No fim de março, resolvemos adentrar o Brasil em busca de festivais que não havíamos estado antes. O Respect Festival foi o primeiro deles. Então, com a ajuda do nosso colaborador e Fotógrafo Cauê Diniz, entramos em contato com um dos mais importantes e longevos festivais da cena eletrônica alternativa brasileira. Também avaliamos a estrutura dele, claro. Assim, hoje te contamos como é a estrutura do Respect Festival.

Como vocês já estão acostumadxs, em todos os festivais pelos quais passamos, sempre avaliamos como eles se saem na oferta de serviços os quais consideramos básicos, tipo hidratação e comida, transporte e informações.

Como é a estrutura do Respect Festival – Por Cauê Diniz

estrutura do respect festival
Respect Festival 2018. Ph: Cauê Diniz

Primeiramente, precisamos dizer que o Respect Festival segue a linha roots, apesar de ter uma história de 12 anos de existência. Assim, não é um festival que vai colocar o foco em estrutura extremamente moderna. Até mesmo pela proposta alternativa, as opções serão sempre voltadas para a sustentabilidade e reaproveitamento.

No entanto, sempre há coisas possíveis de oferecer na experiência dentro do festival, mesmo dentro desta proposta. Outras, contudo, trataremos de maneira relativizada.

Então, decidimos escrever um pouco sobre cada ponto da estrutura do Respect Festival 2018, com algumas observações especiais.

Visão geral da estrutura do Respect Festival 2018

Para começar, a pista principal é pé na areia. Ou seja, não estamos falando de um festival muito comum. Por lá, você vai encontar uma ótima área de sombra, ficando só a parte da frente sem cobertura pra quem quiser, literalmente, fritar, rsrs.

Já o palco chill-out, que passou a ser chamado de palco alternativo, tem tamanho confortável e é todo coberto. Embora na hora da chuva, o tecido esticado que faz as vezes de cobertura não tenha se mostrado exatamente impermeável.

Visual praiano

Parece meio óbvio dizer isso para um festival que era na praia. Mas, sim, é importante notar que o visual era de praia. Isso é interessante, pois muitos festivais de eletrônica tendem a levar uma parafernália gigante para a praia, que às vezes fica até descontextualizada. Contudo, não foi o caso do Respect.

Boa parte da estrutura do festival se baseou nas edificações de quiosque de praia. Então bar, posto médico, restaurante, caixas e banheiros são de alvenaria ou madeira, ou seja, no esquema “quiosque”. Desta maneira, havia uma unidade temática interessante que contribuía para o clima do festival.

Também foi dado um toque de classe com um balanço de madeira, que virava ponto de encontro para rodas de papo descontraídas. Além disso, o lugar tornou-se um playground para algumas das algumas crianças que acompanhavam os pais no festival se divertissem.

estrutura respect festival 2018
Tenda de redução de danos, Respect Festival 2018. Ph: Cauê Diniz

Além disso, havia uma tenda de redução de danos no festival. A ideia segue uma onda já existente na gringa: já que não tem jeito e as pessoas vão usar drogas, que testem antes e saibam o que estão colocando pra dentro. Sem hipocrisia.

Também vale destacar que rolou um mercado mix. Nele, havia várias lojinhas de moda, artesanato, penduricalhos diversos.

Camping um pouco complicado

A área de camping ficava numa parte gramada do terreno, com quase nenhuma sombra. Além disso, depois da forte chuva que caiu logo na quinta-feira, formaram-se áreas de alagamento no camping.

Então, com a situação complicada, vários grupos fugiram das barracas e lotaram todas as casas de temporada, pousadinhas e hostels no entorno. Por exmeplo, a minha barraca foi uma das que não aguentaram a chuva. Porém, a organização agiu e disponibilizou mais 3 campings ao lado do festival, sem custo para os participantes. Neste caso, pontuaram positivamente diante da rápida resolução do problema.

estrutura do respect festival
Respect Festival 2018. Ph: Cauê Diniz.
estrutura respect festival 2018
Respect Festival 2018. Ph: Cauê Diniz.

Estrutura do Respect Festival no Festivalômetro

Transporte

O festival rolou na parte sul dos 70km de extensão de Ilha Comprida, praia no litoral sul de SP. Embora exista uma ponte ligando o continente ao meio da ilha, o acesso à esta área é bem mais fácil por uma balsa à partir da vizinha Cananéia.

