Quase 40 mil pessoas foram comemorar os dez anos do Planeta Brasil (o festival), no sábado (26), no Mineirão, e o próprio Brasil (o país) “compareceu” com seus problemas e tragédias, graças a um diferencial na programação desta edição comemorativa. Intencional ou não, o fato foi pra lembrar que esse planeta chamado Brasil (o país, novamente) inclui os bons e diversos artistas nacionais que dominam o lineup do festival, mas não só.

É que a programação dos dois grandes palcos do festival não foi feita só de shows. Entre uma apresentação e outra, personalidades convidadas fizeram pequenas palestras abordando temas de interesse social.

dez anos do planeta brasil
Frank Bittencourt/Divulgação

Bela Gil defendeu a população indígena; Minotauro lembrou os números escandalosos da pobreza e da violência contra LGBTIQs; Djamila Ribeiro pediu justiça para os afetados pelo deslizamento da barragem da Vale em Brumadinho – que até então mal completava 24 horas, e também em Mariana, em 2015.

A ação foi uma expansão do que ocorreu no ano passado, quando Glória Maria subiu ao palco para falar de diversidade, respeito e combate ao racismo. E também um pequeno espelho do Planeta Talks, evento com palestras e debates que, desde o ano passado, acontece um dia antes do festival com as personalidades que também dão as caras no festival.

Um caminho pra ser autêntico

No ano passado, a propósito do Planeta Brasil 2018, eu lembrei que o festival ainda tinha uma alma pra construir. Se ele aprimorar essa aposta nas palestras como abertura de shows, tem grandes chances de criar uma pegada mais autêntica.

Por enquanto, o restante das atrações extra-musicais são apenas boas reproduções da cartilha dos festivais mainstream contemporâneos (parede de escalada, flash tatoo, mirante, tirolesa…). Mas vamos fazer justiça ao preço ainda justo do ingresso e à arrecadação de alimentos em troca da meia entrada para quem não tem esse direito por lei.

Voltando ao Brasil (o país), o noticiário recente também marcou presença durante os shows, seja pra falar da falta de respostas sobre o assassinato de Marielle e Anderson (Milton Nascimento e Criolo), a renúncia de Jean Willys (Natiruts) e, mais uma vez, a tragédia protagonizada pela Vale em Brumadinho (Raimundos, Seu Jorge e Milem).

dez anos do planeta brasil
Nathália Pacheco/Divulgação
dez anos do planeta brasil
Nathália Pacheco/Divulgação

Mas houve momentos também para lembrar que o Brasil é um belo país tropical com talento e potencial que se repete em gerações (Céu e Jorge Ben Jor), com mulheres incríveis (Jade Baraldo e Cynthia Luz) e misturas sem fim (Raimundos e os 25 anos de seu forró-core, sem entrar nos detalhes de como aquelas letras envelheceram maaaal).

Só foi uma pena ter que ouvir parte disso com o baixo volume do áudio do Palco Norte, do início ao fim do festival.

#ficaadica pros próximos dez anos do Planeta Brasil

Um problema ainda persistente do festival é o espaço. A Esplanada do Mineirão é desconfortável para um festival e tem se mostrado cada vez menor para o crescimento do Planeta Brasil. Com a falta de alternativas em BH para um evento dessa configuração, mais que um problema, o espaço também é um desafio.

Água a R$ 7, em pleno verão, com proibição da entrada de garrafas de água, é um problema muito grande também quando tem tanto festival aqui e lá fora com água de graça. Apesar de haver bebedouros no Mineirão, eles ficam na área que o Planeta Brasil delimita para a pista premium, onde a água já é liberada no open bar. A propósito, esse negócio de pista comum e pista premium em festival não combina.

Seguir a cartilha dos festivais moderninhos vale. Mas tem algumas boas práticas dos melhores e mais exemplares festivais do mundo ainda faltando (um beijo, Roskilde).

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