Antes de qualquer coisa, preciso avisar você, queridx leitorx : gosto é algo pessoal. Portanto, não digo que o conteúdo venenoso que será destilado logo a seguir seja a verdade absoluta do universo. Você pode e deve discordar, contra argumentar, etc etc etc! Mas, posso lhe dizer que pelo menos minha comparsa festivaleira, a Pri concorda comigo. O Sziget – um dos maiores festivais de pop da Europa que acontece anualmente em Budapeste – é muito barango. Podem falar que ele ganhou o prêmio de melhor festival europeu de 2014. Para mim não interessa – a maioria e os juris às vezes fazem escolhas idiotas, por que não? Para mim, Sziget poderia ser campeão caso existisse o prêmio ” festival lama”, “festival erro”, “festival barango” . E o conceito da baraganguice do Sziget pode ser muito bem apreendido a partir do vídeo que preparamos para mostrar as festas barangas, avulsas e sem noção.

 

festas  do Sziget

 

Festa do balão, festa da bolha de sabão, festa da bola de praia, festa das cores, festa do catavento… vou contar uma história para vocês: há muito tempo atrás, quando começamos a faculdade de Comunicação Social na UFMG, nosso curso tinha quatro habilitações ou “especialidades”. Dentre elas estavam o jornalismo, publicidade, rádio e tv e o tal do RP, ou relações públicas. Por desconhecimento das atividades dos RPs, todos os demais estudantes das outras habilitações zuavam muito: ” Ah, RP faz festa, organiza evento, enche balão! Pronto!” – hahahaha, sabemos que nossos queridos amigos RP exercem um papel crucial em muitas das etapas da comunicação hoje em dia. Mas, que todos eles me perdoem: a primeira coisa que me veio à cabeça na contagem regressiva para a festa de soltar o balão no Sziget foi ” Caralho, que coisa de RP!”.

Brincadeiras a parte com os profissionais das relações públicas, ninguém merece essas festas avulsas do Sziget. Para mim todas elas eram um convite de celebração ao vazio da existência, à futilidade da vida. E como disse, não tenho essa opinião “do contra” só pelo fato de ser uma pessoa metaleira no meio de um festival de pop. A Pri e Paula, companheiras open mind na vida e na música também tiveram a mesma impressão. O negócio não tem sentido, não tem propósito. Entregar bandeiras e fazer todo mundo balançar ao mesmo tempo? Fazer todo mundo sujar uns aos outros com aqueles pós coloridos horríveis? Fazer todo mundo soltar bolhinha de sabão na cara do outro? Olha, ficou um espetáculo de resultado para os vídeos de fim de festival, matérias de TV, etc. Um resultado de estética questionável, entretanto. ( tão questionável quanto o movimento de edição que faço com um dos clipes do vídeo editado… mas bem com esse propósito barango de ser e existir, hahahaha).

O tempo todo antes das festas o MC do Sziget falava em “sentimento de estar junto”, “coletividade”, “somos um”. Olha, me poupe! A maioria agindo no modo automático, trêbado e ultra drogado, soltando balãozinho ao mesmo tempo vai criar sentimento coletivo? Me poupe… soltou o balãozinho e já tá empurrando, de forma mais egoísta possível, o coleguinha da frente que tava de boa vendo o show. Outra coisa que essas festas avulsas e bizarras me fazem pensar é: para aonde foi a espontaneidade das pessoas? No Roskilde eu vi claramente que não existia nada tão centralizado para “organizar manifestações de alegria”. Tinham coisas barangas, mas coisas barangas originais pensadas por um sujeito, uma pessoa. Já no Sziget tinha a grande “Frutella” ( referência às cores usadas pelo Sziget, que lembram a bala Frutella de morango com creme) que lhe diz como você deve festejar, e por quanto tempo você deve festejar daquela maneira.

Por mais espontaneidade e menos festas barangas em festivais uó. Sziget, apenas pare! Tá feio!

 

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