Curitiba é limpa, aparentemente bem organizada e com ruas amplas. Portanto, é de se esperar que seus festivais sigam o exemplo da cidade. Da mesma forma,  a estrutura do Coolritiba cumpre com questões importantes. Para um festival com desafios de se construir como sustentável, ainda mais. Porém, com dois anos de evento, ainda faltam alguns detalhes para serem acertados de forma que a experiência dentro do festival não seja marcada por momentos ruins. Por exemplo, situações como um gargalo no trânsito de pessoas, ou desencontros por falta de informação.

Uma visão geral sobre a estrutura do Coolritiba

estrutura do coolritiba
Ph: Gracielle Fonseca

O Coolritiba é um festival de pequeno para médio porte, com uma área de evento relativamente compacta, apesar da fama da Pedreira Paulo Leminski de ser o maior palco a céu aberto a América Latina, com capacidade para até 30 mil pessoas. E mesmo não sendo dos festivais mais extensos, o público presente parece ter sido um pouco menor do que se esperava. Pois, enquanto andávamos pelo terreno, víamos que a área do palco principal mostrava alguns espaços vazios, principalmente nas laterais e atrás. Isso, na verdade não foi um problema. O que foi ruim mesmo foi a má distribuição dos palcos no espaço.

A dinâmica dos palcos no Coolritiba

O nome é Arnica, porém, mais parecia uma pedra. Aquela, mesmo: famosa e no meio do caminho. Este palco era o primeiro a ser avistado da entrada dos festivais e ficava em uma esquina, quase no encontro da subida para acesso a outro palco, o Paradis. E ainda, em um espaço estreito, dividido com o mercado de moda/ ativações de marcas e projetos, um bar e caixas. Ou seja, o potencial para tumulto estava formado para o momento de maior lotação do festival. Assim, não só érea um potencial como aconteceu.

Quando o fluxo dos shows do palco principal terminava, parte das pessoas subiam um morro para atingir a pista Paradis e, a maior parcela ia em direção ao Arnica. Daí, como várias das vezes havia um show rolando, muita gente parava ali e fechava a passagem de pessoas que estava a fim de conferir o mercado e as ativações de marcas. Tinha inclusive gente sentada, lembrando aquela velha polêmica de pessoas que ficam sentadas em locais meio inconvenientes durante os festivais.
Enquanto isso acontecia no Arnica e arredores, a área do palco principal tinha espaço de sobra. Mesmo quando rolavam os shows, as pessoas ficaram concentradas à frente. Do controle mestre de som para trás, tudo estava relativamente vazio. Portanto, talvez a distribuição dos palcos no espaço devesse ser repensada. Ou, talvez as ativações de marca e mercado de moda poderiam ocupar a parte de trás da área do palco principal, a fim de garantir mais espaço para quem vai ver as atrações do Arnica.

Ponto para a bela acústica da Pedreira

A acústica do Coolritiba sem dúvidas é um dos pontos altos do festival. Já diz a lenda que artistas como os integrantes do Foo Fighters ficaram admirados com o som tirado no local.
Da mesma maneira, nós também ficamos surpreendidas. O som do palco principal podia ser ouvido de forma limpa de vários pontos. Não participamos tanto das atrações da pista Paradis, mas quando estivemos, achamos que o som atendeu as expectativas. Também no Arnica foi feita uma boa engenharia sonora, que permitiu fluir bem em nossos ouvidos as notas tocadas.

Decoração acertada e conforto

estrutura do coolritiba

A decoração festival foi bastante acertada. Ainda que o trabalho com reciclagem seja desafiador, não vi nada de mal gosto. A opção por algo mais clean e também o uso de muitas plantas na cenografia deixou o ambiente mais leve, e cool.

Além disso, os vários espaços para descanso, alguns feitos de pallet, outros banquinhos e a própria área de frente para o lago foram muito apropriados. Devido à baixa densidade demográfica do festival, não houve tanto problema para encontrar um cantinho para descansar entre um concerto e outro.

Leia como foram os shows e o clima do Coolritiba 2018

Estrutura do Coolritiba no Festivalômetro

Existem pormenores que sempre avaliamos por partes. Por isso, como de costume, a gente te conta o que observamos em vários quesitos que consideramos cruciais para uma estrutura de festival bem-sucedida: informação, transporte, limpeza, hidratação e comida, segurança e conectividade.

Transporte

A Pedreira Paulo Leminski é razoavelmente acessível via transporte público. Basicamente, ônibus. Apesar de não ter metrô ou trem, os ônibus da cidade são espaçosos e há grande oferta de linhas e horários.

Partindo do centro de Curitiba, da praça Tiradentes, havia algumas opções que deixavam o público muito perto do evento, que teve suas entradas bloqueadas para passagem de carros e ônibus visando evitar congestionamentos no local. Além disso, houve também uma campanha junto ao Uber, que disponibilizou grande oferta de carros para o dia do evento.

