Se você sempre quis saber como é a estrutura do Universo Paralello, o Festivalando te conta a seguir graças a uma supercontribuição da Natália Becattini, uma das autoras do 360 Meridianos e amiga bem antes dessa aventura de festivais pelo mundo começar.

Ela esteve na edição 2022/2023 do festival que acontece no litoral da Bahia e avaliou o desempenho dos quesitos fundamentais para uma boa experiência do público, como pede a cartilha do Festivalômetro:

Ganhe insights

Conheça o relatório especializado do Festivalando sobre o mercado de música ao vivo
descubra

Universo Paralello 2022/2023 por Natália Becattini

Depois de três anos de espera e uma pandemia no meio do caminho, o Universo Paralello finalmente voltou a agitar as praias do sul da Bahia na sua 16ª edição.

Com o tema “O Futuro é Ancestral”, que presta homenagem aos povos originários da América do Sul, o evento foi realizado na praia de Pratigi entre os dias 27 de Dezembro de 2022 e 03 de janeiro de 2023, e reuniu nomes de peso da música eletrônica, como Alok, Vegas, Who Made Who e Astrix.

Conhecido por ser o maior festival de cultura alternativa da América Latina e a edição de 2022 do Universo Paralello não fez por menos. O evento contou com 8 pistas espalhadas por 13 áreas distintas, em uma verdadeira cidade paradisíaca construída para receber cerca de 30 mil pessoas na virada do ano.

estrutura do universo paralello
Natália Becattini

Embora alguns problemas de estrutura se repitam ano após ano, há quem argumente que essa é uma experiência única e transformadora, capaz de te transportar para outras dimensões e fazer esquecer que, de fato, existe um outro mundo fora dali.

E os perrengues? Bom, os perrengues fazem parte do rolê.

Estrutura do Universo Paralello Ponto a Ponto

Veja agora alguns dos principais aspectos do Universo Paralello, ao melhor estilo Festivalômetro!

Programação de shows e atividades em geral

Com mais de 1000 atrações divididas em sete dias de evento, o line-up do UP seguiu a tendência das últimas edições e buscou ser eclético para agradar públicos que vão muito além dos dinossauros do trance.

Embora nomes de peso do estilo, como Astrix e o próprio Juarez Petrillo, organizador do evento, estivessem presentes, os 13 palcos deram espaço para artistas da MPB, house, rap, dark, techno, circo e muito mais.

Estrutura: banheiros, opções de transporte, pontos de informação e camping

Ano após ano, a estrutura de banheiros são o grande problema do Universo Paralello, e na edição de 2022 não foi diferente. As cabines de madeira distribuídas pelas diversas áreas do festival são fossas sépticas que são enterradas ao fim do evento, de forma supostamente sustentável.

No entanto, apesar de entender a dificuldade de montar uma estrutura sanitária em uma praia semi-deserta, acredito que o número de cabines disponíveis é muito inferior ao recomendado para um festival que reune 20 mil pessoas. Assim, com as longas filas que se formavam nos palcos mais concorridos, as pessoas logo desistiam e iam se aliviar no mato ou, pior, no mar.

Para o banho, a água do mangue é encanada e levada para a estrutura de duchas. Vi muita gente reclamando dessa parte também, uma vez que a água do mangue tem um cheiro mais forte e pode manchar roupas claras devido aos pigmentos encontrados nela. Porém, é preciso levar em conta que essa é uma especificidade da natureza da região e, se você resolve deixar o conforto de casa para ir acampar em uma área selvagem, terá que lidar com esses incômodos.

estrutura do universo paralello
Natália Becattini

Transporte

O acesso a Pratigi também não é dos mais fáceis. A BR 250, que liga Ituberá à vila tem trecho de terra e, como chove bastante nessa época, as condições de trânsito ficam bem prejudicadas.
Havia muitos transfers de e para Salvador, mas se você chegou por Ilhéus e Itacaré, precisaria pagar ao menos R$ 300 em um táxi cada perna.

Da portaria do festival até a área dos palcos, o transporte é feito por paus-de-arara que cobram R$ 50 pela viagem de ida e volta, ou R$ 80 para ilimitado durante todo o evento.

Informação e camping

Quem chegou depois do primeiro dia, ficou sem o flyer com a programação do evento, que, aliás, eles não divulgam antes. Por isso, ficava meio difícil saber o que estava rolando e onde. Havia apenas um ponto de informação, próximo à Praça de Alimentação do mangue, e a lista com os horários das apresentações ficava fixada do lado de fora. A loja da Vagalume Records, gravadora do Juarez, também fornecia informações sobre a programação do evento.

