para comprar nada: Harrods, Harvey Nichols e Selfridges. A John Lewis não é tão badalada, mas vale uma passagem também. Para preços baixos do nível outlet, vale ir atrás de uma das filiais da TK Maxx.

Lazer

Para além do roteiro turistão básico de Londres, fica realmente difícil recomendar qualquer outra coisa, pois a cidade é tão diversa que é preciso que cada um descubra o que ela tem a oferecer conforme os seus próprios interesses.

No meu caso, já falei sobre como ver jogos em Wimbledon (depois de Federer contra Nishikori na primeira visita ao ALTC, vi a batalha épica de Nadal contra Fritz no meu retorno), lugares que foram parar em capas de discos e, claro, dos festivais de música londrinos, uma das estrelas do verão na cidade. Pense nas coisas que você gosta, pesquise sobre elas em Londres e há grandes chances de ter opções que vão te satisfazer.

Deslocamento

O metrô é basicamente uma entidade viva em Londres e definitivamente a melhor maneira de se deslocar pela cidade e explorá-la. Mas nesta minha terceira visita à cidade eu descobri como os ônibus também são realmente bons — e não é só pelo charme dos double deckers.

Claro, ir no segundo andar é divertidíssimo, não só pela experiência que não pode ser repetida facilmente em outros lugares, como também pela possibilidade de observar ainda em mais detalhes a vida na cidade, o ritmo das pessoas e o clima das ruas.

Mas a verdade é que eles podem ser mais práticos caso você precise se deslocar entre zonas tarifárias, não sendo necessário se preocupar com diferenças de tarifas. E podem ser tão eficientes quanto o metrô em trajetos curtos ou mesmo para evitar muitas trocas no metrô.

Às vezes, quando você compara trajetos no Google Maps, faz mais sentido cumprir uma parte do trajeto de ônibus e outra de metrô do que fazer várias trocas entre as linhas no metrô.

Duas medidas que deixam tudo mais fácil no deslocamento, seja qual for o transporte público escolhido:

1. Cadastrar o Oyster, o cartão usado para pagar o transporte, no site da TFL (Transport for London, órgão do governo responsável pelo transporte público em Londres e região metropolitana) para acompanhar o saldo e fazer recargas. Há máquinas nas estações que fazem o mesmo trabalho, mas o cadastro dá mais flexibilidade;

2. Acompanhar as atualizações em tempo real da TFL no site ou no app para checar a situação do serviço nas linhas do metrô. É uma rede complexa, muito grande, com 11 linhas e quase 300 estações, e que eventualmente passa por algumas alterações nos serviços, como atrasos ou suspensão temporária de rotas em determinados trechos. Nada que comprometa severamente os deslocamentos (pelo menos não com base na experiência que eu tive), mas que às vezes pode exigir replanejamento da rota para chegar ao seu destino.

Veja nos destaques do Festivalando no Instagram um pouco do BST Hyde Park

Imagem principal: r.classen/Shutterstock

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2 Comments

  • Renan Esteves
    Posted 19 de agosto de 2022

    Deixa eu te falar: você acha adequado ficar hospedado em hotel durante os dias de algum festival pela Europa ou algum canto do mundo e depois ficar num Flat ou AirBNB nos outros dias restantes que você for ficar na sua viagem? A segunda opção eu vejo mais por conta da questão de você preparar sua própria alimentação e de ter um lugar pra você ficar mais recluso na sua.

    • Priscila Brito
      Posted 1 de setembro de 2022

      Sim, acho que faz sentido, até porque são dois momentos diferentes.

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