O Sweden Rock é um grande festival feito na Suécia. Pronto. Depois dessa frase eu não precisaria escrever mais nada, pois dela se pode inferir que falamos de um evento cuja organização segue os mesmos padrões apresentados pelo país escandinavo, um dos primeiros no ranking de desenvolvimento e qualidade de vida. Mas poderia ser diferente, não é mesmo? Portanto, torna-se imprescindível nossos esforços para olhar detalhadamente para cada quesito da organização desse festival. O fato é que encontrarmos pouquíssimos deslizes, quase inexistentes – fica muito claro que a organização está sempre em busca da estrutura ideal, como a própria chefe de imprensa, Sofia Lindqvist Lacinai me disse em uma conversa durante a edição desse ano. As falhas eram realmente quase inexistentes. Ao menor tumulto formado na entrada, por exemplo, os responsáveis pela área já agilizavam, com toda a calma do mundo, um sistema para desembolar a fila ou para fazer com que a revista fosse mais eficiente. Nos diversos serviços que são terceirizados, como é o caso do camping, supermercado e farmácia, nada de experimentar problema.

Supermercado e farmácia no Sweden Rock.
Supermercado e farmácia no Sweden Rock.

Um festival com tamanho considerável – mais de 80 artistas, 4 palcos e um número expressivo de pessoas: são quase 40 mil ingressos. Apesar da grandeza, tudo ocorreu de forma mais suave possível, o tempo todo. Parte dessa suavidade, acredito, não se deve apenas ao fato da competência escandinava quando o assunto é organizar festival. Mas também, ao fato de o espaço que o festival disponibiliza para os visitantes é muito maior na verdade do que a capacidade que eles divulgam. Ou seja, poderiam vender muito mais ingressos, se quisessem. Mas não o fazem, para garantir o conforto dos fiéis visitantes – que sempre voltam, o que se pode comprovar entre os brasileiros com quem conversamos durante o evento desse ano.

Além disso, há uma preocupação extrema da organização em entender e atender as demandas do público. Durante a nossa conversa no festival, Sofia revelou  que são estabelecidos vários canais com o público para saber desde quais bandas eles querem ver no próximo ano, ou mesmo questões de infra estrutura. Ela ainda disse que, por exemplo, um dos maiores desejos do público para esse ano era ver a catwalk do palco principal mais baixa. Então, a organização logo implementou isso. Da mesma forma, a edição desse ano estava conectada, pois foi a primeira vez em que o wifi foi oferecido em toda a área do festival.

Dentro do festival você poderia encontrar bancos, inclusive para conversão de moedas, supermercado, farmácia, ponto para primeiros socorros e lojas com equipamentos de camping. Sem dúvidas, uma grande estrutura montada para gerar conforto para os visitantes.

Estou encantada, mas mesmo assim tentarei manter a distância e analisar o Sweden Rock ponto a ponto. Vamos lá?

Transporte

sweden rock onibus
Ponto do Shuttle bus na estação de trem de Sölvesborg.

Apesar de não haver muitas conexões de transporte público para a área do festival, a organização tentou contornar isso da melhor forma. Havia shuttle bus saindo de 1 em 1 hora de 6 pontos diferentes, em cidades menores perto da área em que acontece o festival. O único problema é que os ônibus encerravam a atividade muito cedo, às 20 horas. O preço, variava entre 80 e 240 sek para cada viagem ( 30 a 90 reais). Fora isso, uma frota limpa, organizada, com motoristas educados e simpáticos que te davam bom dia, boa tarde, boa noite e ainda falavam “seja bem vindo ao festival”, um amor! Além disso, para quem precisasse de táxi, havia vários, com uma fila já organizada por cidades/regiões e ainda com tabela de preços pré-definidos num acordo feito entre os taxistas e o festival, para que ninguém fosse pego de surpresa. Havia pessoal do festival tanto na área de ônibus quanto na área de táxi para ajudar e dar informações.

