Não se deixe enganar pelo nome. O Montreux Jazz Festival, um dos festivais europeus mais antigos ainda em atividade (ele é realizado desde 1967), não é só jazz. No festival, que acontece na cidade de Montreux, na riviera suíça, sempre na primeira quinzena de julho, ouve-se rock, indie, pop, música eletrônica, diversos ritmos latinos, e as principais atrações são as mesmas de tantos outros festivais europeus. A diferença: aproveita-se tudo com muito conforto, sem aquela quebradeira que costuma ser tão comum em outros festivais. Ah, tem algumas sessões de jazz também, claro.

Se você olhar os principais nomes que se apresentam no festival este ano, dos dias 3 a 18 de julho, jamais vai dizer que eles estão na programação de um festival que carrega jazz no nome: Chemical Brothers, Alt J, Die Antwoord, Tony Bennett + Lady Gaga, Sinead O’Connor, Lenny Kravitz, The War on Drugs, Sam Smith, SBTRKT, Caetano Veloso + Gilberto Gil. No ano passado, quando estive lá, Damon Albarn, Pharrell Williams, Temples, Metronomy e Stevie Wonder eram os headliners da vez. O jazz esteve representado, e muito bem, por Herbie Hancock e Wayne Shorter, que fizeram uma apresentação juntos.

Conforto + belas paisagens + shows gratuitos

Mas se, por um lado, a programação se assemelha tanto à de outros festivais europeus, é o formato de Montreux que faz toda diferença e que o torna um dos meus festivais do coração. Sabe o conforto de que eu falei ali no início do texto? Esqueça as longas caminhadas debaixo de sol ou chuva, sobre terra ou lama, longas filas e banheiros químicos e outros perrengues corriqueiros em festivais.

Troque pelo conforto de um centro de convenções com ar condicionado, lounges, banheiros limpos e com papel e sabão e bares com acesso gratuito para qualquer pessoa, tendo ingresso ou não. Junte bares ao ar livre com uma paisagem de encher os olhos, à beira do belíssimo lago Léman e alpes suíços (eu não me canso de falar da boniteza que é a riviera suíça). Acrescente a isso uma grande quantidade de shows gratuitos que correspondem a pelo menos um terço de toda programação (jazz no parque, ritmos latinos em um bar aberto, rock e eletrônica em clubes noturnos). O Montreux Jazz Festival é (tudo) isso.

montreux jazz festival

montreux jazz festival
Uma confissão: depois de fazer essa foto, sentei num desses sofazinhos e tirei um cochilo antes do show do Damon Albarn

Dicas para o festival de Montreux caber no seu orçamento

O único porém de Montreux é que os passaportes para ver todas as atrações com shows pagos são bem salgados (cerca de R$ 4 mil este ano, mas pense que este valor corresponde a cerca de 100 shows ao longo de 15 dias ininterruptos em auditórios cuja lotação não chega nem aos cinco mil pagantes), então a saída é comprar os ingressos por noite/auditório, com preços partindo de cerca de R$ 160 (50 francos). E lembre-se também que se nem assim você puder pagar, ainda há grande oferta de shows gratuitos, conforme eu mencionei acima.

Além disso, você pode economizar muito ou em alguns casos até não gastar nada com transporte e atrações turísticas, graças aos descontos e facilidades concedidos aos turistas, conforme eu explico neste post aqui. Sendo assim, não se assuste com a primeira impressão e a fama de cara da Suíça. À primeira vista Montreux pode parecer um festival inacessível, mas com as informações corretas (e as dicas do Festivalando! :P) você consegue aproveitar muito do que ele tem a oferecer. Eu aproveitei intensamente os quatro últimos dias do festival no ano passado no meu esquema low budget 🙂

No vídeo a seguir eu mostro um pouco do clima e da diversidade musical e de espaços de Montreux, um resumo do que eu experimentei por lá (e morro de vontade de voltar!). Tirando o show do Damon Albarn, que aparece no final, o resto foi tudo de graça.

Senta que lá vem história

Um breve adendo sobre o lado rock e pop de Montreux: tem sido assim desde as primeiras edições, lá no fim dos anos 1970. De Slayer a Alanis Morissette, passando por Muse, Radiohead e Nightwish, muita gente que se destacou no cenário pop/rock das últimas décadas passou pelos palcos de Montreux. Tem até clássico do rock que deve sua existência ao dito festival de jazz. Frank Zappa se apresentava em 1971 no Casino de Montreux, durante o festival, quando um fã soltou um sinalizador e botou fogo no lugar. Inspirado pela trapalhada, o Deep Purple compôs “Smoke on the Water”.

Quer mais? No início dos anos 1980, o Queen estava em Montreux durante o festival, só que gravando o disco “Hot Space” no Mountain Studios, onde a banda gravou muitos outros de seus álbuns (e onde vários clássicos de outros artistas do rock também foram criados). Quem de fato estava na cidade para se apresentar no festival era David Bowie. Sabendo da presença do Queen, Bowie foi fazer uma visita à banda por sugestão de Claude Nobs, o criador do festival de Montreux. A visita rendeu a noite inteira e ao fim Bowie e Freddie haviam escrito “Under Pressure”.

[jetpack_subscription_form title=”Gostou deste post? Temos muito mais pra você!” subscribe_text=”Receba sempre nossas dicas, histórias e novidades sobre viagens para os melhores festivais de música do mundo.” subscribe_button=”Quero!”]

2 Comments

  • LUIZ GUSTAVO
    Posted 15 de setembro de 2015

    Seu post abriu meus olhos, pois eu era um dos que acreditava que Montreux era algo impossível, se tudo der certo, 2017 estarei lá.

    • Priscila Brito
      Posted 15 de setembro de 2015

      Que ótimo, Luiz! Essa coisa da programação gratuita é fantástica, mas muito pouco divulgada. Eu quero muito voltar e o meu foco também é em 2017, pois vai ser a edição de 50 anos. Acho que será especialíssima!

Leave a comment