Berlim é uma cidade que quer te fazer lembrar o tempo todo do que aconteceu ali. O muro que dividiu a cidade em duas deixou de existir na vertical há 25 anos, mas ainda vive em um rastro de ladrilhos que percorre o solo da capital alemã demarcando as direções exatas sobre as quais ele foi erguido. Um gigante memorial em homenagem aos judeus perseguidos e mortos no holocausto, e outros menores que relembram homossexuais e outras etnias também perseguidas pelo nazismo, circundam algumas das áreas mais visitadas de Berlim, nas imediações do Portão de Brademburgo e do Tiergarten. Uma exposição gratuita logo ao lado de um dos resquícios do muro, a Topografia do Terror, revela toda a engenharia anti e desumana do regime nazista.

Em meio a tudo isso, impossível não chamar atenção a presença de uma banda dos Estados Unidos, da Rússia e tantas outras da Alemanha – nações envolvidas nessa teia histórica – num mesmo festival, com um discurso sintonizado contra autoridades, preconceitos contra minorias étnicas e sexuais e o neonazismo. Mais atenção ainda quando o festival em questão, Resist to Exist, acontece em um distrito que viveu uma onda de neonazismo recente e que, no passado, viu o punk ser reprimido pela administração da Alemanha oriental.

Por esses insights, segue abaixo um pouco do que apresentaram no festival dedicado ao punk e hardcore as bandas Die Dorts (alemã, com direito a cover de Iron Maiden, cujo país de origem herdou um dos setores da Berlim ocidental), Total Chaos (americana e da mesma idade da queda do muro) e Siberian Meat Grinder (russa, formada em 2011, na leva do Pussy Riot, mas ainda não calada pelo governo que ecoa os traços repressores da URSS).

 

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