De forma extraordinária, o Festivalômetro vem com uma avaliação conjunta desta vez. É que não há outro jeito senão analisar a estrutura do Lovebox e do Citadel como uma só. Os dois festivais de Londres acontecem exatamente no mesmo lugar (o Gunnersbury Park, no oeste da cidade), com apenas um dia de diferença, o mesmo layout e estrutura e, obviamente, a mesma empresa organizadora.
Cabe apenas a ressalva de que a experiência oferecida por um e outro é completamente diferente. O direcionamento dos lineups é distinto, o tipo de público e os tipos de atividades também, e por isso há reviews dedicadas à experiência vivida em cada um, Lovebox e Citadel. Mas a estrutura não escapa à característica de denominador comum, até mesmo por razões práticas. Logo, a avaliação que vem na sequência se aplica a ambos.
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Antecipando a avaliação, no geral, o Lovebox e o Citadel se saem muito bem em alguns quesitos. Já em outros escorregam – às vezes feio. Diante de tanta oscilação, o resultado final é uma nota média para os padrões do Festivalômetro.
Um detalhe gentil da estrutura do Lovebox e do Citadel
Antes de partir para a análise padrão do Festivalando, abro apenas um parêntese para destacar aqueles elementos que não entram na nossa avaliação de sempre, mas que merecem destaque.
No caso da estrutura do Lovebox e do Citadel, isso diz respeito ao cuidado com a comunidade em torno do local dos dois festivais. Na ida, no caminho entre a estação de metrô e a entrada do parque, a organização disponibilizou banheiros químicos e lixeiras extras para evitar sujeira nas ruas do bairro. Cartazes avisavam o público sobre a medida.
Na volta, além do alerta para evitar sujeira, havia também avisos para evitar muito barulho na saída. Afinal, era tarde da noite e em uma área majoritariamente residencial certamente muita gente poderia estar se preparando para dormir.
O cuidado também se verificou na estação do metrô. Nela havia um cartaz informando aos moradores que durante o fim de semana em questão o movimento na estação estaria acima do normal por causa dos festivais.
Certamente isso não resolve por completo o impacto que um evento pra milhares de pessoas causa num bairro residencial. Mas, ao menos busca, atenuar os efeitos. Também demonstra que a organização está consciente dos incômodos que os eventos trazem pra quem mora ali e só quer sossego no fim de semana, com todo direito.

Transporte
No que diz respeito ao transporte, a estrutura do Lovebox e do Citadel não enfrenta muitos desafios. Com uma estação de metrô (Acton Town, linha Picadilly) a apenas cinco minutos de caminhada da entrada do Gunnersbury Park, a produção dos dois festivais só precisa chutar pro gol e correr pro abraço para garantir uma boa experiência de deslocamento. E é isso que acontece na prática.
Na chegada, uma boa sinalização para que o público saiba em qual direção seguir. Na volta, uma boa gestão do fluxo de pessoas para não abarrotar a entrada da estação nem causar empurra-empurra. Além disso, tempo hábil para pegar o metrô ainda em funcionamento.
Na sexta e no sábado, dias de Lovebox, mesmo com a linha Picadilly e outras quatro funcionando a noite toda, o festival termina às 23h pra que dê tempo de eventuais transferências para linhas que encerram o serviço no horário padrão. No domingo, dia do Citadel, a volta é ainda mais tranquila, com os shows terminando às 22h.
Informações
Nas minhas pesquisas iniciais sobre o Lovebox e Citadel, me deparei com sites bastante objetivos no quesito informações. Como realmente são dois festivais de logística muito simples, considero que foi o suficiente; eles não são do tipo que exigem um manual de instrução para você se preparar.
Nos dias que antecederam ambos os festivais, recebi e-mails com informações úteis e importantes, tais como a necessidade de fazer o download do ingresso via aplicativo (é tudo digitalizado, sem ingresso de papel ou pulseira) e aquele guia básico sobre o que levar, a que horas chegar, etc.
