Sair de casa, pegar o ônibus/carro/táxi, ver cinco bandas tocarem uma atrás da outra, pegar o ônibus/carro/táxi, chegar em casa, dormir. Pá-pum! Tá pronta a tarefa de curtir um festival, tão simples e rápido quanto passar no drive-thru de uma rede de fast food. Foi com essa sensação que saí do Circuito Banco do Brasil, que estreou sua segunda edição aqui em BH, no Mineirão, no último sábado (Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro também estão na rota do evento). Linkin Park, Panic! At the Disco, Titãs e Nação Zumbi formaram o lineup.

E olha só, vou te falar: que bom que existem festivais assim. Não é sempre que a gente está disposto a preparar um jantar super gourmet como o Roskilde – me lembro de eu e Gra separando um dia só para reconhecer território no festival; monitorando a fan page e tentando nos situar no mapa para descobrir para qual área teríamos que nos dirigir para achar lugar livre no acampamento (A23, G30, N44, WTF?); e tentando adivinhar se a quantidade de lanche comprado no supermercado daria para uma semana. A vida tem que ser simples de vez em quando, não é mesmo?

Só lamento que neste ano a simplicidade tenha sido maior, o que fez o Circuito BB ficar com menos cara de festival (estive na primeira edição, no Mega Space, no ano passado). Os três palcos que o evento trouxe na sua estreia, no ano passado, foram reduzidos para apenas um este ano, deixando o público com uns cinco shows a menos à sua disposição. Foi como se deparar com aquele hambúrguer amassado depois de ver aquele sanduíche robusto estampado na foto publicitária. A divisão do público em pista comum e pista premium também contribuiu para descaracterizar a atmosfera de festival. Uma das graças de estar em um festival é circular, dar aquele rolê pra ver “o que é que tem”, conferir o que está acontecendo em outro palco (que neste ano não existia), mas a separação por setores deixou o público meio engaiolado.

Filipe Marques/Divulgação
Filipe Marques/Divulgação

Não havia muitas razões para circular também, porque não havia quase nada além do palco. Se por um lado isso concentra o foco mais na música, por outro mostra como o festival se esvaziou mesmo de um ano para o outro, sem contar desta vez com a galeria de arte montada no ano passado, por exemplo. A competição de skate foi mantida, mas não vejo sentido em montar uma pista de skate exclusiva para competições e proibir o público de entrar com skates para usar o espaço enquanto os shows acontecem e, com isso, se envolver mais com a proposta do festival.

Diego Padilha/Divulgação
Diego Padilha/Divulgação

Pena também que esse fast food tenha fechado algumas filiais da rede por aí. O sul (Por Alegre) e o nordeste (Salvador), que no ano passado receberam shows do Circuito BB, ficaram fora da agenda este ano. Num país tão grande como o Brasil, bom é quando as coisas se espalham para todos os cantos. Como justificativa para o encolhimento do festival, a produção alegou que a Copa do Mundo e as eleições paralisaram muitos serviços no país, encurtando o tempo disponível para a organização.

Fica a torcida para que o Circuito BB volte mais bem resolvido no ano que vem. Em sua maioria, festivais no Brasil nascem, mal crescem e já morrem. Que este não seja mais um caso de morte precoce. O Circuito é um programa de fim de semana dos bons e tem apelo para agradar muita gente, assim como aquele combo refrigerante + batata-frita + hambúrguer.

PS: Os shows vão ser assunto de um outro post. Acompanhe a gente aqui 😉

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