Com uma área relativamente pequena para o peso do line up e sem uma dúzia ou dezena de palcos, é de se esperar que a estrutura do NOS Alive tenha tudo para funcionar bem. E funciona. É claro que há ressalvas aqui e ali, afinal não há festival perfeito, mas o saldo final é positivo.
Para situar, caso você não conheça, o NOS Alive acontece desde 2007 em Oeiras, a cerca de 15 minutos de trem de Lisboa, e é um dos principais festivais de verão portugueses.
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Nos destaques do Instagram tem um passeio pelo NOS Alive e detalhes da estrutura
Line up e programação
Um festival que tem como slogan “O melhor cartaz. Sempre” é, no mínimo, ousado por fazer essa promessa ao público, principalmente tendo em vista a oferta ampla de festivais no verão europeu. Mas a verdade é que o cartaz, de fato, sempre consegue assegurar os principais nomes que circulam pela temporada de festivais de verão na Europa.
É um line up que pode-se dizer enxuto, porém intenso, em sua maioria condensado em dois palcos. Uma pena que, mesmo com apenas dois palcos para distribuir as principais atrações, e com shows que vão das 17h às 4h, o festival não consiga montar uma grade de horários que evite conflitos de shows (os outros palcos são a tenda eletrônica, um palco de comédia stand up e um palco dedicado a artistas de fado).
A programação musical é complementada por shows de comédia (no palco citado acima); jogos em uma das áreas de alimentação (totó e fliperama); a Rua do Fado, com lojas diversas, de discos a maquiagem, e um design que lembra bastante a Rock Street do Rock in Rio; além de estandes de patrocinadores na área do palco principal. Um mix para diferentes gostos.
Estrutura
Você considera os banheiros do Rock in Rio um modelo do que um banheiro de festival deveria ser? Eu também. Até conhecer os banheiros do NOS Alive e perceber que é possível melhorar o que já temos aqui no Brasil.
Além da água corrente e ligação com a rede de esgoto, os banheiros do festival português tinham espelhos, sabonete e hidratante fornecidos por um dos patrocinadores do festival. Vamos lá, Rock in Rio! Você, que é o rei das marcas e patrocínios, consegue dar esse up nos seus banheiros também (dica: você já tem uma marca de produtos de beleza patrocinado o festival).
O transporte para o festival tira proveito da estrutura já existente em Lisboa, incentivando o uso dos trens intermunicipais. Para voltar, além dos trens, havia também ônibus partindo para diferentes pontos. Uma greve dos funcionários dos trens impediu que o serviço funcionasse a madrugada toda, mas havia serviço funcionando até as 2h da manhã.
Tendo saído do festival por volta de 1h, não tive dificuldade para conseguir usar o serviço e o trem voltou relativamente vazio – quando saí, o festival ainda estava consideravelmente cheio. Pode ser que nas horas finais, sem o trem e com o público indo embora em peso, a volta para casa tenha ficado mais complicada.
O porém do transporte é a peregrinação da saída para chegar até o transporte público. Enquanto na chegada são poucos metros da saída da estação até a entrada do festival, na saída é preciso dar uma volta por um viaduto (que fica fechado para a passagem do público) em uma caminhada que leva em torno de 20 minutos. Apesar de bem organizada e bem sinalizada, é uma saída exaustiva.
Com relação às informações, muitas delas já ficam disponíveis no site do NOS Alive, e mais de um mês antes da minha viagem eu pude consultá-las (principalmente em relação ao transporte). Há também um aplicativo do festival.
Ficou faltando somente o festival ter suas áreas mais bem sinalizadas no próprio local. Tirando o mapa na entrada, o reconhecimento do espaço foi feito no modo explorador.
Ambiente
Descontando o cuidado que é sempre necessário de se ter consigo mesmo e com seus pertences quando se está em uma multidão, não há nenhuma preocupação adicional quando o assunto é segurança no NOS Alive. O ambiente geral é bastante tranquilo, muito em função do comportamento idem do público, que é notavelmente diversificado no quesito idade.
Por outro lado, faltam áreas de sombra para dar algum conforto ao público. As que existem são “indiretas”, no sentido de que não foram feitas para isso: me refiro aos palcos secundário, eletrônico e de comédia, todos montados sob tendas. Na falta de áreas de descanso e abrigo do sol reais, é para lá que o público recorre para evitar o sol forte que brilha até as 21h.
Vale dizer que nem o espaço com vista para o palco principal exclusivo para quem tem acesso VIP tem sombra.
Alimentação
A oferta de opções de alimentação é grande, diversificada e bem distribuída por diferentes áreas do festival, com uma grande praça central equipada com muitas mesas para fazer o lanche com alguma dignidade.
No quesito hidratação, o festival escorrega. Há água de graça, sim, e isso é essencial. Mas fora os bebedouros na área dos banheiros, a alternativa do festival foi usar ambulantes para a distribuição de água (semelhante aos ambulantes que vendem cerveja com um “container” nas costas, só que com água no lugar da bebida alcóolica).
A ideia chega a ser espirituosa, já que faz “a água ir até você”, mas a verdade é que a partir do momento que o festival fica cheio, fica difícil encontrar onde estão os bebedouros ambulantes. Depois que anoiteceu, não me deparei mais com nenhum deles. Seria fundamental ter bebedouros fixos em áreas importantes de circulação.
Custo-benefício
Conforme eu escrevi no texto sobre a experiência no NOS Alive, ele é um festival que vale o investimento se você está em busca de um bom line up no verão europeu, sem apego com marcas badaladas.
O custo do ingresso é inferior ao de gigantes como o Primavera Sound (a diferença pode ficar em torno de 80 euros, dependendo da fase de venda) e inferior a uma meia entrada do Lolla Pass, 179 euros (cerca de R$ 960 na cotação de 12/7/23).
É claro que tem todo o custo da viagem em si, e ele não é baixo. Mas combinando um line up no ponto, um festival cuja estrutura tem poucas arestas para aparar e a possibilidade de agregar alguns dias em Lisboa e arredores, a viagem tem tudo para valer a pena.
Crédito da imagem principal: Divulgação
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