Glastonbury, Coachella, Ultra Music Festival, Bonnaroo e Austin City Limits. Cinco dos maiores e mais cobiçados festivais de música da atualidade, o primeiro deles na Inglaterra e o restante nos Estados Unidos. E um único cara conseguiu furar o bloqueio de segurança de todos eles e entrar sem ter ingresso. Sério? Bom, assim como a zueira, a malandragem também pode não ter limites, mas vamos com calma.

A ~façanha~ é do jovem norte-americano James Marcus Haney e é contada no ~documentário~ “No Cameras Allowed”, filme que já há um tempo eu queria assistir e finalmente tirei um tempo para fazê-lo na véspera de feriado – eu realmente gostaria de ver esses festivais gigantes com ingressos caros e disputadíssimos sendo postos à prova e burlados sorrateiramente por gente como a gente, numa certa inversão de poder (ainda que meio torta); e imagino que haja pessoas espalhadas por esse mundão com um caso desses pra contar.

“No Cameras Allowed” se apresenta como um registro autêntico de uma dessas histórias: tem depoimentos, reconstituições, imagens de bastidor naquele estilo “câmera nervosa”. Mas eu fiquei mineiramente desconfiada das situações vivenciadas pelo cara que se passa por fotógrafo e falsifica pulseiras/credenciais para entrar de graça nos festivais para fazer aquilo que ele sempre sonhou, que é fotografar e filmar. Há coincidências demais, imagens perfeitas demais. Tudo dá sempre muito certo. É incrível como o cara tem a sorte de sempre cair na área VIP ou no backstage das bandas mais legais logo após pular uma cerca fajuta. Ou como ele está na maioria das vezes fazendo imagens direto do palco, quando, em shows, a maioria dos fotógrafos tem permissão apenas para fazer imagens a uma certa distância, fora do palco. Ele até vira amigo das bandas e começa a trabalhar pra elas. Não brinca, amiga!

Conclusão: o filme me pareceu mais uma ficção maquiada de documentário com pequenos toques de drama da vida real (os desencontros com a namoradinha, a incompreensão dos pais) para fazer você acreditar que todo sonho é possível, naquele estilo de sentimentalismo piegas que os yankees fazem tão bem (mal). Talvez o cara até tenha de fato furado o bloqueio do Coachella e outros festivais, e isso é inquestionavelmente uma boa história, apesar de as motivações poderem ser questionáveis. Mas se assim o for, o filme reconta a experiência e dá aquela romantizada e aumentada, na linha história de pescador. Neste caso, estaria mais para “baseado em fatos reais” que para documentário.

Como o ponto de partida da história é de fato atrativo e tem um baita apelo – uma coisa meio Davi x Golias, fã comum x grande indústria do entretenimento – houve quem realmente comprasse a história lá nos States. Haney chegou a ser chamado de figura “inspiradora”. Então tá.

Agora é a sua vez de decidir se acredita no penetra dos festivais:

PS: se não ficar ok o áudio do vídeo abaixo, tente neste link aqui

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