O Electric Daisy Carnival Brasil passou no teste de estrutura em sua primeira edição. E, convenhamos, não foi um teste dos mais fáceis dadas as duas tempestades (uma delas com raio e tudo) que caíram em São Paulo no segundo dia de festival. Há quesitos em que o festival passou, inclusive, com uma bela nota. Em outros, pode melhorar. Na sequência, uma avaliação detalhada da estrutura oferecida ao público no primeiro EDC Brasil:
Transporte
O combo trem + metrô foi a principal opção de transporte para quem precisava chegar até o autódromo de Interlagos. Com os shows terminando apenas às 6h, e com o o trem e o metrô funcionando das 4h40 à 0h (até à 1h no sábado), cabia a cada um decidir se voltava pra casa antes do fechamento das estações ou só quando elas voltassem a funcionar novamente.
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Houve também serviço de transfer oficial no valor de R$ 70 (ida + volta), uma boa opção com preço razoável pra quem não desejava esperar pelo abertura da estação de trem ou pra quem não queria ficar refém dos taxistas – vi no Twitter relatos de que alguns taxistas não aceitavam fazer corridas por menos de R$ 200, situação muito comum em São Paulo durante grandes eventos. O nome disso é máfia ou o quê?
Um dado intrigante é que no site do festival consta até agora, após o fim do EDC, a informação: “Mais adiante também iremos disponibilizar um plano de transporte público para chegar e voltar do EDC Brasil”. Fico imaginando se poderia de fato ter havido um plano ainda mais abrangente e com mais opções, que melhorasse ainda mais a experiência do público, principalmente no meio da madrugada, quando o trem não estava em operação. Será que ficou no papel?
Informação
Desde a saída do trem o público já se deparava com informações sobre o EDC. As ruas estavam devidamente sinalizadas para mostrar o caminho até o autódromo. Lá dentro, havia grandes totens com o mapa do festival em tamanho ampliado posicionados em áreas estratégicas. O guia do festival estava sendo distribuído dentro do autódromo, e muito sabiamente houve uma distribuição em massa por volta das 23h/0h, horário com maior fluxo de chegada do público.
O único porém nessa história toda foi a ausência dos horários do Boombox artCar no guia. Havia artistas interessantes escalados para a atração e muita gente acabou perdendo porque, além de não constar no guia, o carro circulava por áreas limitadas de Interlagos – justamente as mais afastadas do palco principal, onde havia maior fluxo de pessoas.
Hidratação e comida
Aqui o EDC brilhou. Antes do festival, foi divulgado amplamente que a água seria gratuita, e bastava apenas adquirir uma garrafinha oficial para poder abastecê-la nas estações de hidratação. A medida já estaria de bom tamanho, tendo em vista o preço que se cobra por água em festivais, mas na prática funcionou melhor que o esperado. Quem não tinha garrafinha não precisava adquirir uma, pois a água também estava sendo distribuída em copos plásticos. De 500 ml, gelado. Meio litro de água geladinha quantas vezes você quisesse. Foi exemplar.
As opções de alimentação não eram extremamente numerosas, mas eram suficientemente diversificadas. Havia petiscos (espeto, pastel) e até refeições mais reforçadas (nhoque) com opções para quem não vive sem carne e para quem escolheu viver sem. Os preços variavam de R$ 10 a R$ 25 – não se pode dizer que é barato, mas não é diferente do que se cobra nos festivais de modo geral.
De qualquer forma, fica o descontentamento por não poder entrar com absolutamente nenhum tipo de alimento. Seria justo o público poder escolher entre consumir lá dentro ou levar seu próprio lanche – imagine como fica a situação de pessoas com restrições alimentares mais severas.
Limpeza e banheiros
Banheiros químicos reinavam absolutos. Para compensar o estado deplorável no qual eles sempre se encontram, ao menos havia pias para lavar as mãos. Algumas cabines dispunham de papel higiênico.
Com relação ao lixo, havia lixeiras espalhadas nos locais próximos aos bares e funcionários da limpeza recolhendo o lixo do chão. É claro que eles não eram suficientes, mas ajudaria muito se o público jogasse todo lixo na lixeira.
Conectividade
Havia uma rede wi-fi aberta fornecida por uma rádio parceira do festival. A cobertura da rede era bastante limitada, somente na proximidade do stand da rádio, e a conexão se mostrou instável. Era possível completar apenas tarefas básicas e que não exigiam muita troca de dados.
Segurança
Foi muito amigável ver que a turma principal responsável por ajudar e tomar conta do público era o pessoal do Ground Control – usando blusas com asas de anjo estampadas nas costas, ao invés de seguranças mal encarados e de terno preto. Dá uma sensação maior de tranquilidade e menor de intimidação.
A maior prova de segurança foi quando a tempestade com raio, vento e tudo, caiu no sábado, por volta das 19h, e a produção optou por interromper os shows até que a chuva amenizasse. Na segunda grande tempestade da noite, por volta das 23h, menos violenta, não foi necessário parar os shows, mas o funcionamento dos brinquedos foi interrompido. Prudente.
Fica o puxão de orelha para a falta de proteção no piso na área frontal do palco bassPOD. Os outros dois palcos contaram com piso especial e isso foi crucial após as chuvas, que transformaram a grama em lama. Que fique claro que não se trata aqui de evitar que o público suje os pés de lama, mas sim de proteger o público contra possíveis escorregões – o que é uma questão de segurança – e também de contribuir para que as pessoas tenham uma experiência de show mais confortável em meio a condições adversas.
3 Comments
Rodrigo Airaf
Eu fiquei bem feliz de ver que eles distribuíram água em copos mesmo pra quem não comprou a garrafa plástica. Deu pra ver que o bem-estar do público era prioridade. Um rapaz do ground control que passava pela área dos palcos no Klingande me deu uma água lacrada de graça só porque eu estava sentado e cansado, eu sequer estava passando mal e ele me deu água mesmo assim! Mais ou menos nesse mesmo horário um dos bombeiros que me viu sentado e cabisbaixo foi lá e me perguntou se eu estava bem, disse que não e ele abriu um sorrisão e foi embora. Acho que isso não teria acontecido se eles não tivessem recebido a devida instrução, foi o contrário dos ogros que trabalharam no Tomorrowland. Os funcionários do merchandising eram uns amores. É a primeira vez que eu vou num festival desse nível aqui em que eu realmente me sinto seguro, acolhido e que a produção visou além do lucro. Foi lindo.
Priscila Brito
O staff era uma fofura! No meio daquele temporal que caiu depois do show do Aoki eu estava procurando uma informação num daqueles mapas gigantes perto do neonGarden e um cara super sorridente da equipe de informações perguntou se eu precisava de ajuda. As moças do merchandising também foram super calorosas quando parei pra bisbilhotar os produtos.
Rodrigo Airaf
disse que sim*, eu estava bem