Informação

O site do festival traz as informações de maneira muito clara e bem organizada. Havia todas as informações necessárias para você chegar ao festival a partir de vários pontos, havia mapas, endereços, tabelas de horários do transporte, escala dos artistas e horários dos shows. Tudo muito transparente. O provimento de informações também foi muito comum por meio das redes sociais. O Aplicativo do Sweden Rock feito para smartphones também foi muito bem construído. O Festival é muito bem sinalizado – para se ter ideia, existem placas oficiais de trânsito nas rodovias da região indicando as entradas e distâncias para o Sweden Rock. Impecável. Além disso, havia membros da equipe em quantidade considerável nas principais entradas, sempre dispostos a ajudar ou indicar soluções.

Hidratação e comida

Havia comida com fartura e variedade. E o melhor, não havia comida apenas em uma praça isolada ou nas áreas de camping, como é muito comum ver nos grandes festivais. As barracas de comida estavam, também, muito perto dos palcos. Essa foi uma grande sacada da organização, pois tem hora que bate aquela fome brutal mas você não quer arredar o pé muito para longe do palco, com medo de perder lugar. Isso era um grande problema em festivais como o Wacken, por exemplo. Mas no Sweden Rock todo e qualquer palco tinha pelo menos umas 4 barracas de comida diferentes por perto. Você poderia encontrar as típicas comidas de festival, como hambúrguer, cachorro quente, pizza, peixe com batata frita, etc. Mas também poderia comer comida tailandesa, massas, e até sopa! O problema, como sempre, é a oferta de comida saudável, saladas, sucos e frutas frescas. A única vez em que vi isso em um festival foi no Brutal Assault e Roskilde Festival. Isso é algo que o Sweden Rock precisa agilizar! A comida mais leve que encontrei por lá, por exemplo, foi um Wrap de camarão, mas lotado de maionese =(. Em contraste, fiquei meio boquiaberta como a oferta de doces era gigante! Tinha Donuts, bolo, sorvete, bala e até algodão doce!!

Para beber além da água, eram vendidas apenas água gaseificada com sabores, refrigerantes, cerveja e vários destilados. Então, meio chata essa parte. Mas, como alternativa você poderia, do lado de fora do festival, ir até o supermercado e obter, por exemplo, uma sacolinha super saudável por 49 sek ( 18 reais) – nela tinha iogurte, suco de laranja, um sanduíche de presunto e queijo. Tudo fresquinho. Gostei bastante. No mesmo supermercado havia alguns sucos de fruta para vender também, mas com oferta limitada. A oferta de fruta era inexistente – nem uma berryzinha para contar história ( apesar de serem muito comuns as berrys na Sucécia e escandinávia) .

A água potável estava liberada e disponível para todo mundo nos lavatórios dos banheiros – esse achei um ponto complicado. Ótimo ter água gratuita, sim. Mas as pias para retirar água para beber precisam ser separadas dos lavatórios do banheiro. Não é só uma questão de higiene, mas também de logística, afinal, além da fila para lavar a mão, forma-se também uma fila para encher garrafinhas, etc e tal. Então, Sweden Rock precisa pensar nisso, urgentemente!

Limpeza

banheiro sweden rock
Banheiro e lavatório Sweden Rock.

Impecável e maravilhosa. Dentro do festival, dentro do camping em que fiquei e em todo o perímetro do festival. Durante o dia e ao final dele, nem parecia que um grande evento tinha acontecido ali, mínimo era o estrago de sujeira. Sem dúvida, um dos festivais mais limpos. Um dos diferenciais, segundo a organização, é manter a equipe da limpeza num constante trabalho durante o festival. E eles usavam máquinas, pequenos carrinhos e coletores para agilizar o processo. Incrível a eficiência nesse quesito. Uma equipe de aproximadamente 200 pessoas ficou por conta desse grande festival e o deixou o tempo todo como um brinco. Da mesma forma estavam os banheiros, super limpos e bem equipados!

