Disappointed AND surprised é como me sinto quando tento resumir como foi o Popload 2018. Fico tentando entender o que faz um festival que privilegia o conforto e dá garrafa de água como cortesia passar a cobrar preços diferentes de bebida e comida conforme o setor e também cobrar para evitar fila em bar ou entrar antes de todo mundo.

Claramente as coisas mudaram e aquele Popload Light de 2014 lá na Audio já não existe mais. Ele cresceu bastante, o que é ótimo, e com isso ganhou uma outra cara, o que é natural em processos de mudança. Mas não é o tipo de mudança vista este ano que se espera.

popload 2018
Fabrício Vianna/Divulgação/Popload

O Proconload

Dois dias antes do Popload 2019, todo mundo se surpreendeu com a divulgação de tabelas de preços diferentes para alimentos e bebidas na pista comum e na prime. Mais precisamente, preços entre R$ 2 (para bebidas) e R$ 5 (para alimentos) mais baratos pra quem fosse de pista prime.

Naturalmente, xingaram muito no Twitter e no Face. Não só porque isso ainda não havia sido observado em outros eventos do tipo por aqui mas também porque a prática vai contra o Código de Defesa do Consumidor. O Procon-SP, inclusive, disse que está apurando o caso, juntamente com as queixas individuais que chegaram até o órgão pela internet.

Mais surpreendente foi ver que a cobrança diferenciada de fato ocorreu e que o festival não fez um movimento sequer para dialogar com o público que reclamava. Algo semelhante ao que aconteceu no ano passado quando houve um mega atraso na entrega das pulseiras. As redes sociais serviram só como canal unilateral, numa época em que a comunicação entre pessoas, marcas e organizações é tão simples e horizontal.

Quem usou a permissão pra entrar com alimento e água lacrados talvez tenha conseguido driblar essa situação. Eu, pelo menos, gastei inestimáveis ZERO reais lá dentro graças a um bebedouro, aos snacks e biscoitos que levei na bolsa e um pacote de cookies que estava sendo distribuído nos arredores do festival.

Outros problemas

Fora o problema dos preços, o Popload ainda precisa melhorar também os espaços de sombra e descanso. Com um festival mais lotado que no ano passado, parece que este já não é só um problema de concepção do espaço como também do local onde é realizado. Talvez o Memorial fique pequeno dentro de pouco tempo pro Popload.

Houve ainda uma piora na qualidade dos banheiros na pista. Enquanto no ano passado eles eram de água corrente, com água e sabão, neste ano o que havia eram os horríveis banheiros químicos.

O Poplorde

Mas vamos falar agora de coisa boa? Felizmente, um festival é antes de tudo um monte de artista tocando um atrás do outro e eles raramente no desapontam. E quando surpreendem, é para o bem.

popload 2018
Oswaldo Corneti/Popload/Divulgação

Lorde fez um show memorável, honrando cada letra que ocupou como principal headliner no cartaz do Popload 2018. É uma artista tremenda, com performance de palco muito bem construída, praticamente magnética (como tirar os olhos dela, gente?). É expressiva, responde bem ao seu público fervoroso, talento vocal, letras que dizem muito pra quem a acompanha.

A grandeza do show que ela entregou quase não coube no Memorial. Seguraria bem o posto de headliner no Lolla ou no Rock in Rio.

Outro ícone, Debbie Harry e seu Blondie fizeram valer a espera de décadas e tocaram o que todo mundo queria ouvir (os fãs mais iniciados talvez tenham sentido a falta de alguma coisa).

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Fabrício Vianna/Popload/Divulgação

O MGMT só não fez um show melhor por causa do horário. Com um apelo visual lisérgico no ponto, teria sido lindo viajar naqueles efeitos visuais à noite. E o Death Cab For Cutie foi responsável por vários momentos cute, com um público sensibilizado por outro show também inédito no Brasil (como o Blondie) e pelo vocalista Ben, que precisou entrar no palco escorado em um roadie e fazer o show sentado devido a problemas de saúde.

