E lá vamos nós falar de festivais cancelados no Brasil novamente. Desta vez, em razão do cancelamento do Primavera Sound. Na sexta (30), o festival anunciou o cancelamento de suas edições em São Paulo, Buenos Aires, Montevidéu e Assunção alegando “dificuldades externas que nos impedem de realizar os eventos com o nível que o público que tanto nos apoia merece”.
Parecia um desfecho cada vez mais provável a julgar pelo desenrolar dos últimos dois meses: line up atrasado, silêncio nos canais oficiais e confirmação de inúmeros shows solo de artistas com perfil do Primavera no mesmo mês do festival.
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Uma história conhecida
O assunto já está recorrente o bastante aqui no Festivalando para sabermos que este não é um capítulo inédito na história recente dos festivais. O Primavera Sound se torna mais um personagem da trama que também cancelou neste ano Rep Festival, XXXPerience, Setembro Negro, MITA, Doce Maravilha e Weehoo.
Há ainda os personagens sem fala dessa história. GRLS!, Popload, Breve Festival e GP Week são festivais que deixaram de acontecer em 2024 sem comunicar ao seu público o porquê de sua ausência no calendário de eventos.
Custos altos de produção e logística, escalada no preço dos cachês, concorrência entre eventos e patrocínio, preço alto dos ingressos, poder de compra limitado do público são os motivos para a derrubada de festivais no Brasil e no exterior — inclusive, também na sexta, o festival californiano Desert Daze foi cancelado; o fundador, Phil Pirrone, explicou ao LA Times que os altos custos de produção, baixa venda de ingressos e volatilidade do mercado de festivais provocaram o cancelamento.
Uma história própria
Mas é importante lembrar que o cancelamento de quatro eventos do Primavera Sound na América do Sul segue uma trama própria, que envolve a suspensão de outros eventos da marca.
Em dezembro de 2023, o festival havia anunciado em seu site que, em 2024, além de São Paulo, Buenos Aires, Montevidéu e Assunção, haveria também o evento Road To Primavera em Bogotá, Santiago e Lima. Sem sequer ter confirmado as datas nessas cidades, não houve menção a esses planos na nota de cancelamento publicada no último dia 30.
Além disso, as edições de Los Angeles (2022) e Madri (2023) não tiveram continuidade. O plano de realizar o festival em Barcelona por dois fins de semana também não foi concretizado: a prefeitura da cidade não liberou.
O próximo capítulo
Na nota de cancelamento, o Primavera Sound deixou claro que pretende voltar a acontecer na região. “Com a convicção e a esperança de que o Primavera Sound volte mais forte para a América Latina, já estamos olhando para o futuro para que isso aconteça o mais rápido possível”, finaliza a publicação.
O que significaria voltar mais forte? A comunidade do Festivalando no Twitter tem uma opinião a respeito. Nos últimos dias antes da suspensão da rede social no Brasil, nas conversas sobre a até então indefinição do festival na América do Sul, foi recorrente um tipo de comentário: o Primavera poderia ser realizado de dois em dois anos.
Sendo um festival que ainda precisa ganhar mais nome no país, e diante da grande quantidade de festivais e dificuldade de se entregar ano após ano uma programação sempre atraente, há uma parte do público que preferiria ver o Primavera Sound acontecer em anos alternados.
O quanto isso se alinha aos planos do festival, não se sabe. Mas, além de ser um raciocínio que reflete o modelo adotado pelo maior festival do país — o Rock in Rio —, portanto, baseado na experiência local, é também um recado do público que traz uma mensagem implícita: queremos ir em festivais, mas há eventos demais, dinheiro de menos, e este parece ser um modelo para equilibrar essa equação.
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Crédito da imagem em destaque: Flashbang/Divulgação
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