Um comparativo festivais de metal escandinavos não seria possível se eu levasse em conta o sentimento que tenho por eles. Pois eu diria que eles são incomparáveis – logo, você precisaria ir em todos! hahaha. Porém, é possível colocá-los lado a lado e destacar algumas características que vão te ajudar a decidir. Essa é a nossa intenção com o post de hoje. É bom deixar claro, para quem vai argumentar sobre um monte de outros festivais que podem ser muito legais também: vamos comparar apenas aqueles festivais nos quais já estivemos.

A Escandinávia foi, de alguma maneira, um destino privilegiado aqui no Festivalando, pois eu morei durante um ano na região, o que possibilitou o meu deslocamento pelos vários festivais. Assim, rolou de conhecer o Sweden Rock, Copenhell, Metal Magic, Aalborg Metal Fest. Os dois primeiros, os maiores festivais escandinavos dedicados ao estilo. Já os outros, um pouco menores, coadjuvantes nas terras vikings. Mas, caso a sua ideia seja viajar para a escandinávia e ir a algum festival enquanto estiver por lá, esse comparativo  pode ser bem legal.

Inferno festival – Oslo (NO), abril

O Inferno é um dos festivais diferentões desta lista, pois ele é um dos únicos que acontecem em várias casas de shows, sendo por excelência um festival indoor. Ele também é bem específico para os fãs de música pesada. Não pense que encontrará no lineup bandas de heavy metal como Iron Maiden, por exemplo. O produto musical norueguês por excelência é o black metal. Portanto, você vai encontrar boas doses desse sub-gênero do metal por lá. Caso você não esteja tão familiarizado com nomes como Abbath, Taake, Satyricon etc, talvez não seja uma boa ideia.

Em termos de possibilidades turísticas, eu diria que o Inferno Festival é maravilhoso. Primeiro, porque os shows acontecem no final da tarde até a noite, o que te permite transitar por pontos turísticos convencionais durante o dia. Agora, a própria maneira como o festival se organiza – em várias casas de show da cidade – faz com que as pessoas se desloquem, conheçam a cidade e interajam mais com os locais.

Em termos de preço, este é um dos festivais mais caro. Não pelo ingresso, mas sim pelo custo de tudo lá dentro – cerveja e comida são bem caros nas várias casas de show onde o Inferno acontece. Oslo é uma das capitais mais caras para se hospedar, comer e se deslocar. Já em termos de estrutura, assim como variam as casas onde ocorrem o show, a estrutura também varia. Assim, pode ser que você esteja em um dia no Vulkan, uma das casas de show mais modernas em que já estive; e no outro dia, você pode estar em uma casa mais antiga como a Rockefeller.

Em nosso ranking, o Inferno ganhou boa nota. Mais detalhes no quadro abaixo:

Sweden Rock – Sölvesborg (SE), junho

Este é um dos festivais mais imbatíveis aqui no Festivalando, em vários aspectos. Não é só porque até hoje nenhum festival conseguiu nota maior do que ele no Festivalômetro. O Sweden Rock é um dos poucos que conseguiram construir uma identidade própria e criar um vínculo forte com o seu público. Na verdade, ele é feito pensando nesse público e, por isso, proporciona experiências que sempre fazem os festivalgoers quererem voltar na próxima edição. Ou seja, cuidado, pois uma vez no Sweden Rock, você não vai querer deixar de ir nunca mais.

O Sweden Rock também tem um caráter bem específico, e uma das suas maiores forças está no lineup. Sabe aqueles grupos de rock clássico dos anos 70 e 80, os quais você não tinha imaginado que ainda existiam, ou também aqueles que você sabia que já estavam fora de atividade? Pois é, o Sweden Rock consegue levantar difunto, hahaha. Não só traz grupos que não tocavam juntos há tempos, e se reúnem apenas para o festival, como também traz as bandas que te deixam naquele clima saudosista.

Clássico e bem organizado

O lineup é clássico, por excelência, mas também existem palcos abertos a atrações de outras vertentes do metal, de surgimento mais recente. Há uma boa variedade de sub-gêneros, tanto dos mais pesados aos quase pop. Talvez seja o festival mais palatável para muita gente que nunca se aventurou nessa selva festivaleira. Certamente vão encontrar alguma atração que vai agradar.

Em termos de estrutura, o Sweden Rock dá show. Festival limpo, muito bem organizado, com campings excelentes. Porém, não é um dos mais favoráveis a fazer turismo, pois não há atrações que apelem tanto à nossa atenção muito por perto. É um festival muito gostoso para acampar, mas também é possível encontrar lugares para dormir por perto, com boas conexões de transporte.

Dentre os festivais escandinavos, é um dos mais baratos, em termos de custo e benefício – paga-se um valor de ingresso parecido com os demais festivais, porém com mais dias e mais atrações. Quando se acampa, é possível comprar comida barata nos supermercados. Os preços das comidas dentro do festival não são os melhores, mas não tão caros quanto os do Inferno Festival.