Patrocínio bem usado outra vez

Por mais um ano, a cerveja patrocinadora do festival usou seu espaço de visibilidade pra realmente entregar valor pro público. Depois de levar duas atrações surpresa em 2017 (Iza e Alunageorge), a marca chamou um monte de gente boa da cena indie/rock/MPB para preencher os espaços do palco principal com versões de sucessos de atrações anteriores do Popload.

popload 2018
Fabrício Vianna/Popload/Divulgação

Liniker e o Terno deu muita liga (com versões de Tame Impala e Ava Rocha), Céu e Tropkillaz colocaram ginga nos hits de Metronomy e The XX e Superbanda formada por Emmily Barreto, Jaloo, dentre outros, relembrou com respeito a passagem de Iggy Pop pelo festival. Só faltou a rede Wi-Fi liberada pro público participar da ação funcionar com estabilidade.

E as demais atrações?

Com a política de preços diferenciada, foi quase mandatório almoçar bem antes de ir pro Popload 2018. Consequentemente, Letrux e Mallu + Tim ficaram pra uma próxima. O At the Drive-In, meio deslocado do tom geral do lineup, foi minha trilha sonora so vivo enquanto eu esperava na fila da pulseira de barriga cheia.

Tem mais Popload 2018 nos stories do Festivalando. Vai lá nos destaques pra ver 😉

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2 Comments

  • renan esteves
    Posted 17 de novembro de 2018

    Onde que você achou bebedouro no Popload? Eu procurei, pedi informações para o pessoal do Memorial, e não obtive resposta. A sorte foi que levei muitos copos de água dentro da mochila e foi tranquilo segurar a onda até o final. Você tinha que ser a embaixadora oficial dos bebedouros no Popload ou de algum comercial da água oficial do festival, hehe. Olha,o wifi deveria ter sido expandido pra toda área do Memorial, pois só consegui me conectar na hora do show da Malu e do Tim e após o show do Blondie, quando fiquei na área do Palco Heineken Jukebox. Para o público que não arredou o pé da plateia, ficou difícil ter acesso à internet. Sobre os banheiros nem vou falar nada, pois tenho saudade da época em que era na Audio.

    Sobre os shows, o show da Malu Magalhães e do Tim Bernardes foi tão morno que a forte chuva esfriou de vez a apresentação, o que me fez ficar todo ensopado. At the Drive-In fez um show espetacular, tanto que o som veio e secou a galera que pegou chuva. Que vibe louca naquele show! O Death Cab fez um dos shows mais emocionantes do festival. MGMT achei regular e Blondie fez um show bom, mas que teve algumas oscilações por conta da Debbie Harry que não tem mais aquele vigor lá dos anos 70/80. A sua banda é muito competente e entrosada e que sem dúvida nenhuma foi um dos pontos mais altos do show. E a Lorde fez uma apresentação pra ninguém colocar defeito. Não sou muito de assistir a concertos pops, mas esse show está na minha lista de melhores do ano. Simpatia, interação e presença de palco impressionante. Ainda fico na dúvida se consegue ser um headline de RIR, talvez co-headliner para pegar experiência para futuras ocasiões.

    Por não ter achado o bebedouro eu até me perdoo, mas não me conformo em ter apenas quatro estações separando a Barra Funda da República, pois nem deu tempo pra conversar contigo. Na hora que começou a conversa, fim da linha. Eu fiquei rindo depois que você foi embora, pois foi tudo rápido que assim que te cumprimentei, o trem parou na República. Mas deixa pra próxima, né?

    • Priscila Brito
      Posted 19 de novembro de 2018

      Então, os bebedouros eram na prime, e mesmo assim estavam escondidos atrás de um dos bares. Não estavam na principal área de circulação. Tentei achar na área da pista também, mas não encontrei. Ou eles não existem ou estavam ainda mais escondidos.

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