O Roskilde festival 2015 aconteceu durante a última semana, entre os dias 27 de junho e 4 de julho. Mas os shows começaram pra valer mesmo na quarta feira, dia 01 de julho. Apesar de não ter montado um dos melhores line ups da história, o festival trouxe grandes nomes, como o sr. Paul McCartney, The war on drugs, Pharrel Williams, Nicki Minaj, Noel Gallagher e outros tantos shows interessantíssimos, como, Fossils, Chelsea Wolfe… Mas, os destaques desse ano ficam com essas 7 bandas/artistas , 4 dos quais  você vai ver em breve no Brasil, ou pelo menos deveria: Muse, Hot chip, Mastodon e Lamb of God. É uma pena que Die Antwoord, Disclosure e Florence and the Machine não tenham se colocado nas rotas das turnês brasileiras em 2015, até então.

Essas foram também as apresentações que ganharam fácil a audiência do Roskilde  e trouxeram as pessoas para celebrações vigorosas da música e da vida. Esse ano presenciei plateias bem diferentes das do ano anterior no festival, principalmente durante os shows destes artistas. Então, vamos para um giro rápido sobre os momentos mais bacanas desses shows?

Muse

Tenho que ser honesta. Meu interesse pelo rock arrumadinho de cabelo cortado e trajes Armany é zero. Mas isso não me impediu de ver um show do Muse e achar muito bom. A música é executada com o mesmo cuidado de CD, o que pode ser bom ou ruim, dependendo do ponto de vista. Mas achei interessante ver tais canções ao vivo, com tamanho perfeccionismo, adicionado de um coro feito por uma plateia alucinada pela a banda. Apesar de simpáticos, no entanto os integrantes tinham interações mínimas com o público. Foi bem engraçado um momento antes da execução de “Plug in baby” em que, por exemplo, ao invés de ser o vocalista brincando e puxando os coros, foi um “barulho de sintetizador” que puxou a galera para uma brincadeira de “siga o mestre” – somos humanos ou drones, cara pálida?

E por falar na parafernália tecnológica, destaque para quem cuidou das artes visuais dos telões, que trouxeram referências dos vídeos da banda, como Drones, Pyschoe The handler….aliás, a banda é bem ligada a essa história de tecnologia, coisa que é perceptível pelos incrementos que fazem dentro do rock que produzem, quanto nas temáticas que abordam.

O show começou quente com Psycho – o que fez muita gente inclusive repetir junto a introdução , responder “Aye sir”. Nessa hora os ânimos da galera já estavam a mil. Em seguida, Supermassive Black Hole deu uma acalmada na galera, que ficou dançando ao som das batidas pop da canção, de leve. ” The handler” lembrou a pessoa aqui de que eu provavelmente estava num concerto de rock. Música interessante e forte que fez a plateia pular. Plug in baby e Dead Inside rolaram na sequência, e as pessoas cantavam e gritavam incessantemente. Nunca vi dinamarquês fazendo isso, gente. Muse tem seu valor, rs!

Hysteria, do album Absolution também é um daqueles super hits emplacados pela banda, pude perceber com a despirocagem geral das pessoas. Foi massa. Aí, mais um vez um momento de acalmar geral foi introduzido por ” Madness”, mãozinhas para o alto e esqueirinhos e celulares brilhando…Apocalypse please veio na sequência, e esse combo me deixou um pouco entediada. Já Suuuu-prema-cyyyyyyyyy, achei legalzinha e ainda me lembrou da zueira com o galerê black metal no clipe, hein?! Tamo de olho, Muse! Vocês deram sorte que esse pessoal não colocou fogo na banda ao final do clipe 😉

Mercy: som que toca na rádio, coro garantido. Time is running out não tem tanto impacto. E Reapers mostra de novo que a banda é capaz de fazer um bom rock, destaque para o solo de guitarra para fazer os corações metálicos felizes. Starlight é outra música hit da banda executada e muito apreciada pela galera que cantou cada palavra. Stockolm Syndrome é tocada logo antes daquele intervalo final, quando voltam para executar JFK, Uprising e Knights of Cydonia, que fazem o encerramento do show ser grandioso.

Eu se fosse você não perderia os shows da banda. Eles tocam no Rio e em São Paulo em Outubro. ( Arena HSBC, dia 22/10, RJ e Allianz Parque, estádio do Palmeiras, dia 24/10, SP).

Hot Chip

Não consigo te dar muitos detalhes de como e quando cheguei a esse show, pois ele era um dos últimos da noite de quinta-feira no Roskilde Festival e ficava no palco mais afastado de todos. Eu estava bem destruída mas não o bastante para não perceber o quanto essa banda faz milagre e levanta defunto. A Festa estava garantida por mais de hora ali no palco Arena, que estava lotado, diga-se de passagem, em plena 2 horas da madruga. A galera estava animada, cantando e dançando ao som dos caras, uma mistura de modernidade da música eletrônica com sonoridades de embalos de sábado à noite.

