Enquanto o Pitchfork, publicação online musical, começa o ano encolhendo, com a notícia de que a marca vai virar uma seção da revista de moda masculina GQ, o seu desdobramento no mundo real, o Pitchfork Music Festival, segue em direção totalmente oposta (pelo menos por enquanto). O festival segue de pé e continua a sua expansão silenciosa porém constante, e que parece ter se acelerado nos últimos anos.
Não se trata apenas do festival em sua sede original, Chicago, cuja continuidade foi confirmada apesar do destino do site, mas principalmente da chegada do evento a novos territórios. Um deles, inclusive, não muito longe daqui.
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Pitchfork Music Festival e 5 territórios à sua escolha
A história do Pitchfork Music Festival começa em 2005, ainda que não tenha havido um evento com o nome da marca. Naquele ano, o veículo Pitchfork foi contratado para fazer a curadoria do Intonation Music Festival, que seria realizado em Chicago.
Com a experiência, a equipe lançou em 2006 o seu próprio festival, e assim nascia o Pitchfork Music Festival. O Intonation ainda chegou a ser realizado, sem a curadoria do Pitchfork, mas aquela foi sua segunda e última edição.
Avance direto para 28 anos depois, em 2024, e o Pitchfork Music Festival segue ativo como um dos principais festivais de Chicago, junto com o gigante Lollapalooza – inclusive, ambos dividem a mesma casa, o Grant Park. E assim como o conterrâneo mainstream, o alternativo também conquistou territórios fora dos EUA: Paris, Londres, Berlim e a mais nova sede de todas, a Cidade do México (se você lê o Festivalando com frequência, já sabia dessa última).
Paris
Paris é a mais antiga das sedes do festival. Desde 2011, a cidade recebe o seu próprio Pitchfork Music Festival entre o fim de outubro e o início de novembro. Por muito tempo, teve uma sede fixa, o centro cultural Grande Halle de la Villette, mas no pós-pandemia ganhou um formato diferente, com shows espalhados por vários clubes noturnos ao longo de uma semana.
Londres
A chegada do Pitchfork a Londres veio bem mais tarde, uma década depois da estreia em Paris. Foi em 2021, na retomada dos eventos pós-pandemia. Colada nas datas de Paris, a edição londrina acontece normalmente em novembro e segue o formato de shows espalhados por casas de shows e centros culturais por uma semana.
Berlim
Teoricamente, Berlim teria sido a segunda sede europeia do Pitchfork Music Festival, mas tinha uma pandemia no meio do caminho. O festival foi anunciado para acontecer em maio de 2020, mas foi cancelado com a suspensão dos eventos em massa e só aconteceu de fato em 2022. Desde então, segue o mesmo modelo e período de Paris e Londres.
Cidade do México
A mais recente parada do Pitchfork é a Cidade do México, marcando a chegada do festival à América Latina. A estreia acontece em março deste ano, um mês em que a capital e outras cidades do país transbordam festivais. Assim como as edições europeias, a mexicana terá shows espalhados por diferentes clubes da cidade.
Expansão silenciosa e sinal dos tempos
Longe do barulho do Lollapalooza, que nasceu independente mas já o deixou de ser há muito tempo, e até mesmo do Primavera Sound, que se tornou um gigante em seu país de origem apesar de conseguir manter o apelo alternativo, o Pitchfork vem se espalhando pelo mundo sem o auxílio de amplificadores estridentes, que só são reservados ao mainstream.
Mas isso não impediu que a chegada a novos países se acelerasse em anos recentes: dos quatro festivais fora de Chicago, três deles surgiram depois de 2021. Não é por acaso. E menos ainda é um acaso que essa trajetória de crescimento esteja se cruzando agora com a transformação do site notável por suas resenhas de discos em algo menor.
Vivemos em uma era em que álbuns se dissolvem em faixas fragmentadas no Spotify enquanto line ups de festivais são debatidos assim como o eram os discos de antigamente. Uma era em que a música gravada é gratuita e está sempre em segundo plano, mediada por algoritmos, enquanto a música ao vivo tem cada vez mais um custo alto e vira objeto de desejo por intermédio de festivais e shows como o lugar da experiência marcante de consumo de música.
Em um mundo assim, não é de se estranhar que os festivais Pitchfork estejam crescendo no momento em que as famosas resenhas de disco do mesmo Pitchfork perdem espaço.
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Crédito da imagem de destaque: Joey Thompson via Unsplash.
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