Conectividade e energia

No primeiro dia eu achei que estava no paraíso da internet dos festivais! Wi fi disponível para todo mundo dentro da área do festival, senha em local visível, velocidade altíssima de internet, ótima performance. Mas, o primeiro dia de Sweden Rock é um dos mais vazios… portanto, o pesadelo da conectividade começou tão logo o festival começou a encher, logo na quinta feira, chegando ao ápice da falta de conexão ou conexão existente em apenas um ou outro palco na sexta feira. Entendemos que é o primeiro ano em que o festival decide ofertar o wifi, mas poxa vida, vocês precisam melhorar isso aí! hehehe

Já energia e carga de celular e baterias de câmera, existiam vários pontos perto dos acampamentos, que cobravam um preço meio absurdo, contudo. Mas também havia um ponto de recarga gratuito, dentro do festival. Você só tinha que enfrentar uma filazinha meio expressiva para entregar e pegar o aparelho. Mesmo assim, muito bom o serviço.

Segurança

Segurança Sweden Rock. Photo: Official Sweden Rock Press
Segurança Sweden Rock. Photo: Official Sweden Rock Press

Muito elevada, competente e melhor: simpática! Só mesmo no Sweden Rock os policiais responsáveis pela ronda pararam para me ajudar a montar barraca, jogaram bola com o pessoal e ainda tocaram violão! Uma gracinha! Além disso, haviam rondas permanentes dia e noite, e tudo sempre ocorria da melhor maneira possível. Nignuém revista as mochilas do camping, por exemplo, mas isso é normal, me parece. Já na entrada do festival, a atenção para com a revista era redobrada. Uma pessoa a cargo de revistar o seu corpo e outras para sua bolsa. Além disso, dentro do camping havia ronda feita pela polícia local. No entanto, tudo ocorreu de forma tão suave que não houve, que eu tenha visto ou tenha sabido, nenhum incidente grave. Suecos e sua audiência dando show!

 

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2 Comments

  • Eduardo Mülling
    Posted 3 de agosto de 2015

    Oi Gracielle muito bom essa sua postagem, pois lendo isso e como eu já tinha imaginado, fico pensando como nós brasileiros somos explorados e mal tratados da pior forma possível nos eventos que são realizados aqui. Eu moro no Rio Grande do Sul na cidade de Pelotas bem ao sul, e este ano como bom roqueiro fui conferir a turnê do Monsters of Rock que passou em Porto Alegre, ou seja já tive que rodar mas de 200km até a capital do estado para poder conferir algumas de minhas bandas favoritas pois na minha cidade acho que os empresários não sabem o que é heavy metal pois nunca há um festival com bandas de grande porte, somente festivais locais e etc… bom mas lendo sua matéria e comparando a estrutura de um festival desses ou até o Wacken que acontece na Alemanha, vejo que existe um abismo de bom senso e organização entre os eventos feitos no Brasil e na Europa ou nos Eua, enquanto a água era distribuída gratuitamente no Sweden, lá em Porto Alegre cobravam R$ 10,00 por um copo 🙁 ! Um lata de cerveja R$ 13,00, a comida nem tive coragem de perguntar, ou seja passei mais de 3 horas no show, sem contar as horas na fila, mas isso já faz parte, se conseguir nem beber uma água direito. Apesar de tudo foram bons shows e como a gente não tem oportunidade de conferir esses eventos com frequência a gente acaba suportando todas essas adversidades e ainda sai feliz pois somos brasileiros e ai vem aquela frase clássica ” Ta ruim, mas ta bom!”. Tomara que futuramente possamos diminuir esse abismo, evoluindo culturalmente e acima de tudo com bom senso por parte de todos. Um grande abraço pra você!

    • Gracielle Fonseca
      Posted 4 de agosto de 2015

      Olá, Eduardo! Sei do que você fala e como se sente. Infelizmente,nem todos os festivais aqui consideram o público como deveriam. Há muito a aprender com os gringos e também com outros grandes festivais daqui. Os produtores precisam ficar atentos ao detalhes também, pois merecemos respeito! Espero que as coisas melhorem rapidamente. Quando colocamos posts assim temos a esperança de que eles leiam e possam planejar coisas melhores para a gente!!!
      Valeu pelo comentário e desejo a você ótimos festivais daqui para frente!

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