Hoje é dia de contar como é a experiência do Respect Festival 2018, que rolou durante o feriado de Páscoa este ano (29/03 a 01/04). Nosso enviado especial, o Fotógrafo Cauê Diniz, faz um relato cheio de detalhes da sua experiência neste festival de eletrônica, que realizou sua 12ª edição este ano. Neste texto sobre o Respect Festival, você vai encontrar boas vibes, boas impressões e boas histórias.

Respect Festival 2018: 3 dias de eletrônico non-stop, areia e uma câmera afogada – Por Cauê Diniz

Praia, 3 dias, trance 24h – faça chuva ou sol. Se tivéssemos que resumir a experiência de estar na Respect, essa talvez pudesse ser uma linha. Mas os festivais sempre nos rendem histórias melhores.

A partir de agora, a cada mês vamos contar, aqui no Festivalando, a experiência completa de um festival brazuca – passando por todos os gêneros e estilos (rock, eletrônico, mpb…). Este que vos fala viajará nossa querida terrinha tentando transmitir o feeling, as alegrias e os perrengues de festivalar pelo Brasil. Tudo isso traduzido em imagens.

E o Respect Festival 2018 foi um digno começo: chinelo perdido, amigo encontrado, barraca alagada, pedido de casamento na pista e uma câmera fotográfica afogada – pacote completo!

respect festival
Respect Festival 2018. Ph: Cauê Diniz

Festivais vêm e vão no Brasil… mas o Trance (e o Respect) resistem!

Antes de mais nada, é preciso fazer justiça com a cena Trance. Não precisa puxar muito na memória pra lembrar de algum festival gringo que veio pra cá, fez aquela puta barulho em 1 ou 2 edições e depois não deu mais notícias. É tipo aquele crush-arrasa-quarteirão que te vira a cabeça na viagem de verão e depois some com mesma habilidade, te deixando apenas com as parcelas da passagem pra pagar.

Porém, os festivais de música eletrônica seguem na contramão desta triste tendência. São muitos que se consolidaram no país. Há mais de 15 anos, algumas raves brasileiras começaram a evoluir para o formato dos Festivais europeus. O marco desta transição foi quando começaram a colocar o público em um “ecossistema comum”, com opção de acampar, vivenciar espaços alternativos e experimentar uma proposta de desconexão com o mundo.

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Respect Festival 2018. Ph: Cauê Diniz

Além disso, é importante notar que esses festivais não só seguem de forma ininterrupta, até os dias de hoje, como se multiplicaram. Pensando somente no ano de 2018, num levantamento rápido, dá pra contar mais de 10 dos festivais de trance pelo país.

Também conta muito o fato de estes festivais terem locações espetaculates. Geralmente, em lugares de paisagens fodásticas (tem até festival no alto da Chapada Diamantina, o Ressonar). Sem trocadilhos, a Respect é um dos mais respeitados destes festivais, junto de outros como Universo Parallello e Mundo de Oz.

O que rolou de som no Respect Festival 2018

Primeiro, nossa passagem se deu pela pista principal, que se abriu às 02:00 da manhã de quinta para sexta-feira Santa. A música só parou aí às 18:00 de Domingo de Páscoa. (Ok, rolou um breve intervalo de 2h no amanhecer do sábado. Talvez para forçar os mais exaltados a darem um break, rs).

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Respect Festival 2018. Ph: Cauê Diniz

Durante o dia, vertentes do full-on e progressive trance fizeram a alegria. Depois de escurecer, o som começava a ir ficando mais pesadinho. O dark trance começava a invadir, iam subindo os bpms … até entrar madrugada à dentro!

Depois disso, as variantes mais frenéticas, como o forest e o (para mim) “impossível-de-ficar-na-pista”, chamado hi-tech, apareciam. Uma das descrições que ouvi para este último estilo foi “parece um acidente de trem com um avião”. “Bruxaria” também foi carinhosamente usado para se referir ao estilo, que por outro lado tinha seus fiéis adeptos, aplaudindo ao fim de cada alucinógeno set. Tudo isso enquanto o resto do festival tentava dormir nas barracas, que ficavam numa área atrás do palco.

Sem dúvida, o ponto alto foi no fim do sábado, com a apresentação ao vivo do duo Hilight Tribe, que levantou a galera. O duo segurou assim por mais de 2h de live act,  misturando vocais (que por vezes lembravam mantras) e instrumentos ao vivo, com batidas nervosas.