Desencontros

Também foi organizado um esquema de ônibus gratuito saindo da Praça Tiradentes. E aí começaram os problemas. Apesar de o ônibus ser gratuito, as informações sobre o local de partida e no local de partida era quase inexistentes. Disseram que o ônibus partiria da Praça mas, na verdade, ele partia de um lugar específico do outro lado da rua, perto do mercado das flores. Como a praça Tiradentes é grande, faltou algo ou alguém indicando o local exato da partida do ônibus, e com referência clara ao festival Coolritiba.

Pois, sim, havia uma pequena placa no local, mas ainda com referência ao festival Warung. Também tinha um agente de trânsito municipal no local, mas você nunca saberia que ele estava ali para dar informações sobre o transporte do festival, a não ser que o perguntasse.

Por fim, haviam informações desencontradas sobre o horário de saída dos ônibus de regresso. Confiamos naquela que disse eu ele sairia depois das 21h. Saímos antes do término, depois das 21h e não encontramos ônibus algum. Novamente, a sinalização sobre era escassa. Assim, no quesito transporte o Coolritiba deixou a desejar.

Informações

Como já começamos a dizer no tópico anterior, o festival não foi tão legal com relação à informação. Apesar de o Facebook ter sido usado para guiar as pessoas com novidades sobre acessos e horários, houve um pouco de desacerto. Por exemplo, neste dilema abaixo sobre o horário do ônibus de volta: afinal, ele sairia a partir depois das 21h ou somente após o término do último show do festival?

Hidratação e comida

Em hidratação, o festival foi bem legal, distribuindo água de graça. Mas, é preciso fazer algumas ressalvas. Primeiro,  havia apenas um ponto de água no festival. Ele ficava de frente para o lago e até bem sinalizado. Segundo, caso o público tivesse sido maior, esse certamente seria um ponto de congestionamento de pessoas e com demora para obter a água.

Apesar de a água ter sido gratuita, era necessário pagar pelo copo. Apesar de ser um valor razoável ($5), talvez tivesse sido interessante encontrar parcerias com empresas e marcas para fornecer o eco copo gratuitamente, também. Assim, faria mais sentido com toda a proposta.

 

estrutura do coolritiba
Ph: Gracielle Fonseca

 

estrutura coolritiba
Ph: Gracielle Fonseca

Com relação à comida, a praça de alimentação era linda e tinha boa estrutura, com muitas mesas e cadeiras. Porém, foram poucas as opções de comida, não variando muito do hambúrguer e batata frita, pizza e outros alimentos estilo fast food. E justamente por serem poucas opções, algumas delas foram tomadas por filas enormes. Por exemplo, eu tive que me alimentar de forma vegana porque não queria perder demasiado tempo na fila do hambúrguer ou da pizza.

Os preços foram razoáveis, dentro da média de festival. Porém, o esquema com as fichinhas pode ter ficado um pouco confuso. Eu, por exemplo, fui lesada em 5,00. Paguei $25 no cartão, e a pessoa tirou as fichas inteiriças e dobrou para me entregar. Quando abri, eram apenas 4 fichas, sendo que eu havia pagado por 5. Por causa das filas consideráveis, não tive como ir reclamar.

Conectividade

Não entendo porque um festival que tem cool em seu nome não oferece wifi para os participantes. Por isso, não teria outra nota a dar a não ser zero. Nós não vimos em nenhum lugar informações sobre wifi, nem redes abertas. Havia apenas a rede da Troc, um brechó presente no festival, cuja senha era oferecida apenas para quem pedisse e topasse participar da ação para ganhar um garrafa de água e descontos em compras. Ou seja, não era um wifi oficial do festival, nem estava disponível em toda a extensão do evento. Decepcionante!

Apesar disso, é preciso admitir que ainda era possível manter a comunicação com o mundo lá fora a partir das redes de 3G e 4G que ainda funcionaram razoavelmente, e também a própria telefonia tinha um sinal, ok (pelo menos para a minha operadora).

Limpeza e banheiros

estrutura coolritiba
Ph: Gracielle Fonseca

Na limpeza o Coolritiba fez super bonito. É difícil encontrar um festival assim, praticamente impecável em termos de limpeza. O chão, mesmo na área do palco principal, quase não apresentava latas, papeis ou plásticos. Também havia uma boa quantidade de lixeiras estrategicamente posicionadas. Obviamente, também, que a educação do povo curitibano contribuiu para tanto.
Já os banheiros, apenas aqules localizados mais perto das portas dos locais mais movimentados estavam um pouco sujos com o chegar da noite no festival. A maioria deles estava limpa. Havia uma boa oferta, além de não terem sido banheiros químicos! Aí foi bem cool!

Segurança

O festival tinha boa estrutura de segurança. A revista estava bem montada na entrada. Contudo, achei uma visualização muito rápida. Porém, não fiquei o dia todo avaliando o desempenho dos agentes da revista. A partir do que vi, no entanto, achei que poderiam ter sido um pouco mais cuidadosos.

Também notamos a presença de unidade móvel de polícia na entrada do evento, mas não dentro dele, o que é muito importante. Dentro do evento, a presença de agentes de segurança particulares tampouco foi ostensiva. E tudo pareceu muito tranquilo e em ordem. Não fiquei preocupada, em momento algum.

Ainda havia um posto médico bem equipado e sinalizado, em um ponto estratégico do evento.

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