Tem dois festivais de volta à ativa no Brasil. Após hiatos por diferentes motivos, o GRLS e o Monsters of Rock anunciaram edições no primeiro semestre de 2023.
O GRLS retorna nos dias 4 e 5 de março, com um dia a mais em relação à sua estreia em 2020, que ocorreu poucas semanas antes de declarada a pandemia de Covid-19. O festival com line up 100% feminino tentou uma retomada pós-pandemia ainda em 2022, mas precisou se reprogramar para o ano que vem.
Um catálogo de festivais e viagens para consultar quando quiser
Assine o Festivalando e tenha acesso livre a inúmeros guias, dicas e tendências sobre festivais e viagens. Não assinantes têm direito a 1 artigo somente.
O Monsters of Rock, por sua vez, volta no dia 22 de abril, oito anos após sua última edição no Brasil. Este retorno após quase uma década “honra” a trajetória irregular do festival no país. Ele ocorreu ininterruptamente de 1994 a 1996, pulou 1997, voltou em 1998, retornou somente em 2013 e dois anos depois, em 2015.
A loucura que isso vai ser
Março, o mês do GRLS, já abriga tradicionalmente o Lollapalooza Brasil. Mais que isso, são dois festivais com sobreposições de uma certa fatia do público. Especificamente em 2023, março será um mês intenso de shows internacionais no Brasil — a propósito, o grande chamariz também destes dois festivais.
O terceiro mês do próximo ano terá turnês de Coldplay, Imagine Dragons e Paramore no Brasil, bandas cujo público também conversa, em alguma medida, com alguns ou ambos os dois principais festivais do mês.
Em abril, logo após o fim de semana do retorno do Monsters of Rock, será a vez de uma estreia de festival no Brasil: o Summer Breeze, nos dias 29 e 30. Assim como no caso anterior, são dois festivais cujo público se sobrepõem. Para congestionar ainda mais este movimento dos dois festivais, o anúncio do Monsters of Rock veio um dia antes do anúncio do line up completo do Summer Breeze.
Em uma sondagem muito rápida e bastante exploratória com a comunidade do Festivalando no Instagram, apresentei esse emaranhado de datas e perguntei às pessoas como elas se sentiam a respeito. Metade (50%) admitiu que vai ter que priorizar algum festival e ficar de fora de outro. A segunda maior fatia (29%) disse que a quantidade de shows já está de bom tamanho, e que não tem mais dinheiro para gastar com ingressos. O terceiro grupo (21%) disse estar disposto a marcar presença em tudo.
Não se pode esquecer que 2023 ainda terá, no segundo semestre, a estreia do The Town e, se tudo der certo, a continuidade do Primavera Sound — dois festivais com potencial para atrair e exigir um alto investimento desse mesmo público que já antecipa que terá que priorizar um evento em detrimento de outro.
No meio disso tudo, concorrendo por uma fatia do dinheiro do público, ainda estão os festivais brasileiros independentes e as outras prováveis turnês internacionais com datas no país.
É como se a seca de shows dos dois anos críticos de pandemia tivesse sido substituída por uma enxurrada violenta e imparável com o rompimento da represa que até então barrava os eventos ao vivo. Só falta chover dinheiro na mesma medida.
O mais provável é que, enquanto essa demanda represada da pandemia não se regularizar, junto com os estragos na economia, vamos ver esse desequilíbrio entre alta demanda e limitações no bolso do público, apesar da sede constante por shows.
Imagem principal: Divulgação/GRLS