Não há sinal de telefone ou internet das operadoras na praia de Pratigi (a não ser, com alguma sorte, se você andar pela praia segurando o telefone acima da cabeça). No entanto, havia dois serviços que se utilizavam da rede Starlink e ofereciam passes diários ou por hora. O da praia cobrava R$ 80 por dia e, o do mangue, R$ 30. Só descobri isso depois de comprar o primeiro 🫠.

Próximo ao Main Stage havia serviços de carga de eletrônicos, no qual era possível deixar o celular e outros pequenos aparelhos em um cofre e pagar pelo tempo de uso. Pequenos totens com entrada para cabo de celular também foram distribuídos pelo evento, mas a disputa por eles era feroz.

O camping geral era gratuito. Bastava chegar e escolher o local da barraca dentro das áreas permitidas. Quem chega mais cedo pega os melhores lugares: as sombras das árvores são espaços cobiçados no verão baiano e tendem a ser ocupados rapidamente.

Para mais conforto e segurança, a organização oferece um camping pago chamado Vila Mundo, em pacotes que custam a partir de R$ 2.400. O local fornece as barracas, colchões e roupa de cama, além de serviço de quarto, banheiro exclusivo e serviços diversos, como cabeleireiro.

estrutura do universo paralello
Natália Becattini

Ambiente: segurança, limpeza e conforto em geral

Embora eu tenha presenciado diversas vezes a limpeza dos banheiro, me pareceu que não foi o suficiente para dar conta do uso de 20 mil pessoas. A estratégia era ficar de tocaia e usar logo depois de limpo para não ter que enfrentar situações desagradáveis. Havia lixeiras espalhadas por todo o festival e uma equipe recolhendo o lixo de forma periódica, o que não impedia que muito plástico e outros materiais acabassem acumulados na praia.

Não vivi ou presenciei nenhum incidente envolvendo questões de segurança e, acredito, a maior parte das pessoas teve uma experiência tranquila no festival. Contudo, há relatos de furto às barracas e pertences que eram deixados sem cuidados nas pistas. Por isso, a recomendação é que você não desgrude dos seus itens de valor.

Havia uma empresa responsável pela segurança do evento, bem como salva-vidas, posto médico, ambulância e trânsito de policiais pela área.

Destaque positivo para o serviço de redução de danos que oferecia um espaço seguro para pessoas que passaram do grau no uso de qualquer substância.

Alimentação: hidratação e venda de lanches e bebidas

Um ponto muito positivo da organização do evento é a oferta e variedade de comida. Com duas praças de alimentação que servem comida internacional, como pizza, massas e hambúrgueres, especialidades brasileiras e muita opção para vegetarianos e veganos.

As bebidas eram vendidas em bares, em áreas próximas às praças de alimentação e dos palcos. Não havia postos de hidratação, de forma que a água também tinha que ser comprada nos bares.

Em contrapartida, era permitido entrar com água mineral e comida, desde que em quantidades apropriadas para consumo próprio. Há uma cozinha coletiva que pode ser usada para o preparo dos alimentos. Também é permitido levar uma garrafa de espumante para estourar na noite de reveillón.

Graças ao sistema cashless de cartões magnéticos que poderiam ser carregados antes e durante o evento, não observei filas significativas nos bares ou restaurantes do Universo Paralello.

estrutura do universo paralello
Natália Becattini

Custo-benefício: o festival vale o quanto custa?

Com preços que começaram a partir de R$ 770 nos primeiros lotes e chegaram a R$ 2.960 nas semanas mais próximas do evento, não há como negar: o Universo Paralello é caro.

Porém, é preciso levar em conta que qualquer grande festival realizado na virada do ano tende a ser inflacionado e que o Universo Paralello é realmente um evento único, de proporções gigantescas e que proporciona uma experiência diferente de tudo que você já viveu.

Embora eu seja adepta do “se está na chuva é para se molhar”, é preciso ressaltar que, por um valor tão alto, a produção poderia investir mais no conforto e na limpeza do festival, em especial da disponibilidade e estrutura de banheiros, para que ninguém mais saia de lá sentindo que desembolsou um monte para não ter acesso ao mínimo.

Dito isso, com um pouco de planejamento e disposição, essa é sim uma experiência que vale a pena ter ao menos uma vez na vida.

Mais Universo Paralello

Quer mais detalhes do festival? A Naty fez um vlog que registrou como foi o Universo Paralello 2022/2023.

Veja também: como chegar e como acampar no Universo Paralello

Crédito da imagem principal: Natália Becattini

Deixe seu nome na lista

Receba um email semanal do Festivalando sobre os principais festivais do Brasil e do mundo

Leave a comment