Neste mês nós marcamos presença no Rock in Rio Lisboa com a super colaboração da Luíza Antunes, nossa amiga e uma das autoras do blog 360 Meridianos. Para aquecer, ela já deu dicas sobre o que visitar em Lisboa na hora de montar o seu roteiro para curtir o festival em Portugal. Agora chegou a hora de saber, afinal de contas, como é o Rock in Rio com sotaque luso. A Luíza esteve na Cidade do Rock portuguesa no primeiro fim de semana do festival e compartilha sua experiência com a gente:

Rock in Rio Lisboa: a experiência, o clima e os shows – por Luíza Antunes

rock in rio lisboa

Quando eu ouvi pela primeira vez o anúncio de que haveria um Rock in Rio Lisboa bem na época que estou morando em Portugal, fiquei muito empolgada. A verdade é que toda vez que o Rock in Rio no Rio de Janeiro rola, eu estou fora do país com algum motivo, com a exceção daquele de 2001 onde surgiu todo o meu imaginário pré-adolescente sobre o festival.

Então, começou a surgir a line-up (ou o cartaz, como se diz por aqui) e a minha empolgação esvaziou-se como um balãozinho furado. Somente três bandas por dia no palco Mundo, um pessoal meio desconhecido no palco alternativo, o Vodafone. Além disso, as próprias bandas e artistas não tinham tanta graça assim. Ainda mais quando você observa que duas semanas antes o AC/DC confirmou show e um dia depois do primeiro final de semana a Adele também se apresentaria em Lisboa. Pior ainda é comparar com outros festivais portugueses, especialmente o NOS Alive, com um cartaz muito mais recheado e interessante.

O resultado disso foi que meio que desisti de ir ao Rock in Rio Lisboa, até reconsiderar a ideia para vir contar a experiência no Festivalando. Eu só poderia aproveitar um dia de festival e escolhi a sexta-feira, segunda noite, que teria Queen + Adam Lambert como banda principal.

O clima do festival estava muito bom, o pessoal estava animado, tranquilo. Muitas famílias, crianças, pessoas mais velhas, além dos jovens que são o público mais habitual. Ao mesmo tempo, o público em alguns momentos deixava a desejar. O palco Vodafone, com suas bandas não tão conhecidas – porém boas – as duas primeiras atrações, às 16h45 e as 18h, tocaram para meia dúzia de gatos pingados. Não sei se faltou divulgação, interesse, se o palco ficava longe demais de outras atrações ou se o sol forte afastou as pessoas.

rock in rio lisboa

Na hora do tal “Rock in Rio de Musical”, atração que toca em todos os dias do festival e abre o Palco Mundo, senti vergonha alheia. Não eram ruins, mas toda a montagem dava uma sensação de “Pra que isso mesmo?”. Em compensação, ao mesmo tempo, no EDP Rock Street, um palco minúsculo e um pouco perdido entre um monte de patrocinadores, o brasileiro Serjão Loroza me surpreendeu colocando os portugueses normalmente mais contidos para dançar muito. Samba de melhor qualidade, foi uma das melhores partes do momento “dia” do festival. Apesar do nome, o palco só contará com artistas brasileiros tocando samba e mpb durante toda a programação.

Piscina, sofás infláveis e roda-gigante

Não frequentei muito as tendas eletrônicas, um pouco afastadas: a Somersby Pool Parties tinha realmente uma piscina e programação de DJs durante o dia, mas o acesso era limitado, dado o tamanho do espaço. À noite, a tenda eletrônica contou com alguns DJS famosos no cenário português.

Entre as atividades criadas pelos patrocinadores, o slide da Pepsi permitia as pessoas “voarem” acima do palco mundo. A atração durou do horário de abertura e só fechou pouco antes do último show. Ou seja, durante os shows do Mika e da Fergie dava para ouvir o “zuun” do pessoal passando. Bastante fila para ter acesso, principalmente porque levava certo tempo para montar toda a estrutura de segurança. Além disso, não dá para levar nada consigo, mas eles também não tinham um espaço para você deixar suas coisas.

rock in rio lisboa

A roda gigante tinha uma fila ainda maior que o slide, mas ficou montada num ótimo lugar tanto para tirar fotos de baixo, quanto para quem teve a paciencia de esperar para dar uns giros. A Sansumg montou um mini bungee jumping. A Vodafone tinha um espaço que distribuía pequenos sofás infláveis (bem úteis) e o espaço da Yorn onde o pessoal ficava dançando coletivamente em troca de brindes.

