Desde que eu iniciei a jornada europeia do Festivalando, na Dinamarca, para acompanhar o Roskilde, tenho me deparado com um pessoal fanático pelo Amon Amarth, banda sueca de death melódico formada nos aos 1990. Eles são realmente grandes e adorados por aqui. E desde que eu pus meus pés no festival Brutal Assault, em minha primeira imersão intensiva em um festival de heavy metal, tenho reforçado minha impressão de como o gênero, ao vivo, aposta bastante na teatralidade das performances.

Pois estes dois elementos se colidiram quando os suecos em questão subiram ao palco do Brutal Assault no terceiro dia de festival. Com um espetáculo meticulosamente armado e programado (exatamente como a Gra havia visto um fim de semana antes, no Wacken), a banda foi a banda que mais obteve resposta calorosa do comumente frio público europeu, justificando seu posto de segundo principal headliner do festival – no cartaz oficial, apenas o nome do Slayer vinha antes do Amon Amarth.

Fazendo o viking (é sobre a mitologia escandinava que versam grande parte das músicas da banda), o vocalista Johan Hegg bebeu (ou fingiu beber) cerveja direto de um chifre, cantou de cima de um dos dragões que compõem a cenografia do show, empunhou um martelo gigante semelhante ao que seus antepassados utilizaram e se dirigiu diversas vezes ao público com a voz engrossada para despejar elogios simpáticos do tipo “you’re fucking viking”. Impecavelmente alinhado com os guitarristas, bateu o cabelo compondo uma trinca de fios loiros esvoaçantes dignos de uma propaganda de shampoo (sério. Por que só as moças têm que esbanjar os fios lindos nesses comerciais?). Tudo isso entremeado com muitos fogos, faíscas, jogos de luzes, os já mencionados dragões e muitos riffs e solos que formam uma colagem do que já se ouviu no metal básico algum tempo atrás – caso de “We Shall Destroy”, “Deceiver of the Gods”, “Guardians of Asgaard” e “The Pursuit of Vikings”. O público reagiu a tudo eufórico, vibrando com as mãos pra cima e pulando, em momento raro de animação coletiva.

Nada que fique devendo, na forma, a um espetáculo típico de um ídolo pop ou de nomes do próprio metal, como o Iron Maiden, referência clara do Amon Amarth. Mas isso não chega a ser demérito dos suecos. Como repetiu várias vezes o vocalista da banda canadense The Devin Townsend Project, atração anterior à “Mão na Marta” (piada interna do Festivalando): “heavy metal is a fucking serious business” e o Amon Amarth leva o negócio muito a sério e é competente em entregar para o público um espetáculo que o formato open air costuma pedir.

Eu, que assisti “de camarote”, lá do alto, na arquibancada natural do festival, ri e me diverti com os clichês que vi. Saí satisfeita e achei que foi um bom negócio.

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