Hoje, a gente conta com a colaboração do Helder Augusto da Silva. Ele é químico de profissão e festivaleiro de coração. Está “nessa vida”, segundo ele, desde 2011. Só o Wacken Open Air já são 4 edições contabilizadas – ou seja, esse menino já pode passar onde dão os diplomas de graduados em W.O.A. hehehe. Logo após o Wacken de 2016, ele resolveu passar em uma região muito pouco explorada aqui no blog: os Blacãs! Sorte nossa é que ele se ofereceu para dividir essa experiência de viagem aqui com a gente. Bom demais, né? As  fotos e texto que se seguem são de autoria do Helder 😉

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Helder no Stonehenge, em outra viagem dessa vida festivaleira…

Decidindo o que fazer após o Wacken

Bom, como sempre procuro fazer, acabo sempre emendando a ida a algum festival na Europa com um passeio grande por lá, pegando praticamente todo o meu período de 30 dias de férias. Dessa vez, eu queria conhecer os países dos Balcãs, principalmente os que formavam a antiga Iugoslávia. Desses, eu já conhecia a Eslovênia, então tentei estabelecer uma rota pra que pudesse conhecer os demais.

Porém, como eu fui pra Colônia depois do Wacken, eu vou deixar aqui uma rota descartando essa cidade, como se fosse uma viagem direto de Hamburgo para o Balcãs, o que é possível.

A logística na rota Wacken – Balcãs

Então o meu pensamento foi o seguinte: se eu começar do oeste para o leste, eu teria que pegar um vôo a mais, já que ficaria muito longe para voltar por via terrestre. Então, pensei em procurar algum vôo que saísse de Hamburgo ou de outra cidade da Alemanha para algum país mais ao leste. Eis que, ao pesquisar no flightradar24.com, descubro que a companhia WizzAir faz vôos direto de Hamburgo ou Colônia direto para Skopje (não consegui confirmar isso, mas o nome em português para a cidade seria Escópia), capital da Macedônia.

Daí você começa a perceber que as tais companhias “low cost” da Europa só fazem jus a esse termo se você viajar sem nada, só com aquela malinha pequena que caiba no gabarito que eles colocam em frente à área de fazer o check-in no aeroporto. No fim, como eu tinha o meu mochilão pra levar, o preço acabou sendo o mesmo que uma passagem comum: 125 euros.

Chegada a hora do embarque em Colônia e veio mais um duro golpe na vida de um passageiro iniciante desse tipo de companhia aérea da Europa: não imprimiu a passagem antes, se f*deu. Como não tenho esse costume, tive que pagar a tal taxa (que diga-se d passagem está escrito no termos e condições de uso, ou seja, o erro foi meu mesmo) de 35 euros(!!!). Voadora com os dois pés no peito por parte deles, pra acabar com o dia de qualquer um. Ao menos é uma lição pra nunca mais eu me esquecer. Com tudo pronto, era só ir pra área de embarque e esperar a hora do vôo. Esperar até demais.

Voando fora da Comunidade Europeia

Por ser fora da Comunidade Europeia, o vôo pra Skopje do aeroporto de Colônia fica numa área separada, junto com os vôos da Turkish pra Istambul. Você passa pelo controle de passaportes e chega numa área que não tem nada nem ninguém pra te dar informações. Daí foi duro ter que esperar mais de uma hora além do horário previsto do vôo pra poder embarcar e na hora do embarque a única informação que foi dada ao que eu perguntei foi a de “problemas técnicos” no aeroporto. Ok, não tinha mesmo pra onde eu ir, não é?

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Voo Wizz air

O avião não possui classe executiva e qualquer serviço a mais que você queira é pago, acho que até mesmo a simpatia das aeromoças. Por sinal algo que eu notei logo de cara e também na revista da empresa é que se trata de uma companhia que preza pela boa forma das suas funcionárias. Acho que é por isso que tanto as aeromoças da revista quanto às que estavam no vôo estavam em excelente forma física.

Assim que o vôo chegou em Skopje, notei algo que conseguiu ser pior do que os vôos no Brasil: o avião ainda estava freando e já tinha gente de pé pegando a mala no bagageiro. Nessa hora, a aeromoça que parecia ser a chefe pegou o microfone e com uma cara de psicopata disse gentilmente para que as pessoas, por favor, ficassem sentadas e com os seus cintos de segurança afivelados. O “pedido” foi prontamente atendido.