Olha só como eles são campeões em quase tudo no Festivalômetro:

Copenhell – Copenhague (DK), junho

O Copenhell tem presença ainda tímida, comparando-se aos demais festivais da Europa. Mas o plano é se tornar grande, o que a cada dia fica bem claro. Por exemplo, na edição em que estive, o lineup tinha simplesmente Black Sabbath, King Diamond, Rival Sons e outros grupos famosos. Muito bem organizado, o Copenhell ainda está caminahndo para construir melhor sua identidade e vínculo com os fãs. Afinal, é muito difícil bater o tradicional Roskilde nesse quesito. Porém, eles estão muito bem. Conseguem oferecer algumas atividades imersivas interessantes, como o banho viking, tavernas, área para destruir carros, e outras coisas que só poderiam vir da cabeça de dinamarqueses.

Em termos de possibilidades turísticas, o Copenhell é maravilhoso. Você pode curtir o turismo pela capital dinamarquesa pela manhã, e aproveitar as ótimas conexões de transporte para ir e voltar ao festival quando bem entender. Copenhague é ainda uma cidade cheia de points rock n roll para aproveitar enquanto estiver por lá. O festival possui camping, mas a estadia no centro da capital dinamarquesa é também uma opção possível e recomendável, quando se tem grana.

A estrutura do Copenhell é bem legal, deixando a desejar somente em alguns quesitos como segurança – o pessoal é bem light nisso, até porque nunca acontecem coisas por lá… mas vai que, né? No geral, é um festival com preços razoáveis, principalmente da cerveja – a mais barata de todos os festivais escandinavos! Veja como eles ficaram no nosso ranking dos festivais:

Metal Magic – Fredericia (DK), julho

Este é um dos festivais mais underground da Dinamarca. Não é muito conhecido no circuito dos festivais e tem um lineup repleto de bandas locais menos em voga. Porém, sempre há bandas consagradas tocando como headliner. Já passaram por aí Girlschool e Candlemass na edição em que eu estive, por exemplo. O Metal Magic é um festival indoor/outdoor, pois há shows em um palco externo e outro dentro da casa. É talvez um dos menores festivais em que estive, com ambiente que faz a gente se aproximar mais dos locais, ter mais oportunidades para conversar calmamente e conhecer mais da cultura local.

O turismo não é o forte da cidade de Fredericia, que fica há menos de 3 horas da capital dinamarquesa. Mas é possível caminhar pela cidade e beber boa cerveja, com bons preços até. Tudo é muito facilitado pelas ótimas conexões de trem, o que torna possível estar em Copenhague e fazer um giro turístico antes ou durante o festival.

No quesito estrtura, eles ainda são bem underground, como disse. Não possuem a casa de show mais moderna. Na verdade, vê-se até mesmo suja e deteriorada. Não há muitas opções de comida e o supermercado não fica tão perto do local. Mas ninguém morre de fome ou sede aí. Veja como se saíram na avaliação feita no Festivalômetro:

Aalborg Metal Fest – Aalborg (DK), dezembro

Aalborg Metal Fest é um dos festivais mais aconchegantes em que já estive. É indoor e está em uma cidade linda, cheia de história e pontos turísticos muito interessantes. Aalborg é uma cidade pela qual você vai se apaixonar. Porém, o festival ainda é pequeno em comparação com outros. O lineup é construído com uma boa base de bandas locais e também possui um pegada mais extrema.

Na edição em que estive, tocaram bandas como Hatebreed, Cannibal Corpse, Aeon, Dark Tranquility e outros. Os shows acontecem durante o dia, e à noite também. Tudo é muito gelado afora, mas a casa de shows está sempre muito aquecida e aconhegante. Pode-se beber muita coisa boa dentro da casa, inclusive café, mas não se pode comer muito bem aí. No entanto, os concertos acontecem perto do centro da cidade, repleto de restaurantes e também de opções de fast-food.

Como disse, é um festival central e numa cidade totalmente turística. Além disso, ele acontece na época em que a Carlsberg (cerveja dinamarquesa) de natal é lançada, o que significa uma grande festa pela cidade. Você certamente vai se envovler e adorar.

Pra saber como o festival se saiu no festivalômetro, dê uma olhadinha aqui:

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3 Comments

  • Renan
    Posted 15 de maio de 2017

    Você foi ao Maximus neste fim de semana? Notei que você ainda não tinha dito nada aqui à respeito do evento. Só sei que o festival conseguiu se superar este ano e acho que se saiu bem melhor que na edição passada, mesmo com toda essa polêmica dos ingressos neste ano.

  • André Non Serviam
    Posted 20 de maio de 2017

    O Metal Magic é um festival maravilhoso. O povo é muito amigável e receptivo. Sou viciado neste festival e enquanto eu poder ir, eu irei….. Parabéns pelo festivalando, continuem assim.

    • Gracielle Fonseca
      Posted 21 de maio de 2017

      Acho o clima muito massa, tão massa que não importam algumas questões de estrutura. Lembro de você lá, André!! Foi um prazer te conhecer =)Espero um dia poder voltar lá também!

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