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A impressão que eu tive é que com todo aquele ambiente maravilhoso, bem montado, organizado e limpo, a música estava meio em segundo plano, com os palcos alternativos meio vazios e somente três “grandes” artistas no dia. No caso do dia que eu fui, me pergunto: de quem foi a ideia de colocar Fergie e Queen no mesmo dia??? Estava muito claro pelas camisetas e público – cerca de 75 mil pessoas – que a grande maioria estava ali para ver o Queen.

Rock in Rio Lisboa – os shows: Fergie e Queen + Adam Lambert

O show da Fergie começou pontualmente às 20h30, ainda estava claro e o espaço em torno do palco relativamente vazio. Eu cheguei numa boa andando lá na frente, onde era possível até ficar sentada num dos sofás infláveis. E, apesar da animação e energia da vocalista do Black Eyed Peas, que inclusive ficou visivelmente emocionada de estar de volta aos palcos depois de tanto tempo, o pessoal que assistia o show até se empolgou um pouco mais para o final, mas a grande maioria nem parecia saber quem era a artista. Também rolaram uns playbacks claros.

O show seguinte também começou na hora marcada. Eu não sabia bem o que esperar do Mika, visto que as únicas musicas que conhecia dele eram de 2007. E também me deu muita vontade de fazer xixi no meio do show dele. Mas estava tão bom e animado que me recusei a sair. Mesmo que muita gente a minha volta também não soubesse a maioria das músicas, o cara soube comandar a plateia como ninguem. Uma voz maravilhosa, simpatia e muito talento. Até cantou fado de surpresa e levou para o palco músicos portugueses que conheceu na noite anterior. Conquistou todo mundo. Pena que não teve tempo de voltar para o bis (tinham que montar o palco do Queem). Mesmo assim, o show dele ainda não estava tão cheio. Facilmente consegui chegar quase do lado do palco, mas tive que “perder” meu lugar para o proximo concerto para ir ao banheiro.

Quando voltei, finalmente, a tal lotação de 75 mil pessoas fez juz aos números. Era o Queen + Adam Lambert o grande show do dia e motivo das presenças. Eu, como estava sozinha, ainda consegui me acotovelar para um bom lugar. E junto com a multidão aguardei exausta e ansiosamente a banda, que só subiu ao palco com meia hora de atraso. É que a estrutura do palco para o show deles era mais complexa.

O show, pelo que vi do youtube, tem uma estrutura e set list bem parecida do que foi no Rock in Rio de 2015, no Brasil. O Adam Lambert, em sua primeira fala, já avisa todo mundo que só existe um Freddie Mercury no mundo e que ele só está ali prestando uma homenagem. Mas dizer que Adam é ruim ou um mero cover é injusto. O cara canta muito e não decepciona na performance ou nos figurinos (foram 5 trocas de roupa). Roger Taylor e Brian May tomam o protagonismo do show do seu vocalista convidado em vários momentos, seja em solos, seja cantando mesmo. Todo mundo pulou, cantou junto, se emocionou. Foi lindo.

Quando acabou, a maioria se dirigiu a saída e os fortes ainda ficaram para a tenda eletrônica. Mesmo com o tamanho da multidão, não teve tumulto e nem longas filas para pegar os ônibus disponíveis. Tudo bem sinalizado. Foi bem tranquilo o processo de voltar para casa.

Rock in Rio Lisboa: pra quem vale a experiência?

 

A impressão que eu tive, afinal, é que vale a pena ir ao Rock in Rio? Vale, se tiver uma banda (ou mais bandas) que você queira muito ver no dia. E também se você quiser ter a experiência de passar o dia na rock in rio lisboacidade do Rock, aproveitar os diferentes shows além do palco mundo, interagir nos espaços dos patrocinadores e até mesmo comer nos quiosques, que estavam bem legais. Eu senti, pelo menos no dia que estava lá, que era um evento bom para quem quer uma experiência de festival mais tranquila: não tem empurra-empurra, dá para assistir os artistas tranquilamente: alguns deles, até sentado. Mas, sinceramente, o preço para apenas três grandes shows no dia, comparado com o valor de outros festivais aqui em Portugal, é elevado demais (69 euros por dia, aproximadamente R$ 270).

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