Praticamente todos os shows de metal no Rock In Rio 2019 foram muito marcantes. Seja pelo público devotado, que entoava as músicas da maior parte das bandas, como se houvesse ensaiado. Seja pelas animadas rodas de mosh que se abriram desde a primeira atração, mesmo debaixo do sol escaladante. O dia do metal foi quase zero defeitos, quase, como já apontei aqui. No entanto, seria mais fácil falar dos poucos momentos que não agradaram do que fazer essa compilação dos melhores. De qualquer forma, eleger momentos marcantes é gostoso, porque também é um jeito de eternizar com palavras aquilo que os olhos presenciaram. Então, bora pra esse desafio.

Shows do metal no Rock In Rio 2019

Nervosa

#1 – Nervosa subindo ao palco

É muito difícil eleger qualquer parte do show da Nervosa como principal, pois ele todo foi muito simbólico. Fernanda lira disse “pra aqueles que pensaram que mulheres não poderiam fazer som pesado, eles estavam enganados” . Assim, com essa fala ela amplificou aquilo que talvez estivesse atravessado na garganta de várias mulheres. Pois ela também amplificou lutas e tentativas frustradas e silenciadas de mulheres que, desde antes de 1985 já estavam fazendo som pesado pelo Brasil.

Porém, naquela época os obstáculos eram tão mais complicados que essas mulheres nunca tiveram a chance que a Nervosa teve de chutar a porta e entrar com tudo no mundo masculinista do metal. Então, quando Fernanda, Prika e Luana subiram ao palco, subiram muito mais mulheres do que se pensa. Simbolicamente, também subiram ao palco do Rock In Rio bandas como a Placenta, Valhalla, Flammea e Prepúcio, só pra falar de algumas brasileiras pioneiras. E ainda  na leva da geração Nervosa, esperamos que logo também estejam em lineups de festivais grande bandas como a Eskrota, Manger Cadavre, Afronta, The Knickers e toda uma séria de mulheres que fazem som competente na cena e que podemos acessar o trabalho consultando o arquivo da União das Mulheres do Underground, por exemplo.

#2 – Nervosa dedicando Raise Your Fist à Marielle Franco e plateia mandando o atual presidente miliciano tnc!

Poucas bandas do mundo do metal tiveram a iniciativa que a Nervosa teve. Afinal, tem que ser muito mulher mesmo pra afrontar o poder estabelecido. Dedicar Raise your fist à Marielle foi um ato sobretudo de coragem, mas também de demonstração de sensibilidade e empatia com as as lutas das minorias políticas, que são maiorias sociais.
Com isso, o público do Sunset também entoou um belíssimo “Ei, Bolsonaro, vtnc!”, demonstrando a grande insatisfação com a onda conservadora e ditatorial que tomou o país.

#3 – O primeiro grande mosh do dia do metal

Foi quando elas tocaram Into the mosh pit, uma das minhas músicas preferidas da Nervosa. Na verdade, acho que toda vez que tem o mosh é a musa inspiradora de músicas de thrash metal, elas têm grande chance de ficarem maravilhosas. Por exemplo, também amo a Adiccted to mosh, da Violator, outra banda excelente da cena nacional.

Torture Squad+ Claustrofobia+ Chuck Billy + Aline Madelon

#1 – A jam de todxs com Chuck Billy

Não é todo dia que a gente vê lendas vivas do thrash metal dividindo palco com bandas super competentes da cena nacional. O momento de Chuck Billy com Torture Squad e Claustrofobia pra cantar Electric Crown foi único.

#2- Maha Khali com presença e tudo

Pra mim, a música Maha Khali é uma das mais legais da Torture Squad. Foi escrita por Mayara Puertas e acho que funcionou muito bem no set. A banda ainda teve a grande sacada de trazer a deusa em representação no palco, performatizada por Aline Madelon, outra grande artista do metal, que mais do que dançarina, também é líder de uma das bandas cearenses de maior importância na cena, a The Knickers, também formada só por mulheres.

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Anthrax

#1 – 1ª vez do Anthrax no RIR

Muita gente estava esperando esta apresentação da Anthrax no Rock In Rio, o elemento do Big Four do thrash que ainda não havia tocado no festival. Acho que até mesmo eles já estavam todos desejosos. Lembro que lá em 2016, quando eu entrevistei a banda na ocasião da abertura do show do Iron Maiden em BH, no dia 19 de março, eles já tinham sinalizado que gostariam de tocar no RIR. Felizmente, o desejo se fez destino tanto para eles quanto para as e os fãs.