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Respect Festival 2018. Ph: Cauê Diniz
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Respect Festival 2018. Ph: Cauê Diniz

Também rolou muita animação no palco alternativo. Nele, sons de outros bpms se alternavam com bandas. Quem chegou cedo na quinta pode pegar o forró animado do carismático Peixe Elétrico. No sábado, Rodrigo Bento passou com suas brasilidades. Já na sexta, o Pink Floyd Cover fez uma apresentação com tenda cheia, no início da noite.

Chuva torrencial e a parte onde acampar em festival é desafiador

Porém, nem tudo são flores. Logo no primeiro dia, uma chuva monstruosa começou por volta das 20:00. Só foi dar sossego depois da meia noite, pegando a galera desprevenida justamente quando estavam chegando para montar suas barracas.

Contudo,por sorte nós já finalizávamos a montagem do nosso acampamento quando ela veio. Mas a alegria durou pouco. Pois, em questão de 1h de chuva pesada e ininterrupta, as barracas começaram a mostrar suas fraquezas: água infiltrando por cantos, paredes, teto.

Uma câmera afogada..

Porém, o pior de barraca é aquela água que você não percebe que entrou. Está lá, quietinha, embaixo de algo. Bom… neste caso, o “algo” foi justamente uma bolsa de couro onde estava minha câmera fotográfica. O líquido foi sorrateiramente infiltrando pela bolsa, até chegar na câmera, que ficou justo com a parte da bateria em “infusão” (chazinho, manja?) por um bom tempo.

Enfim, o resultado vocês já devem imaginar: Sexta de manhã, primeiro dia efetivo de festival, pego a câmera feliz da vida, empolgadão pra clicar, ligo e…. pisca, acende, apaga, sai clicando sozinha, desenfreadamente. Curto-circuito geral.


Diante disso, não haveria outra frase a ser dita a não ser “danou-se”. O desespero tomou conta do meu ser. Normalmente, costumo andar com 1 ou até 2 máquinas de backup. Mas a logística do evento, somada às constantes histórias de “ano passado abriram minha barraca”, me fizeram descer só com uma Canon 6D.

Mas aí, veio à cabeça a primeira solução: ok, vamos clicar de iPhone. Você não dá aula de fotografia?

Se vira, malandro!

Logo de cara, uma cena imperdível: um pedido de casamento em plena pista.

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Respect festival 2018. Ph: Cauê Diniz

Com isso, já me animei, e os clicks foram saindo…

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Respect Festival 2018. Ph: Cauê Diniz

Na sequência, Mari, (aquela namorada gente-fina-nível-5 do seu brother, sabe?) sentiu minha tristeza e brotou da barraca com uma GoPro, de cartão vazio e bateria cheia. Ok, já temos 2 visões diferentes, boa!

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Respect Festival 2018. Ph: Cauê Diniz

Dessa maneira, segui clicando com o que estava à mão. E também continuei cutucando os fotógrafos presentes, pra ver se alguém emprestaria ou alugaria um corpo de câmera Canon (já que as lentes estavam por lá ainda).

Assim, foi em uma dessas que conheci Felipe, um curitibano mais do que gente boa. Depois de meia hora de papo fotográfico, topou me emprestar a Nikon mais festivaleira que vi na vida: pelo menos 20 pulseiras de festivais adornavam sua correia.

Finalmente, é preciso falar sobre um detalhe sobre este empréstimo: Felipe me emprestou a câmera sem saber meu endereço, telefone, antecedentes…. (somente na base da confiança + um leve aluguel acertado em troca de uma das substâncias psicodélicas que alguns hippies vendiam no local, rsrs).

Um fluxo de camaradagem e boas vibes

Contudo, a história das câmeras ainda não acabou. No dia seguinte, encontro Bia, amiga que é do universo trance há anos e trabalhava na festa. Ela me leva à outro rapaz, que tinha uma Canon, mas estava lá pra cuidar de umas das barracas de alimentação. Feito!

Apesar de todos os perrengues, pude fazer os clicks, graças a este fluxo de camaradagem que só um Festival proporcionaria. A galeria completa, com o resultado destas fotos está aqui.  Você vai encontrar os clicks dos climas vividos nesses 3 dias – a vibe, os personagens e os momentos inusitados!

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Respect Festival 2018. Ph: Cauê Diniz

Então, parece que para esta primeira cobertura do projeto “12 meses, 12 festivais”, voltamos com boas histórias. Bora nos acompanhar nas próximas?

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