Os aplicativos tanto do Lovebox quanto do Citadel também foram informativos o bastante e de grande ajuda principalmente dentro do festival, já que a digitalização segue lá dentro também. Mapas, programação, horários, tudo isso só mesmo via app. Não havia totens ou distribuição de material impresso.
Hidratação e comida
Quase tudo certo com a hidratação e comida. Bebedouros distribuídos nos pontos mais estratégicos do Lovebox e do Citadel e uma área de alimentação proporcionalmente boa em relação ao tamanho dos festivais. Havia uma boa variedade no cardápio e sinalização visível nas placas dos estabelecimentos com relação à oferta de opções veganas ou glúten free, quando era o caso.
O porém ficou por conta da escassez de mesas e cadeiras pra sentar e comer com alguma dignidade. Havia estrutura assim apenas em dois pontos e ambos eram distantes da área de alimentação. Entendo que o clima de pique-nique do verão e dos parques londrinos coloca a grama como a primeira opção pra uma refeição, mas dá para conjugar as duas alternativas – o British Summer Time Hyde Park conseguiu fazer isso.
Conectividade
Aqui está o maior escorregão da estrutura do Lovebox e do Citadel. Em todos os aspectos, conectividade dentro do Gunnersbury Park foi um problema. O 4G, que me serviu tão bem durante um mês em quatro países diferentes da Europa, falhou nos dias de Lovebox e Citadel. Com exceção da região da entrada do festival, em todas as demais áreas o sinal era bastante capenga.
Indiretamente, os festivais já sinalizavam pra isso quando alertavam sobre a necessidade de fazer o download dos ingressos ANTES de chegar no parque. Segui a orientação no dia do Lovebox, mas me esqueci de fazer o mesmo no dia do Citadel. Resultado: já na seção de controle de ingressos, tive que recuar em direção à entrada para conseguir sinal e fazer o download.
Não havia nenhuma conexão wi-fi aberta fornecida pelo festival ou seus patrocinadores nem pontos de recarga de aparelho gratuitos. Para recarregar a bateria, ou você recorria ao seu próprio power bank (eu levei o meu) ou pagava 10 libras em uma barraquinha.
Limpeza e banheiros
A limpeza tanto do Lovebox quanto do Citadel ficou a desejar. Apesar de haver estímulo à separação de resíduos recicláveis, a distribuição das lixeiras pelo espaço não era das melhores e o público, pelo visto, não estava muito disposto a sair procurando por um lugar pra jogar as coisas fora. Resultado: muito, mas muito lixo – plástico basicamente – no chão no fim do dia.
Os banheiros traziam uma pegadinha. Nas áreas de mais circulação, estavam à disposição os banheiros químicos, aqueles que dão nojinho (tudo bem que estavam equipados com papel e espuma sanitária para as mãos, mas ainda assim nojetinhos).
Ainda em uma dessas áreas e maior circulação o engraçadinho VIPee, um banheiro decente e pago. Mais precisamente, 5 libras para uso único e 15 libras para uso ilimitado ao longo do dia.
A pegadinha estava numa fileira de banheiros de água corrente, pia, água e sabão gratuitos instalados em uma área mais afastada. Só quem estava lá com o instinto de fuçar todos os cantos do festival (eeeeuuuu!!!) tinha chances reais de encontrar esses banheiros.
Segurança
Havia policiamento razoável no entorno do festival sem que parecesse intimidador. Na entrada, todo mundo passava por dois pontos de verificação de ingresso e, enfim, pela revista.
A verificação das bolsas foi bastante rápida, mas de maneira premeditada. No e-mail de informações enviado dias antes do Lovebox e do Citadel, havia uma política explícita de restrição de tamanho de bolsas/mochilas. Elas não deveriam ultrapassar o tamanho de uma folha A4.
Ou seja, a ideia era fazer as pessoas levarem o mínimo possível para agilizar a revista e a entrada. E, em última análise, minimizar riscos de ataques em massa, um tipo de ameaça que não pode ainda ser descartada na região.
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