A chegada em Skopje

macedonian square balcãs
Macedonian Square

Sem problemas na hora de pegar a minha bagagem, era hora de fazer algo que não consegui nos outros lugares em que estive nessa viagem: trocar euro por dinheiro na Macedônia, o dinar macedônico. Com uma cotação boa você consegue, como eu consegui, trocar um euro por oitenta dinares.

Pra ir do aeroporto Alexander the Great para o centro de Skopje é bem simples, tem um ônibus chamado Vardar Express que faz esse serviço por 175 dinares, porém não é toda hora que tem esse ônibus. A minha sorte foi que o atraso no vôo fez com que eu chegasse em Skopje minuto antes do ônibus sair, ou seja, deu tempo de pegar a bagagem, trocar o dinheiro e pegar o ônibus pro centro.

Ao chegar no centro, o ônibus para do lado do que é a estação rodoviária da cidade. O motorista avisou a todos que deveríamos descer ali, em um inglês que dava pro gasto. A rodoviária é algo um tanto quanto diferente em relação à sua localização, porque ela fica bem embaixo de um viaduto, mas é ela é bem parecida com as rodoviárias brasileiras.

Acomodação em Skopje

Hora de procurar o hostel e aí eu percebi que era verdade o que eu já tinha de informações de Skopje: o táxi é muito barato. Tudo bem que daria para ter ido a pé, já que não era longe, mas o cara me deixar no hostel por um euro foi uma maravilha pra quem sofreu com o preço em Amsterdã.

Fiquei duas noites do Shanti Hostel 2 (que fica na mesma rua que o um). O lugar é em uma região que lembra muito a periferia das cidades brasileiras. E sinceramente, o lugar era bem seguro e tranqüilo, com a maior parte da população do local já idosa. Paguei 10 euros por noite pra uma cama em um quarto para quatro pessoas e foi o melhor hostel em que eu fiquei durante toda a minha viagem aos Balcãs. Tranqüilo e tinha até cortina na cama, pra dar mais privacidade às pessoas.

Os problemas nos Balcãs

Depois de quatro mochilões pela Europa, pela primeira vez tive que enfrentar um problema de saúde durante a viagem. No fim não era nada de grave, mas serviu pra eu compreender que não adiantaria nada ter um seguro viagem de 30000 euros se eu estivesse (como eu realmente estava) num lugar com poucas condições de tratamento de saúde e tivesse algo realmente grave.

O que aconteceu comigo? O lance de ter gastado muito dinheiro em Amsterdã, por conta das coisas serem muito caras e no Wacken, por conta da quantidade de camisetas (três do Wacken uma do Iron Maiden) fez com que eu procurasse só o mais barato pra comer enquanto estava em Colônia. E isso se resumiu a sanduíches prontos de supermercado. Não sei se foi exatamente por isso, mas quando cheguei no hostel em Skopje, comecei a ir no banheiro com muita freqüência e a consistência do produto final não era a que se obtinha normalmente. E só foi piorando.

Hora de procurar ajuda médica

Daí tomei a decisão de procurar uma ajuda médica pra ver o que daria pra fazer pra melhorar isso. Na verdade, se eu pensasse direito, um soro caseiro já resolveria, mas não pensei nisso na hora. A recepcionista do hostel chamou um táxi pra mim e lá fui eu pro hospital.

Chegando no hospital, o médico disse que eu teria que ir pra o hospital universitário, pois lá eles poderiam me dar o diagnóstico. Então lá fui eu pegar mais um táxi de madrugada. Na verdade, o nome completo do hospital em inglês é “University Clinic for Infectious Diseases and Febrile Conditions”. Chegando lá, o hospital tinha várias unidades, muito parecido com os hospitais universitários daqui. Fui informado do que tinha que fazer para chegar ao setor de infectologia. Chegando lá, fui extremamente bem tratado, tanto pela atendente, quanto pelo médico (Dr. Ivan Vidinik) e pelos enfermeiros.

