Quantas maneiras há de experimentar, perceber e contar como foi um festival? Possivelmente muitas, e a gente aqui no Festivalando já explora algumas delas – a perspectiva da experiência, da música, da estrutura. Desta vez, pra contar como foi o Planeta Brasil 2018, que rolou no sábado (27), em BH, é hora de brincar com uma outra possibilidade: a playlist. Se o festival inteiro tivesse que ser resumido em uma playlist, como seria?

Como foi o Planeta Brasil 2018 em uma playlist

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como foi o planeta brasil 2018
Iana Domingos

1. Trying To Be Cool, Phoenix

Colocando o festival em contexto, pra quem não o conhece: o Planeta Brasil nasceu em 2009 e aconteceu até 2012. Voltou em 2014, hibernou mais três anos e voltou em 2017. Provavelmente, foi acordado pela onda de festivais que ganhou tanta força em tempos recentes.

Isso ajuda a entender bem a atmosfera e a experiência que ele entrega. Ativações, ambientes com decoração descolada, colorida, good vibes e bem agradável. Mas falta ainda o efeito WOW, a alma de festival, caráter distintivo dos melhores festivais que se tem por aí, mas que normalmente leva tempo para se formar. Que o Planeta Brasil tenha longevidade pra conseguir atingir esse ponto 😉

2. The Wrong Side of Town, The Beautiful Girls

Por um lado, é um casamento perfeito o fato de um festival mineiro acontecer na Esplanada do Mineirão. O estádio é um dos cartões-postais de BH e a fachada marcante é tombada pelo Patrimônio Histórico da cidade.

Por outro lado, o espaço talvez não seja o melhor pra um festival que pretende ser grande e que cresceu bem mesmo com a trajetória regular. Um grande festival pede espaço aberto, amplidão, detalhes que do ponto de vista prático melhoram a circulação e que do ponto de vista da experiência libertam o público. Na Esplanada,a sensação é de se estar encurralado pelo estádio.

Se o festival quiser crescer, não vai caber lá dentro (já não está cabendo tão bem como deveria).

3. On Fire, Phoenix

Ainda falando da Esplanada, o concreto que predomina no local ajudou a aumentar a sensação de calor de um dia em que o calor já estava insuportavelmente forte.

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Iana Domingos

4. Shadow, SOJA

As áreas de sombra eram poucas (com exceção da bem montada praça de alimentação e dos camarotes), o que mostra como os patrocinadores e parceiros ainda pensam muito mais em si que no público na hora de criar “experiências” (ladainha aqui no Festivalando…).

É muito legal ter lounges fofinhos, cenários bonitos pra tirar fotos. Mas por que não investir em coisas que vão melhorar e tornar mais cômoda a experiência de quem está lá se divertindo? Ativações que se pautassem no conceito da refrescância, do descanso, do alívio do calor, teriam sido muito bem vindas (e bem sucedidas). #ficaadica

5. Chuva, Chapeleiro

Todo mundo deve ter clamado por uns pingos de chuva por pelo menos um momento, ainda mais quando nuvens escuras se aproximaram do Mineirão, mas ficou só na promessa.

6. Passatempo, Graveola e o Lixo Polifônico

Passatempo é o que ficou faltando pra despistar o tempo perdido nas filas do festival. Já começava na entrada, principalmente na fila da pista, que no início da tarde era um gargalo do lado de fora do festival (com o agravante de ser debaixo do forte sol).

Lá dentro, mais filas (algumas bem assustadoras) nos caixas e bares.

7. Cash Money, Beautiful Girls

Falando em filas, logo quando entrei e vi uma enorme se formando em um dos caixas móveis, pensei na hora sobre como o sistema cashless faz falta. Se as pessoas tivessem pulseiras que pudessem ser carregadas com crédito previamente, metade delas pelo menos não precisaria estar perdendo tempo naquela fila.

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Iana Domingos

8. Foi Num Baile Black, Mano Brown

Felizmente, os shows, que são a razão maior pra se estar num festival, no geral nunca decepcionam e não foi diferente no Planeta Brasil 2018 (ao menos o que deu tempo de assistir, dentro de um roteiro de shows bem apertado e corrido).

Mas antes de focar na música, vale destacar os discursos que acompanharam alguns shows. Uma surpresa boa nesse sentido foi a presença de Glória Maria que abriu o show d’O Rappa com uma fala bastante pessoal mas não menos forte a favor da diversidade, do respeito e contra o racismo.

Glória falou sobre suas origens mineiras – o bisavô foi capturado para ser escravizado nas matas de Minas – e sobre exemplos emblemáticos de superação do racismo e resistência negra – uma viagem que fez com as filhas à África evidenciou como um mesmo país, no caso a África do Sul, foi capaz de instaurar um regime como o Apartheid e em resposta gerar um líder como Nelson Mandela.

9. Manifesto, Vintage Culture

Entre uma música e outra foi possível ouvir também manifestos a favor da diversidade religiosa (1Kilo) e contra a corrupção (Oriente).

10. Party Time, Phoenix

As definições de farra foram atualizadas pelo show do Phoenix, que não economizou nos recursos pra desencadear momentos catárticos: hits, papel picado e entrega do vocalista Thomas Mars, que fez stage diving (duas vezes) e desceu para cantar perto do público.

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Iana Domingos

11. Vim Pra Ficar, Iza

Iza conseguiu ser uma das estrelas do Planeta Brasil sem necessariamente apresentar um show solo. Quase como um coringa, fez a diferença e se destacou como convidada especial dos shows de Oriente e d’O Rappa.

12. Tchau, Hello!, FTampa

Se há shows que merecem ser lembrados nesta edição do Planeta Brasil, estes são d’O Rappa e da dupla Criolo e Mano Brown. O Rappa fica por conta do tchau, que em hiato já confirmado, fez seu derradeiro show em BH para um público totalmente devoto, o que elevou a energia da apresentação.

Criolo e Mano Brown, por sua vez, respondem pelo hello. Eles escolheram Belo Horizonte para estrear uma parceria que rendeu expectativa e fluiu bem na prática.

13. Auto-Reverse, O Rappa

Atrações internacionais abrindo o dia (Mayer Hawthorne e The Beautiful Girls), atrações nacionais encerrando o festival em todos os palcos e o maior nome do lineup (Phoenix) abrindo pra uma delas (Vintage Culture).

O Planeta Brasil inverteu a lógica que impera nos festivais daqui e foi habilidoso. Usou os grandes nomes como chamariz ao mesmo tempo em que conseguiu fazer jus ao seu nome na hora de estruturar a ordem dos shows. Talvez esteja aí um traço distintivo que ajude a formar a alma que o festival está por construir…

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