Por ser uma cidade bem pequena, até seria possível ir de ônibus até o centro e então a pé até a balsa. Porém, da saída da balsa até a festa, tínhamos 3km, o que acabava fazendo com que o melhor jeito de se chegar ao festival fosse realmente o carro (ou a carona amiga).

Diversas excursões independentes saíram de várias cidades de SP e do Paraná, o que acabava sendo a opção para os que não racharam a carona com amigos.

Informações

O site tem muitas informações detalhadas sobre o festival, bem como as redes sociais. Tudo o que foi de mais importante estava claro. Porém, o lineup e grade de horários demoraram bastante para serem anunciados. Assim, as pessoas não ficaram muito bem orientadas a respeito das atrações.

Já a organização do festival foi tranquila, com a sinalização necessária. No entanto, poderia haver mais sinalização sobre entradadas de artistas e público geral. Faltou, também, pessoas mais bem informadas para dar orientações.

Hidratação e comida

Não tinha água de graça! E não ter água de graça é um dos piores pecados para se cometer no mundo dos festivais. Ainda mais para um festival chamado Respect. Isso, infelizmente, impacta negativamente na nota do festival.

Apesar de ter cometido este erro, outros fluxos da estrutura estavam bem organizados. O bar era único, mas ainda assim tinha boa fluidez na maior parte dos momentos. Já o caixa, que ficava ao lado mas contava com 3 posições, fazia com que em alguns períodos do dia (como o meio das manhãs) fosse chato de comprar ficha.

Havia drinks a bons preços e opção de Heineken, além de Skol, foram bons pontos. Porém a falta da mesma gelada (e de gelo) aconteceu em 2 ocasiões, o que deixou alguns participantes de outros anos irritados, pois relataram estar vendo um falha que já havia acontecido.

Também foi montada uma praça de alimentação onde você encontrava hambúrgueres artesanais, yakissoba, rangos veganos, salgados, açaí e a cereja o bolo – o famoso tio do milho, rs. Além disso, sempre era possível comer algo com pouca ou nenhuma espera. Um restaurante estilo praia, com mesas e cadeiras cobertas, ainda servia PF’s a R$ 25,00 dentro da festa, o que foi algo interessante.

Conectividade

Não havia wifi gratuito para os visitantes do festival. Porém, ninguém ficou ilhado. Ainda sim foi possível fazer contato com o “mundo lá fora”. Neste ponto, como se trata de um festival alternativo, é preciso entender que a falta do wifi até que casa com o proposta, não é?

Embora o sinal de 4G dependesse da operadora e do ponto da festa, foi possível fazer ligações externas e até subir algumas imagens. No caso da Tim, por exemplo, o sinal funcionava dentro da festa mas não funcionava no pequeno centrinho comercial que havia próximo à ela.

Limpeza e banheiros

Felizmente, a organização do festival deu bastante atenção para a limpeza das áreas. Sempre tinha alguém recolhendo resíduos.

Porém, como é de praxe, os banheiros são sempre o ponto a melhorar. Pontuou a favor não serem químicos, e sim de madeira com louça, mas pontuou contra a pouca quantidade para as 3.000 pessoas que estiveram por lá, segundo números oficiais – especialmente nos chuveiros individuais fechados, que eram poucos para o tamanho do público acampado.

Embora houvesse um chuveiro coletivo aberto, este era sobretudo usado pelos homens, o que acabava gerando uma fila injusta para as mulheres, que em um dos dias relataram fila de mais de 1,5h para o banho.

Segurança

Diversos seguranças estavam espalhados, principalmente nos limites entre o festival e a praia. A revista inicial foi bem completa, com direito à presenciarmos um colega logo adiante de nós caindo na malha fina com uma substância não permitida num bolso falso de uma jaqueta. Depois de alguma conversa, os seguranças foram compreensivos e apenas não permitiram a entrada da substância, deixando o coleta curtir a festa sem ela.

Como era possível sair da festa para a praia, à cada entrada uma nova revista era feita, um pouco mais leve – mas o suficiente para impedir a entrada de objetos não autorizados ou bebidas de fora.

Embora houvessem também seguranças passando de tempos em tempos na área das barracas, ouvimos uma ou outra rara história de barracas que foram furtadas. Dentro do festival, o clima era mais de paz e cooperação do que de desconfiança.

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