A faixa Huarache Lights me introduziu à banda. Fiquei um pouco zonza a princípio, mas depois curti bastante a levada sussa do pessoal. Need you now e Over and over me deixaram bem interessadas pela bateria que ornava tão bem com todos aqueles sintetizadores ao vivo. Love is the future me fez adentrar essa atmosfera modernete/vintage que a banda e seus fãs criaram ali. Uma banda interessante, mas poderia ter tocado mais cedo – confesso que apesar de toda a festa em volta, eu já estava pescando e precisava de dormir urgentemente.

Portanto, não vou te contar o resto do show, por que num vi =D! Mas acho que, pelo menos pelas 5 músicas que presenciei, vale a pena você ir e conferir o trabalho ao vivo dos caras e se jogar nessa balada particular que o show deles vira para os presentes.

Hot Chip vai tocar no Sónar Brasil, em São Paulo no dia 28 de novembro.

Florence and the Machine

Florence levantou uma multidão, fez dinamarquês servir de coral e emplacou um sucesso atrás do outro. A doçura de Florence não foi forçada a 1Kg de açúcar à goela abaixo, como costumam muitas bandas pop fazer por aí, mas sim numa voz que toca e um olhar carinhoso para com sua plateia. Mesmo não gostando nem um pouquinho de indie pop, era impossível não ser atingida pela potência dos vocais da ruiva e pela boa energia que ela espalha quando no palco.

O show começou com What the water gave me, do álbum Ceremonials. Em seguida, Ship to wreck do novo álbum da banda foi tocada, mostrando como o mesmo já é sucesso absoluto! A cantora ficou emocionada em ver a plateia vibrando com a canção. A mesma, num tom muito doce, agradeceu ao público do Roskilde pelo momento. Antes de executar Shake it out, Florence avisou que ama corais, mas que não teve como trazer um para essa apresentação. Assim, convocou todxs que estavam naquele show a cantar junto e fazer o refrão ficar ainda mais bonito. Ela foi atendida. “I can see the way, I can see the way” foi repetido a plenos  pulmões, bem como “shake it ou, shake it out, Uôô”.

Outro momento de destaque foi quando no meio de Rabbit Heart (Raise it up) a cantora correu em direção à plateia, começou a cantar no meio das pessoas e até ameaçou um crowd surfing em pleno festival mais cauteloso com relação a essas coisas ( a gente te contou aqui sobre a segurança excessiva do Roskilde Festival). O público foi ao delírio, claro.

O show foi intercalado pelos albuns mais antigos e o mais recente, uma voz linda e uma super máquina musical. Florence mostrou talento de sobra, doçura , mas força também. Na verdade, fiquei sem saber quem era a máquina. Florence se funde com ela, funde-se com a música porque ama o que faz, visivelmente. E o amor dela pela música, pela vida e às pessoas foi declarado várias vezes, inclusive quando ela anunciou a música How Big, how blue, how beautiful.

Florence e sua máquina já passaram pelo Brasil, mas ainda não há datas anunciadas para esse ano. Vale a pena ficar na torcida e conferir o show quando rolar.

Mastodon

Uma banda sem um estilo definido, mas com um estilo próprio. Mastodon não é rock, metal, prog metal, heavy metal ou stoner. Mas é tudo junto, muita gente fala também em Sludge metal. O que acontece é que a fórmula funcionou e fez com que vários fãs em todo o mundo fossem cultivados. O Show da banda no Roskilde Festival não foi ultra empolgante, mas foi um dos mais legais, sem dúvida. Mastodon se apresentou no Arena, nosso distante e íntimo local de encontro entre headbangers, bem como foi o Avalon e Pavillion, em que as bandas do gênero ganharam mais espaço – quase nunca há bandas de metal no palco principal do Roskilde, by the way…

Tread Lightly e Once More Round The Sun foram as músicas de abertura, presentes no álbum mais recente da banda, que foi tocado quase inteiro durante o show. E seria uma pena se tivesse sido diferente, afinal Once More ‘Round The Sun  foi muito bem recebido pelo público e pela crítica. A música termômetro de quão sedenta a plateia estava pelo show foi Blasteroid, que fez todos se empolgarem. Em seguida, Oblivion do EP homônimo, não fez muita onda. Além disso, no meio do show rolou uma pala bizzarra no som, que foi resolvida rapidamente, no entanto.

Mas com The motherload a galera voltou a agitar, afinal, é um dos “clássicos” de rádio da banda. Depois também tocaram Chimes at midnight, High Road e a fantástica Aqua Dementia. Outras músicas instigantes dos álbuns The Hunter e Blood Moutain também fizeram parte do setlist, como Bladecatcher, por exemplo. Ember City é outro clássico que ao vivo ficou surpreendentemente mais pesado e muito interessante. As músicas do clássico CD Levithan foram deixadas para o finalzinho. Destaque para o encerramento com Blood and Hunter.

