No dia que David Bowie morreu, postamos na fan page do Festivalando no Facebook uma performance sua no Hurricane Festival, na Alemanha, em 2004. Comentamos que, certamente, ele estaria no lineup dos sonhos de muita gente. O fato é que Bowie esteve, sim, no lineup de muitos festivais desde o fim dos anos 1960 até o seu afastamento dos palcos, há cerca de uma década (ele não fazia turnês desde 2004 e sua última performance ao vivo foi em um evento de caridade em 2006).

Não sei o que Bowie pensava atualmente sobre festivais (tem artista que detesta). Mas ele esteve presente no alvorecer dos festivais modernos, na segunda metade do século passado, e uma de suas primeiras experiências em um festival como artista lhe marcou de alguma forma, tanto que rendeu uma música. Dias depois de se apresentar no Growth Summer Festival and Free Concert, nos arredores de Londres, Bowie escreveu “Memory of a Free Festival”. A música foi lançada como single e está em “David Bowie” (1969), álbum posteriormente relançado em 1972 como “Space Oddity”. No livro “O Homem Que Vendeu o Mundo”, o autor Peter Doggett comenta a música e revela histórias por trás da apresentação de Bowie no festival:

“Cinco dias após o sepultamento do pai, vivenciando um estado totalmente catatônico, Bowie se apresentou no Growth Summer Festival and Free Concert, em Beckenham. O evento era o exemplo perfeito do ecletismo contracultural: além de uma quantidade de roqueiros e músicos folk, o encontro oferecia ‘churrasco, uma barraca de chás exóticos, outra que vendia pôsteres e quadros originais, uma loja de gravuras e revistas, algodão doce, e ainda havia teatro de rua, teatro de bonecos, uma barraca que vendia jóias, cerâmica e roupas, uma pista de obstáculos, uma loja de artigos tibetanos, uma barraca que venida ervas e comida, etc’. O Laboratório de Artes de Beckenham (também conhecido como Growth) tinha se expandido, em quatro meses, passando de um clube folk pouco frequentado, com sede no salão dos fundos de um pub, a uma celebração de otimismo do verão, realizada num parque repleto.

A organizadora do Growth, Mary Finnigan, lembrou que no dia em questão Bowie foi ‘cruel’, chamando seus companheiros ativistas de ‘porcos mercenários’, poque haviam permitido que as barracas angariassem dinheiro – sendo esse o objetivo declarado do festival. ‘Ele ficou com ódio da gente’, ela disse, ‘e eu fiquei com ódio dele’.

No entanto, três semanas mais tarde, Bowie já havia composto e gravado ‘Memory of a Free Festival’, uma espécie de hino do seu segundo álbum. ‘A coisa saiu com um ar de otimismo, no qual acredito’, ele explicou. ‘Eu compus essa canção depois do Festival de Beckenham, quando estava muito feliz’. O que Bowie criou foi uma fantasia, uma mescla das experiências de algumas pessoas com o evento de Beckenham e de notícias da imprensa acerca do encontro em Woodstock, realizado no Estado de Nova York naquele mesmo fim de semana, tudo filtrado por uma sensibilidade típica de ficção científica que passava o controle da felicidade terrena, dos hippies a visitantes vindos das estrelas” (p. 90-91)

Se alguma imagem de Bowie no Growth Festival sobreviveu para contar história, falta alguém colocá-la no YouTube. De todo modo, o site está cheio de vídeos de shows do artista em festivais dos anos 1990 e 2000. A seguir você pode ver uma playlist com uma seleção dessas performances:

  • Glastonbury (Inglaterra, 2000)
  • Phoenix Festival (Japão, 1996)
  • Derby Rock Festival (Argentina, 1990)
  • Go Bang Festival (Alemanha, 1997)
  • Loreley Festival (Alemanha, 1996)
  • Montreux Jazz Festival (Suíça, 2002)
  • Hurricane Festival (Alemanha, 2004)

Dá o play.

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