#2 – Quando tocaram Antisocial e Indians

Apesar de o show inteiro ter sido insano e muito maravilhoso, pra mim os pontos mais altos vieram com o mosh insano em Got the time, o coro uníssono para Antisocial e também com Indians (uma das minhas preferidas). Ela também contou com a participação de Chuck Billy no palco e levou fãs ao delírio.

 

Sepultura

#1- Carry on e homenagem ao André Matos

Foi bem legal ver uma banda de thrash metal como a Sepultura tocando trechos de Carry On, homenageando André Matos no telão. O músico à frente da Angra faleceu em junho de 2019, por ataque cardíaco.

#2 – Pôr do sol com Sepultura

Foi ao som de Refuse Resist e Ratamahata que a gente viu o sol ser por no dia 04-10. Seria completamente lindo se fosse a banda que eu gosto com os integrantes que eu gosto. Mas nem tudo é perfeito.

Slayer

#1 – Repentless

Apesar de amar vários clássicos da Slayer, foi muito fora da curva ver como um trabalho mais recente da banda também move emoções das e dos fãs. Repentless não é um single clássico. No entanto, foi espantoso ver que tal como Reign in Blood, Angel of Death ou Mandatory Suicide aquela música cai como uma luva no set da banda. O público se espremeu pra caber no Sunset e ficou insano o set inteiro, essa é que é a verdade.

#2 – Despedida

Sem dúvidas, Tom Araya tocou muito também com o seu “tchau”. Ali ficou marcado que era real oficial, não mais veríamos a banda nos palcos brasileiros. Pelo menos por enquanto, porque em terras de despedidas de Ozzy Osbourne, a dúvida se lança a qualquer grupão do metal que se despeça assim, dizendo que é em caráter definitivo.

Helloween

#1 – Pumpkins United

Sem dúvida, um dos momentos mais legais do show da Helloween foi quando formou o bonde no palco. Pois há gente que prefira a voz de Kiske, outros de Deris, mas nunca haverá divergência sobre os clássicos da banda.Afinal, todos eles são marcantes, independentemente de quem cante.

Além disso, deu pra ver que todo mundo ficou nem satisfeito ao ver as diversas formações juntas pondo só musicão na roda, em um show direto mas super tocante. Foram 60 minutos intensos! Pena que faltaram algumas músicas no set, como a Halloween. Quem viu o Helloween no RIR 2013 teve certeza de que eles fariam jus a um show de Palco Mundo. Assim como muita gente, eu também botei fé nisso. E não estava errada!

#2 – Eagle Fly Free e I want out

Talvez essas duas músicas sejam clássicos absolutos da banda. Pelo menos são pra mim. Apesar de a plateia ter sido mobilizada durante todo o show, inclusive na baladinha A tale that wasn’t right, acho que a plateia ficou muito mais insana e cantando mais intensamente nesses dois momentos. Pelo menos pra mim foram os momentos “arrepio” dos pelinhos do braço.

 Iron Maiden

#1 – Um deuso, um louco, um feiticeiro: as inúmeras trocas de roupa e encenações de Bruce

Bruce encarnou de um tudo na noite do dia 04: Aviador da segunda guerra, trovador, mago, bruxo etc. Tudo isso com direito a troca de figurinos.  No entanto, pra mim, tanta encenação tomou muita energia dele, que acabou fazendo um show um pouco engessado, às vezes pra cumprir com métricas e perfeições. Por outro lado, não há como assistir a qualquer show do Maiden e não ficar boquiabertx com a produção e com as próprias músicas que sim, são cativantes quer queira ou não.

#2 – Aces High e Iron Maiden

É impossível não ficar impactadx com a abertura dos shows do maiden que começam com Aces High e a réplica do avião das forças inglesas que lutaram contro o nazismo, na segunda guerra mundial.
Também foi lindo ver, mais para o final, a música “Iron Maiden” sendo tocada e o Eddie em uma versão cabulosa e gigante crescendo no backdrop. O feio mesmo foi sacar que alguns fãs não sabiam cantar a Iron Maiden toda, hahaha.

Scorpions

#1 – Aquela Flying V explorer

Quem assitiu ao festival viu Mathias Jabs tocar uma relíquia. Trata-se da explorer listradinha, a mesma que ele usou pra tocar com a banda no lendário Rock In Rio 1985. Isso de fato deu uma coisa no core, uma emoção, um arrepio difícil de explicar!

#2 – Cidade maravilhosa

Outro ponto bem marcante foi Kalus puxar um “cidade maravilhosa” antes de Send me an angel (uma das minhas baladinhas favoritas, by the way). Esse momento também é pra não esquecer.

 

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