Mastodon toca duas vezes no Brasil em 2015. Eles vão tocar no palco Mundo do Rock In Rio, no dia 25 de Setembro. Em seguida tocam em São Paulo, no dia 27. Duas oportunidades, hein?!

Lamb of God

“O Show de metal do ano na Dinamarca”, segundo a webzine dinamarquesa Devolution. E olha, tenho que admitir que deve ter sido, pois em todos shows em que fui, nunca vi o público dinamarquês do metal tão insano!Na verdade, pode-se dizer que ali formou-se uma tensão desafiadora: de um lado, a multidão estigmatizada pela tragédia do show do Pearl Jam no festival, em que vários fãs morreram pisoteados anos atrás. Do outro, um vocalista estigmatizado por ter empurrado um fã do palco, o que culminou na morte do mesmo. Já pensou que treta? Mesmo assim, super rodas de mosh rolaram, o que é estritamente proibido no festival, tal como o crowd surfing. Mas rolou de tudo. Essa história de no mosh no fun ficou para trás! As pessoas pulavam, gritavam, bradavam os refrões da música junto com o vocalista Randy Blythe.

O show já começou pegando fogo com Desolation e Ghost walking, do fantástico álbum Resolution. E do novo álbum, VII-Sturm und Drang, 512 mostra que a banda tem feito um bom trabalho nas novas composições, bem como no single Still Echoes. Em seguida, a banda volta aos álbuns anteriores, com Walking with me in hell, do cd Sacrament. Set to fail faz todo mundo derreter de tanto moshar e pular, sem dúvidas um dos ápices da apresentação.

Chega a hora da banda visitar o Ashes of the Wake, ainda bem! O álbum é cheio de músicas fortes e indispensáveis às play lists metálicas. Hourglass, Now you’ve got something to die for e Omerta compuseram a tríade do caos no meio da apresentação. O album Wrath também foi lembrado e não deu trégua para a bateção de cabeça. Destaque para a faixa contractor. Ficaram para o final Redneck e Laid to Rest, fechando um espetáculo memorável, o melhor show de metal visto por mim na Dinamarca nesse ano em que vivi no país.

A banda vai tocar no palco Sunset do Rock in Rio, no dia 24 . A banda já falou para os fãs se prepararem para o caos. Eu também diria o mesmo – se aqui na Dinamarca, com todas as regras do Roskilde e com o público outrora morninho já foi um show duka, não quero nem ver o que vai rolar com os metalheads brasileiros, que somos deveras malucos! haha! Só não arriscaria subir no palco dos caras, hehehe.

Die Antwoord

Estranhos, bizarros e provocadores. A dupla Ninja e Yolandi fazem um show em que não se pisca, para não perder qualquer momento da presença do casal (realmente são marido e mulher) mais performático da rap-rave music. Os sul-africanos ganharam o mundo recentemente, apesar de ninja já fazer parte da cena hip-hop do país há bastante tempo, tendo participado de outras bandas do estilo. Foi somente em 2010 que os artistas colocaram suas caras e criações incomuns para a apreciação do mundo com o cd $O$, que inclusive podia ser baixado gratuitamente na época do lançamento.

A dupla chama a atenção pela mistura de estilos, pelas letras explícitas e o sotaque africano que deixam as músicas ainda mais interessantes. Ninja nos chama para a briga, engaja todos os “motherfuckers” num flow insano e envolvente. Pular e mexer os quadris não é uma opção, mas quase um movimento involuntário enquanto os clássicos do álbum Ten$ion são tocados: I think U freeky, Fatty boom boom e Baby’s on fire levaram todo mundo à loucura.

Apesar da voz de criança/boneca cibernética, Yolandi mostra que tem fôlego de sobra para dançar, pular e correr de um lugar a outro no palco em um piscar de olhos sem perder o flow. Além de toda performance, a mulher e mãe em corpo de ninfeta provoca a plateia com sua atitude sexy e suas dançarinas que mostram o que um “suculento bumbum africano”, nas palavras dela, é capaz de fazer ao som do DJ Hi Tek.

A apresentação do Die Antwoord foi pra cima o tempo inteiro, com destaques para Happy go Sucky Fucky, Pitbull Terrier, Rich Bitch e o hit Ugly Boy, que rendeu um dos clipes mais legais da dupla. Quando passarem pelo Brasil, não deixem de conferir o show dessa turma!

Disclosure

E para fechar nossa listinha de shows, vale a pena falar como o Disclosure fez uma balada gigante, fez a laranjona do Roskilde ser espremida ao som de muitos bits e samplers. O Disclosure era uma das atrações mais esperadas, pois toda hora eu ouvia dinamarquês falando deles. Era na fila do rango, do banheiro e no trem, todo mundo esperando ansiosamente pela apresentação dos caras.
De fato, a dupla inglesa não brinca em serviço. a plateia não ficou parada um instante  com o som moderno e arrojado que vinha do palco.
Destaque para a faixa “when the fire starts to burn”, motivo de gritaria, histerismo e loucuras na plateia.

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