E o que eu tive que fazer? Tomar soro na veia. A estrutura do hospital não era de primeiro mundo, mas eu fiquei feliz com o atendimento e no fim das contas o preço pra isso tudo foi de 20 euros. Achei que não ia valer a pena acionar o seguro pra esse valor. Após três horas pra terminar a bolsa de soro e com o meu braço quase caindo do corpo, recebi alta e voltei de táxi pro hostel. Tempo pra dormir umas três horas e partir pro turismo no dia seguinte como se nada houvesse acontecido.

O que vi nos Balcãs depois da minha recuperação

Dormi um pouco e me levantei pra tomar o café oferecido pelo hostel. Nada de grande coisa, mas quebrava um galho e então fui até a rodoviária pra pegar o ônibus pro Cânion Matka, que fica nas proximidades de Skopje. Sabia que o meu dia ia ser praticamente todo lá e se houvesse tempo eu daria um passeio pelo centro de Skopje. Foi meio confuso pra achar o lugar em que saia o ônibus N60 que tem a entrada do parque do Cânion como ponto final, mas eu encontrei. É um ônibus comum urbano que atravessa Skopje inteira e que custa 35 dinares. Leva uns cinqüenta minutos pra chegar até lá. Peguei o ônibus no horário das 10:30.

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Canion Matka

O cânion é bem bonito e há várias opções lá dentro. Há a possibilidade de alugar um caiaque, de ir às cavernas ou só fazer trilha a pé. Eu só fiz a parte à pé. Quer dizer, tive que pagar para cruzar o rio para fazer uma trilha até um trecho em que é possível ter uma bela vista panorâmica do cenário, no monastério de St. Nikolas. No cânion também tem um bom restaurante e um hotel pra quem pretende ficar vários dias e explorar bem a região. No meu caso, peguei o ônibus às 16:30h pra voltar pra Skopje.

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Fortaleza de Skopje

Voltando pra Skopje era hora de ir visitar o centro. O hotel de fato ficava bem localizado, já que após cinco minutos de caminhada seguindo o rio, já comecei a ver as belas construções de Skopje. Novas e antigas. O museu de arqueologia e a Opera House de Skopje chamam a atenção pela grandeza, mas nada que se compare à estátua de Alexandre, o grande na praça principal da cidade. E do outro lado na ponte há a estátua do eu pai, Felipe II. Também lá perto pude ir até a fortaleza de Skopje, de onde se tinha uma bela vista panorâmica da cidade. Também tem o Old Bazar onde eu jantei e direto tem gente pedindo dinheiro na sua mesa.

Após um longo dia, só restavam duas coisas quando chegasse de volta do hostel: banho e cama, e pensar sobre o segundo dia de turismo

No dia seguinte, ainda havia uma manhã pra poder explorar Skopje, já que meu ônibus pra Ohrid só sairia às 14:00h. Decidi então ir na casa da Madre Teresa de Calcutá, um museu gratuito da vida e obra dessa freira tão conhecida e que tem origem macedônica também. Passei também por alguns monumentos históricos e percebi que lá ao invés de haver pichações, o vandalismo é feito jogando tinta nos monumentos. Uma pena.

Por mim, resolvi entrar no museu arqueológico mais sensacional que já pude ir, pagando 300 dinares pela entrada. É impressionante o acervo histórico presente nesse museu, contando de maneira bem rica a história dessa região do mundo: moedas, esculturas, vestuários…extremamente recomendada a visita.

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Então era hora de me despedir de Skopje. Valeu a pena? Muito! É um lugar barato e com muitas opções boas para se visitar (não consegui visitar tudo, mas estava ciente disso quando me planejei pra ir pra lá). O ponto ruim é que é um lugar fora de mão, independente da rota que você faça. Há de se ter noção que as representações diplomáticas mais próximas estão em Sófia (Bulgária) e Atenas (Grécia), então s você precisar de algum tipo de ajuda nesse sentido, saiba que vai ser complicado.

Para além de Skopje

A próxima etapa da viagem foi Ohrid, uma cidade à beira do lago de mesmo nome que é o mais próximo de uma praia que os macedônicos têm. A viagem até lá foi de ônibus e me cutou 520 dinares, mas isso é um assunto pra um próximo texto.

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