Festivais são eventos que causam impactos socioambientais e o Coolritiba não só sabe disso como se responsabiliza. No primeiro fim de semana de maio (05/05), a capital do Paraná recebe a segunda edição do evento. O Coolritiba lembra a proposta do SWU e é um novato em território nacional que relembra algo importante para os veteranos: sustentabilidade importa.

Dentre as várias discussões que acompanhei no Eurosonic Noorderlag 2017, sustentabilidade era uma das mais em alta. Em vários painéis e debates, autoridades dos festivais europeus levantavam  formas de promover festivais cujos impactos são os mínimos possíveis. Na verdade, em alguns países da Europa já existe uma legislação que obrigada os eventos a adotarem uma série de medidas que minimizam impactos. Por exemplo, a neutralização das taxas de emissão de carbono é uma delas. Contudo, a sustentabilidade é algo que vai muito além disso.

Sustentabilidade é mais do que plantar árvores…

Apesar de já ser parte do vocabulário comum, nem todo mundo sabe exatamente o que é sustentabilidade. Nossa tendência é pensar em ações ligadas à preservação do meio ambiente. Mas, nos esquecemos de um detalhe super importante: nós, seres humanos, também fazemos parte deste ambiente. Assim, as atividades sociais também devem ser reelaboradas, com estratégias que obedecem mais ou menos às regras daquilo que se propõe por ações sustentáveis.

Dessa maneira, não só estamos falando da preocupação com o verdinho lá na reserva ecológica, ou com manejo de lixo. Também é preciso se ater a questões sobre oportunidades econômicas e equidade social. Contudo, ao invés de tentar explicar conceitos abstratos, é melhor mostrar um pouco sobre as ações do Coolritiba. Elas exemplificam as possíveis formas de aderir à sustentabilidade em festivais.

Coolritiba e sustentabilidade

O Coolritiba festival, montado na Pedreira Paulo Leminski, em Curitiba, promete ser um dos maiores eventos ao ar livre da América latina. Porém, mesmo com a grandiozidade, quer reduzir os impactos gerados por sua existência.

A proposta é bem parecida com a do saudoso SWU. Nasceu da vontade de unir entretenimento, artes, sustentabilidade e responsabilidade social. Este ano, o festival apresenta o formato de dois palcos – o Cool, onde se apresentam grandes nomes da música popular nacional, como Pitty, Iza, Baiana System, Mano Brown e Emicida; o Arnica, com as promessas da música nacional, tais como O terno e Scalena. E a Pista Paradis, onde se apresentam atrações mais dançantes, como o Dream team do passinho e outros.

Já o “lineup” da sustentabilidade fica por conta de uma série de ações. A seguir, a gente apresenta cada uma delas, pois realmente merecem destaque. Além disso, podem servir de exemplo para os demais festivais brasileiros.

Neutralização do carbono emitido

Essa parece ser uma das ações mais complicadas, mas na verdade não é. Hoje em dia, existem organizações, projetos socioambientais e empresas especializadas no uso de tecnologias para reduzir a presença do CO2, um dos principais causadores do efeito estufa no meio ambiente. Ao reduzir a presença do gás carbônico, essas empresas e projetos disponibilizam créditos de compensação, que podem ser adquiridos por empresas e eventos que produzem grande emissão do gás.

Para comprar esses créditos e fazer uma compensação do impacto, o Coolritiba contratou uma empresa que fez o levantamento de toda a emissão de CO2 durante a preparação do evento, e as projeções o que será emitido durante o evento. Assim, foi calculada a emissão de gás de cada atividade, desde o deslocamento de artistas em território nacional até a geração de resíduos. Com as quantidades em mãos, o festival comprou, então, um número de créditos que permitiu que o evento seja um dos únicos brasileiros a ter, na atualidade, 100% da emissão de gases compensada.

Gestão do lixo gerado

Além de disponibilizar lixeiras de coleta seletiva, o festival promete encaminhar tudo para a reciclagem adequada. Ainda foi investido em materiais reciclados e sustentáveis para a decoração e montagem dos palcos. Também foi possibilitada a emissão do ingresso digital. Assim, quem preferir não precisa imprimir o ingresso, poupando papel.

Plantio de árvores

Na edição deste ano, o festival se compromete a plantar uma muda de árvore para cada participante. Então, caso você nunca tenha plantado uma árvore na sua vida, ao comparecer ao Coolritiba você já pode se sentir representadx.

Água de graça pra todas pessoas

Esse é um direito que vivemos clamando aqui no Festivalando. Afinal, água de graça em festivais é uma das nossas bandeiras eternas. Felizmente, o Coolritiba já chega ofertando H2O liberado. Também, seria incoerente se o festival não o fizesse. Afinal, a compra de garrafas ou potinhos plásticos com água gera uma tremenda quantidade de resíduos. Assim, ao disponibilizar água em torneiras e bebedouros, de graça, o festival dá aquele help em manter o bem estar da audiência, além de evitar aquela multidão de plástico no final do evento.

Campanha de doação de livros e agasalhos

Além de todas as ações ambientais, o festival também aposta em um mundo melhor promovendo ações sociais. Para isso, vão apoiar o projeto Freguesia do Livro. Cada participante poderá doar um livro dentro do festival. Também será apoiado o projeto Provopar, com a campanha de doação de agasalhos “Espalhe Calor”.

Incentivo a iniciativas e projetos locais

Apesar de muita gente não ligar esse tipo de ação diretamente à questão da sustentabilidade, a promoção de artistas e empreendedores sociais é super importante. E o Coolritiba vai trazer várias delas para o conhecimento do público este ano.

Além de um mercado de moda, com estilistas locais, apresentações e exposições de artistas em ascensão, o festival também vai apoiar uma iniciativa inovadora na área de construção. O projeto internacional TETO, que garante o direito à moradia em favelas do Brasil, promovendo a melhoria dos espaços e soluções em construção vai ter um estande para receber o público que desejar saber mais sobre a inciativa.

Um outro ponto legal é que, parte do valor dos ingressos VIP serão destinados para recuperação de prédios de patrimônio histórico da cidade de Curitiba. Aí dá até para não implicar tanto com o ingresso VIP, como eu implico bastante aqui, em alguns textos.

É possível realizar um festival impacto zero?

Nos formatos atuais que conhecemos de festival, impacto zero é impossível. No entanto, várias ações podem minimizar os prejuízos ambientais, com recursos criativos e novas propostas. Parece que o Coolritiba está em uma caminho bem bacana para promover a sustentabilidade, com aquilo que se propôs para este ano. Eu e a Pri vamos ao festival para ver como isso se dá na prática, e voltaremos aqui para falar o que a gente percebeu dessa nova experiência 😉

Serviço Coolritiba:

Onde: Pedreira Paulo Leminski, Curitiba (PR)

Quando: 05 de maio de 2018

Ingressos: $132 a $550

Mais informações

Enquanto o festival não chega, você pode entrar no clima com a #Playlist do #Spotify feita pela organização. Olha que massa:

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