Para pegar geral? Ou para acompanhar o [email protected]? Ou seria para chapar e ficar muito [email protected]? Certamente, esses não eram os meus motivos.
Mas provavelmente eram motivos de grande parte dos Szitzens (referência a “cidadãos” em inglês) – nome barango dado àqueles que compraram o passe para a semana toda do Sziget, festival que acontece em Budapeste, Hungria. Eles estavam ali por causa de tudo menos o espetáculo musical, que era pano de fundo para a balada.
Não quer dizer que a música tem que ser protagonista nos festivais o tempo inteiro, como vimos no Roskilde festival. Mas aí, o festival precisa segurar a onda em outros aspectos, o que não foi o caso do pretensioso festival de Budapeste.
O Sziget é um festival pop. Forçando a barra, pop-rock. Desde o início da nossa empreitada festivaleira, confesso que torci muito o meu nariz para ele. Do momento da compra do ingresso – os EUROnymous mais mal empregados da minha vida – até o momento do término do festival, ficou em mim a sensação de “ o que eu estou fazendo aqui?”. Afinal, o Heavy Metal é um estilo musical permeado por uma cultura e comunidade de gosto muito bem delimitados, o que não é tão comum no mundo pop, pelo menos ao meu ver.
Que comecem mil julgamentos do “você precisa se abrir e escutar de tudo”. Não, [email protected] Eu não preciso escutar de tudo só por que você “open mind” acha que eu devo. Todos são livres para fazer o que quiser com os ouvidos. E há ganhos e prejuízos nisso, como em tudo na vida.
O respeito à diversidade é o que importa. (Sempre falo que, se algum dia eu, do alto da minha metaleiragem for tocada por um samba, pode ter certeza que lá estarei ouvindo e quem sabe dançando.O problema é que até hoje eu não fui tocada. Nem pelo samba, nem por Jesus. E foda-se a máxima de “quem não gosta de samba bom sujeito não é”…).
E olha que dou chance aos meus ouvidos. Não ouço só Heavy Metal e seus derivados por conta do regimento interno da metaleiragem não. Existe uma predileção inegável pelo estilo. Mas, na verdade, ouço coisas diferentes, e gosto de muitas delas. Esse era o único motivo que de fato poderia me confortar em ir a um festival em que Heavy Metal passava longe. Tá certo que, o meu viés pelas coisas mais pesadas despertou meu interesse para alguns shows específicos do Sziget: Korn, Queens of the Stone Age, Prodigy, NOFX, e por que não Skrillex?
Mas, acompanhando minhas amigas entre um show e outro, ouvi coisas que me cativaram. Quem diria que eu gostaria de ouvir Manic Street Preachers, o Britpop do Britpop? Pois é, curti! E não só curti Manic Street Preachers, como gostei de ver o show do Placebo e até dancei no Skrillex!
A reflexão que faço é que, eu dificilmente pagaria para assistir a um show desses artistas separadamente. Talvez o do Placebo, pois tenho uma certa admiração por eles desde a adolescência. Dou então o meu braço a torcer, depois de torcer muito o nariz, para o fato de que um festival de pop te dá oportunidade de conhecer melhor alguns artistas. E, por não ter a concorrência metaleira, que quase sempre está na minha ordem de prioridade, ficou mais fácil estar aberta a essas experiências musicais no pop- e experiências de show, que é muito diferente de eu apenas clicar numa playlist de artistas pop no youtube.
Aí me perguntei: será que eu volto a um festival desse tipo? TALVEZ – mas não no Sziget, a gente já disse o porquê. E, vale lembrar que, esse ano, além de ir no Sziget também fui ao Popegoja ( baby indie festival na Suécia, lembram?). E só para constar, gostei muito mais do Popegoja!