A estrutura do Rock Werchter, na cidade homônima, na Bélgica, é do tipo que me fez pensar: por que os outros festivais não conseguem fazer assim também? Não é só porque ela é redondinha, mas principalmente porque tudo flui muito naturalmente.

É claro que o trabalho logístico pra fazer tudo dar certo é enorme em qualquer festival. Mas no Rock Werchter tudo funciona sem um aparente esforço (repito, eu sei que no fundo tem muito esforço). As coisas funcionam, ponto. Talvez seja assim porque eles já chegaram num ponto em que são craques em fazer direito.

Em cada um dos itens que a gente avalia aqui no Festivalando quando o assunto é estrutura de festival, o Rock Werchter se sai, no mínimo, um pouco acima da média.

Transporte

Chegar no Rock Werchter pode ser cansativo pela distância, mas seria bem pior se não houvesse um plano de transporte adequado, o que não é o caso, muito pelo contrário.

Para chegar na área do festival no vilarejo de Werchter, que tem pouco mais de três mil habitantes, é preciso antes ir até a cidade de Leuven (pra quem não acampa) ou Aarschot (pra quem acampa), de trem, e de lá pegar um ônibus até o festival.

Rock Werchter/Divulgação

O Rock Werchter facilita esse processo de dois jeitos: 1) o ingresso te dá direito a emitir um bilhete de trem gratuito ida e volta até Leuven ou Aarschot; 2) chegando na estação, em ambas as cidades, há ônibus gratuitos saindo o dia inteiro, direto, até o festival. Na volta, os mesmos ônibus gratuitos estão a postos, também direto, um atrás do outro, pra voltar até as respectivas estações de trem. Não tem espera.

Para os horários sem trem, há opção de um ônibus pago que vai até Bruxelas e para nas três principais estações da cidade e, a pedido dos passageiros, em um ponto ou outro (eu peguei esse ônibus e, por sorte, ele passou na esquina da rua onde eu estava hospedada).

Só não há solução mesmo para a caminhada de 20 minutos dentro do Festivalpark até chegar na revista e, enfim, entrar no festival. Na ida e na volta, tem que encarar.

Informações

O Rock Werchter tem uma boa comunicação e não faz feio no site, nem no app e nem in loco. Ao mesmo tempo, ganha uma super estrela dourada por um recurso que pra mim, até então, era inédito nos festivais – apesar de ser comum em empresas.

Vamos por partes. Comecei meu planejamento para o festival pelo site do festival e, para as minhas necessidades, achei bem satisfatório. Depois de comprar o ingresso, recebi alguns emails informativos e lembretes importantes, como da emissão dos bilhetes de trem gratuitos (tópico acima).

O aplicativo do festival também é suficientemente bom. O melhor foi o fato dele ter sido lançado ainda em maio, pouco mais de um mês antes do festival, evitando certas ansiedades.

Agora, a super estrela dourada: atendimento via whatsapp. Na semana do festival, o Rock Werchter criou um perfil no Whatsapp para responder dúvidas em geral. Resolvi testar. Um dia antes de ir, às 23h53, mandei uma pergunta sobre o trem para Leuven. Imaginei que fosse acordar no dia seguinte com a resposta, o que pra mim já seria mais que ok. Mas, para minha surpresa, às 23h57, quatro minutos depois do meu envio, chegou a resposta. Superb!, diriam os belgas (a parte que fala francês).

Hidratação e Comida

Estão aqui dois outros pontos de destaque da estrutura do Rock Werchter, além do transporte e das informações.

No quesito alimentação, o destaque vai especificamente para o pré-festival. No aplicativo, estavam listadas todas as opções possíveis com a devida indicação das características do cardápio – opção com carne, sem carne, vegana, presença de glúten, de derivados do leite. Isso faz uma diferença grande pra quem tem algum tipo de restrição alimentar, assunto que vai aparecer logo em breve aqui no Festivalando.

Atenção!

Outro detalhe do Rock Werchter é que ele te dá a opção de comprar antecipadamente, pelo site, fichas de comida e bebida (sim, ainda usam fichas) a preços menores. Cada ficha sai entre 0,40 e 0,50 euro mais barata. No dia do festival, há também uma variação de preço: pagando com cartão, cada ficha sai 0,10 euro mais barata.

Pra quem é brasileiro e tem que lidar com IOF, pode ser uma pegadinha essa diferença de preço – você paga mais barato pelo cartão, mas depois tem que engolir o imposto de 6,38%. Faça as contas antes.

Água, tô virando água

Rock Werchter/Divulgação

A hidratação, por sua vez, claramente era uma grande preocupação da organização e a estrutura do Rock Werchter deixou transparecer isso. Com temperaturas que variaram entre 28°C e 33°C graus, em um fim de semana bem quente em boa parte da Europa, ninguém passou sede ou sentiu calor demais.

No portão de entrada já havia bebedouro pra matar a sede e esguichos pra refrescar o ar. Lá dentro, obviamente, mais estações de água, além de esguichos e canhões de água estrategicamente localizados.

Conectividade

Havia Wi-Fi gratuito em pontos específicos e a conexão funcionou fácil todas as vezes que testei. Pontos extras pelo fato da conexão ser direta, de graça em todos os sentidos. Não há a necessidade de informar dados pessoais pra conectar. Ainda bem, pois sabe-se lá como e pra quê usam nossas informações.

Limpeza e banheiros

Da parte do festival há um esforço pra manter tudo limpo. Lixeiras muito bem espalhadas, muitas delas com separação de lixo reciclável, e todas bem sinalizadas. Havia um totem em cada lixeira, o que ajudava a vê-los de longe.

Porém, o público não fez tanto assim sua parte. Numa escala que vai de super limpo até nível Roskilde Festival de imundície, a estrutura do Rock Werchter fica mais ou menos na metade do caminho.

Os banheiros também ficam num ponto intermediário. Eram de água corrente, o que significa mais limpeza e menos nojinho. Fui por volta das 21h, já depois de muitas horas de festival rolando, e estava bem usável. Papel higiênico à disposição também. Porém, a estrutura variou um pouco: em alguns, havia lugar para lavar as mãos, em outros, não.

Segurança

Depois do Governors Ball, em Nova York, este foi o segundo festival em que entrei depois de passar por um raio X, como os de aeroporto. Não sei qual a efetividade da medida, mas o fato é que a sensação de segurança, ao menos, fica maior.

A estrutura do Rock Werchter também tem detalhes menores que indiretamente impactam na segurança, caso da proibição de crowd surfing (Roskilde mandou lembranças) e distribuição gratuita de ear plugs (os festivais na Europa levam essa história de proteger os ouvidos muito a sério).

Outros destaques da estrutura do Rock Werchter

rock werchter
Rock Werchter/Divulgação

Sempre há aqueles itens que a gente não avalia por padrão no blog, mas que valem a pena a menção. No caso do Rock Werchter, me chamaram bastante atenção as soluções de espaço criadas pelo festival.

Ele acontece num espaço relativamente pequeno e a arquitetura leva isso em conta. Por exemplo, uma grande estrutura em forma de rampa é, ao mesmo tempo, uma “varanda” (parte de cima), lugar de descanso (parte de baixo) e palco (parte de trás). Arquibancadas debaixo de árvores ajudaram a multiplicar os lugares pra sentar e descansar à sombra. Nos stories em destaque no perfil do Festivalando tem isso e outros detalhes do festival.

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