Estava escrito na cartilha do Popload Festival, que acontece em São Paulo: a proposta do evento é privilegiar o conforto, a diversão e a proximidade entre público e artista. Como já disse aqui, a promessa de conforto foi cumprida. Agora é hora de checar outra promessa, a de proximidade entre público e artista. Rolou, e rolou muito, para o bem e para o mal. Teve bronca de banda nos fãs, teve fuck you, teve artista filando cerveja do público, teve muita sintonia e amor. Em detalhes:

1) A “bronca” do Lumineers na plateia e o momento banda “pop up”
A banda tocava os primeiros acordes de “Ho Hey”, seu maior sucesso, quando o vocalista Wesley Schultz parou de cantar e pediu que todo mundo abaixasse os celulares e deixasse de gravar a música para simplesmente curtir o momento. O pedido de Schultz parece ser recorrente nos shows da banda, pois já li relatos semelhantes de fãs em outras ocasiões. Nem todo mundo deu bola pro apelo, como sugere o vídeo abaixo.

Um pouco depois, em “Flapper Girl”, a banda protagonizou o momento mais ao pé da letra da tal proximidade público/artista. Schultz e o baterista Jeremiah Fraites tocaram a música no meio do público, em um palquinho pop up, improvisado em um tablado no centro da pista (foto acima). Como se não fosse o bastante, ainda durante a mesma música, Stelth Ulvang surgiu do nada com seu acordeão no camarote e distribuiu sorrisos para quem estava por lá.

2) Fuck you, flores e lições de amor de Cat Power
Tendo tocado nas duas noites do festival para cobrir o buraco deixado pelo Beirut, que cancelou sua participação de meia-hora, Cat Power foi do ódio ao amor com a plateia (ou parte dela) em seus dois shows.

Na primeira noite, saiu do palco repetindo “fuck you” várias vezes como resposta a um primeiro fuck you dito por alguém do público. Na segunda noite, terminou o show pedindo que os fãs se preocupassem em cuidar das pessoas, “não só as que você ama, mas as que amam você também”. Nas duas noites, como de costume, distribuiu flores para quem estava nas primeiras filas. O amor venceu, né?

3) A pausa pra cervejinha da moça do Icona Pop
O palco secundário do Popload Festival era propício para a proximidade entre público e artista. Não só porque era menor, como é natural de um palco secundário, mas porque era incrivelmente menor, em espaço super reduzido, mais baixo e com uma separação mínima entre a grade e o palco.

O Icona Pop aproveitou tanto essa característica que, em vários momentos, cedeu o microfone para os fãs soltarem o berro. Aino Jawo, uma das vocalistas, foi ainda mais exxxxperta e bebericou algumas vezes a cerveja de um fã que estava colado na grade.

Estando tão pertinho assim de todo mundo, a dupla sueca botou fogo na pixxta, fez um show ótimo para poucos (infelizmente) e presenteou o público com uma versão nada batida e com toques de dubstep de seu hit estourado, “I Love It” (pena que a galera que estava fazendo os vídeos não sacou a introdução diferenciada e só gravou a partir da parte conhecida da música).

4) A sintonia perfeita do Metronomy e dos fãs
Não teve número no meio do público, nem flor, nem cerveja compartilhada, mas teve uma ligação quase cósmica entre o Metronomy e o público. Teve coro, teve mãozinhas pro alto batendo palmas, teve muita dancinha, teve até meia-lua quebrada pelo vocalista Joseph Mount por causa de tanta empolgação.

Teve também muita vibração com o cover de “Here Comes the Sun”, música dos Beatles assinada por George Harrison, cujo aniversário de morte ocorreu no fim de semana do festival (a propósito, a reação a este cover foi bem mais calorosa que ao cover de “Subterranean Homesick Blues”, de Bob Dylan feito pelo Lumineers). Quem teve a ideia de colocar o Metronomy para fechar o festival estava com a intuição lá no alto.

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