Quando o Lolla Paris estreou na capital francesa, em 2017, houve quem reclamasse. O ex-ministro da Cultura, Jack Lang, se queixou da invasão de multinacionais dos Estados Unidos na cena musical francesa. Ele se referia mais especificamente à Live Nation, responsável pelo Lolla francês e outros grandes festivais do verão local, como Main Square e o longevo Rock en Seine. Mas não havia muito a ser feito na prática.
Seis anos depois daquela estreia, o Lolla firmou seu sucesso em Paris e cresceu. Pela primeira vez, em 2023, o festival terá três dias em vez de dois, um sinal importante do bom caminho que o festival está traçando, como bem conhecemos pela experiência com os “nossos” Lollas. Análises do festival feitas pela imprensa francesa tradicional e independente ao longo dos anos guardam alguns dos elementos que ajudam a entender esse crescimento.
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O público
Não há festival que prospere se o público não comprar a ideia (e os ingressos). Já em sua estreia, o Lolla atraiu 110.000 pessoas, muito perto da meta da Live Nation para aquela edição, que era de 120.000 pessoas. Foi o suficiente para confirmar com segurança uma segunda edição.
Apesar de uma queda de público em 2019, quando o festival atraiu 95.000 pessoas, as outras edições se mantiveram acima dos 100.000, com um recorde registrado no retorno pós-pandemia, em 2022: 130.000 pessoas.
O Coachella à la française
É recorrente nas resenhas do Lolla Paris desde 2017 a comparação com o Coachella. Um pouco com a proposta artística do festival, e sua mescla de artistas de diferentes portes e estilos (o que, convenhamos, pode-se colocar também na conta do Lolla sem dever para o Coachella), mas principalmente com o efeito que o festival cria. O Lolla Paris é descrito como o lugar para se estar, objeto de desejo de fashionistas e influenciadores. Com a diferença de que em vez do deserto se está em Paris.
Os estrangeiros no Lolla Paris
A presença significativa do público estrangeiro, principalmente anglo-saxão, é uma menção recorrente desde o primeiro Lolla Paris. Não há menções a fontes oficiais, mas chega-se a estimar que os estrangeiros sejam cerca de metade do público do festival.
As condições particulares do Lolla Paris favorecem esse cenário. Dos três Lollas europeus (Berlim e Estocolmo são os outros), a edição francesa é a única com o privilégio de ocorrer no ápice do verão do continente, quando o fluxo turístico é intenso.
Some a isso o fato de Paris ser uma das cidades mais visitadas do mundo (top 3, top 5 ou top 10, dependendo do ranking e critério de medição). Acrescente o je ne sais quoi que cria um apelo peculiar para a cidade e o peso internacional da marca Lollapalooza, e pronto. Temos aí um festival com grande apelo para estrangeiros, e não só para franceses, reforçando o potencial de público.
Com a nova fase que o Lolla Paris inaugura este ano ao se converter em um festival de três dias, agora é o momento de aguardar por possíveis novos elementos que vão explicar a sorte do evento na França daqui em diante.
Crédito da imagem principal: Alexandre Fumeron/Lollapalooza Paris
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